A sanção presidencial que tornou a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) uma política permanente marca o maior avanço do dispositivo esportivo desde sua criação, há 19 anos. Isso porque a Lei Complementar n°222/2025 abre oportunidades inéditas para empresas que desejam investir em impacto social, reputação e legado por meio do esporte.
A medida permite que as empresas passem a operar com previsibilidade, construindo estratégias de investimento de longo prazo. Para o esporte, a LIE permanente garante fluxo contínuo de recursos, fortalece projetos e amplia o alcance social de organizações do terceiro setor.
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A partir de agora, os recursos provenientes da renúncia fiscal passam a ser aplicados de forma contínua em projetos esportivos e paradesportivos. Na prática, isso significa previsibilidade, segurança e capacidade real de planejamento para todos os agentes envolvidos. Para as empresas, essa mudança na LIE é mais do que um sinal de solidez jurídica, pois integra o investimento social ao planejamento das empresas e às decisões de negócio. O esporte torna-se um veículo ainda mais robusto para a construção de valor de marca e para a associação das corporações com mudanças sistêmicas.
LIE permanente muda o jogo para as empresas
A LIE permanente não deve ser lida apenas como uma vitória do esporte, mas como uma conquista social e empresarial. A partir de 2028, as empresas poderão doar até 3% do Imposto de Renda (IR) para projetos em geral e 4% para projetos esportivos e paradesportivos que promovam a inclusão social por meio do esporte, preferencialmente em comunidades em situação de vulnerabilidade social. Essas doações podem ser realizadas anualmente e com uma estruturação a longo prazo para alinhar investimentos sociais aos objetivos internos, garantindo a continuidade dos projetos apoiados.
O potencial das empresas brasileiras para utilizarem a LIE é muito maior do que o volume captado hoje. Há um espaço muito grande entre o que poderia ser investido por meio do incentivo fiscal e o que, de fato, chega aos projetos. Em um país em que a cultura de incentivo fiscal ainda anda a passos lentos, essa estabilidade tem potencial para diversificar as fontes de financiamento e descentralizar o desenvolvimento esportivo, chegando a regiões que historicamente os projetos não alcançam.
Agora, temos a possibilidade de ver um ciclo virtuoso ser criado e mantido. De um lado as empresas, que ampliam seu impacto social, de outro as entidades, que ganham condições reais de se fortalecer e expandir seus trabalhos.
Ao contrário do que muitos imaginam, incentivar o esporte não é apenas financiar atletas de alto rendimento. Precisamos de mais empresas que compreendam o esporte como uma política pública de desenvolvimento humano e que reconheçam que, ao subsidiar projetos, fortalecem o ecossistema esportivo e se posicionam como agentes reais de transformação social. Empresas que buscam gerar valor nas comunidades onde atuam e que encontram na ferramenta legislativa oportunidades de transformar vidas e fortalecer sua reputação institucional com métricas, evidências e resultados que podem (e devem) ser reportados em seus relatórios de sustentabilidade.
O que se inaugura agora é uma era em que as marcas passam a enxergar o esporte como ativo estratégico. Falamos sobre construir legados coletivos, fortalecer comunidades e participar da formação de uma nova geração de jovens. As portas estão abertas para que as empresas assumam o papel de protagonistas dessa transformação, e a sociedade já começa a esperar isso delas.
O artigo acima reflete a opinião do(a) colunista e não necessariamente a da Máquina do Esporte
Gerson Fonseca é fundador e diretor da Fonseca Projetos, que trabalha na idealização, gestão e execução de projetos incentivados com impacto social, atuando na intersecção entre o setor privado, terceiro setor e o poder público
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