Desde 2005, em 19 temporadas no Brasil, a Porsche Cup realizou 452 corridas. A última delas, realizada no início deste mês, em Goiânia (GO), foi vencida por Antonella Bassani.
Foi a primeira vitória de uma mulher na categoria dos carros mais produzidos no planeta. E veio em grande estilo, de ponta a ponta.
Carismática, a adolescente catarinense desembarcou de sua máquina e, com extrema personalidade, lacrou com um largo sorriso metálico:
“Eu ainda não tenho noção do tanto que isso representa. No Velocitta, fiz a primeira pole de uma mulher na Porsche Cup Brasil, e, agora, uma vitória. Isso é para provar que lugar de mulher é onde ela quiser”.
Mas se a primeira vez de uma mulher na Porsche Cup levou quase duas décadas e mais de 450 corridas, os sinais que vêm das pistas brasileiras em 2023 indicam que outros triunfos femininos não tardarão tanto daqui pra frente.
Nunca a participação feminina no esporte a motor de primeira linha foi tão expressiva quanto na temporada atual.
Além de Antonella, de 17 anos de idade, correndo com as cores da Mobil 1 e pioneira integrante do Young Racing Academy lançado pela Porsche Cup em 2023, outras mulheres brasileiras despontam nas pistas.
A Shell tem Aurelia Nobels correndo de F4 na Itália pela laureada equipe Prema e status de integrante da Ferrari Driver Academy, tópico já abordado neste espaço.
Aurelia fez a F4 Brasil em 2022 e deu exemplo para outras meninas. Não por acaso, são duas competidoras no grid atual da categoria: Cecilia Rabelo, na Caveleiro Sports, e Rafaela Ferreira, na TMG Racing.
Na Stock Series, categoria de acesso à Stock Car, há outras duas pilotas acelerando neste ano: a paranaense Kaka Magno e a catarinense Bruna Tomaselli.
Na Copa Truck, também pela primeira vez na história, temos duas competidoras. Neste ano, a eterna Debora Rodrigues recebeu a companhia de Bia Figueiredo.
E a vez delas não chegou apenas dentro dos carros de corrida.
Fora das pistas, em iniciativas de visibilidade como o programa Girls On Track, mais e mais mulheres têm ocupado diversos papéis em toda a cadeia produtiva do esporte a motor.
O mercado automotivo já identificou, há tempos, que as mulheres são mais decisivas que os homens na decisão de compra dos veículos das famílias. Além disso, uma pesquisa promovida pela Webmotors sobre hábitos de consumo no mercado de veículos novos e usados no Brasil constatou, no fim do ano passado, que o público feminino que pretende trocar de carro em até um ano é 10% maior que o masculino.
Em 2023, o Brasil desfruta da maior presença feminina na história do automobilismo. É uma formidável janela de oportunidade para novas marcas ingressarem no nicho e para os atuais patrocinadores se conectarem com outro público que é tão importante para a indústria.
A vitória de Antonella Bassani e o fato de termos outras meninas acelerando de igual para igual já deixaram claro que não precisa ser marmanjo para competir de carro. Chegou a vez delas. Quem vai aproveitar?
Luis Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre esporte a motor