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A última fronteira para o futebol e seu ecossistema de marcas

Sequência das Copas do Mundo de Clubes e de seleções pretendem ser o movimento que faltava para lançar definitivamente o futebol nos corações e mentes dos Estados Unidos

Crescimento do futebol nos EUA é real e consistente, mas modalidade ainda não faz parte da identidade nacional como no Brasil - Reprodução

A Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025, realizada recentemente e vencida pelo Chelsea, e a Copa do Mundo de 2026 (que será disputada também no Canadá e no México) pretendem ser o movimento que faltava para lançar definitivamente o futebol nos corações e mentes dos Estados Unidos.

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Será que dessa vez vai? Para os leitores mais velhos, esse papo já acontecia em 1994 quando a Copa do Mundo foi realizada por lá e vencida pelo Brasil, bem como nos anos 1970, quando Pelé e um grande número dos melhores jogadores do mundo foram jogar no país. Serão 2025 e 2026 os anos que darão o impulso definitivo ao esporte na terra do Tio Sam?

Os fãs de futebol e todo o ecossistema de marcas que o acompanham esperam que sim. É uma aposta, mas como já disse Warren Buffet: “não aposte contra a América”.

Marcas globais como Adidas, Nike, Coca-Cola, New Balance, Heineken, Pepsi, Budweiser, Rexona, McDonald’s, Burger King, Toyota, Chevrolet (ufa, a lista não termina) e mesmo as regionais, como Vodafone e Claro, podem estar diante de uma oportunidade de ouro para estabelecer novas conexões e fortalecer antigas com os consumidores.

Para fazer justiça, o futebol já está presente (e muito) nos EUA. Ele se enraizou firmemente com a Major League Soccer (MLS), quebrando recordes de público, expansão e engajamento. E, aos poucos, o futebol se tornou uma oportunidade multicanal durante todo o ano para os profissionais de marketing.

Ao contrário de outras grandes ligas esportivas tradicionais nos Estados Unidos, como NFL, NBA e MLB, o futebol oferece um calendário repleto de grandes eventos que mantêm os fãs engajados e animados o ano todo. Cerca de 56% dos torcedores de clubes de futebol afirmaram que os grandes torneios sediados na América do Norte os deixam muito mais interessados em assistir a jogos, de acordo com uma pesquisa da Vision Research Reports.

Popularidade sem precedentes

Tudo isso se soma para conferir um impressionante momento de destaque para o futebol de clubes na América do Norte, onde a popularidade do esporte já atingiu seu auge histórico. O público da MLS ultrapassou 12 milhões de torcedores em 2024. Entre as ligas de futebol do mundo, apenas a Premier League (Inglaterra) ostentou maior público total.

Além disso, refletindo e alimentando o interesse dos torcedores, o futebol tornou-se onipresente na mídia norte-americana. Em 2024, houve apenas 14 dias sem jogos de futebol transmitidos em algum lugar da TV nos EUA.

O negócio das marcas

Marcas que agirem rapidamente poderão explorar um ecossistema em ebulição e pronto para um crescimento exponencial. Enquanto Canadá, México e Estados Unidos se preparam para sediar o maior evento esportivo do mundo no ano que vem, os fãs de futebol tiveram um aperitivo nos últimos meses de junho e julho, quando clubes do mundo todo e seus jogadores espetaculares entraram em campo nos EUA, em estádios mais relacionados ao futebol que se joga com as mãos, para disputar a Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Difícil encontrar plataforma melhor para quem precisa construir suas marcas.

A aposta das bets

Com o perdão do pleonasmo acima, um ponto interessante para acompanharmos será o comportamento das bets em um mercado que, sim, enxerga o jogo como indústria de entretenimento, empregadora e pagadora de impostos, parte integrante da sociedade, mas que mantém uma vigilância importante para evitar a utilização das fraquezas do ser humano em benefício de marcas comerciais.

No Brasil, onde 9 de cada 10 equipes de futebol têm alguma relação com uma marca de apostas, e os canais de TV estão agradecidos por terem uma indústria a mais para vender suas cotas de patrocínio, tem sido e continuará sendo mandatório acompanhar como as bets participarão da festa norte-americana do futebol, tanto de clubes como de seleções.

A história está sendo escrita. E é curioso acompanhar esse movimento tão de perto.

Heitor de Vargas Cavalheiro Neto é professor de Marketing e Empreendedorismo no curso de Administração de Empresas da ESPM

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