A pergunta sobre o próximo brasileiro na Fórmula 1 é recorrente entre os entusiastas do esporte a motor. Mas a resposta não é fácil. Nos dias atuais, com apenas 20 cadeiras no grid da categoria rainha, pilotos vinculados às academias de desenvolvimento desde o kart, competidores e patrocinadores do mundo todo interessados, não basta talento para ter uma oportunidade.
Nesta terça-feira (27), o anúncio do argentino Franco Colapinto para o restante da temporada na Williams é um exemplo de um esforço conjunto em prol do objetivo comum de ter um representante nacional no grid mais concorrido do planeta.
Colapinto já mostrou velocidade e talento na Fórmula 3 e na Fórmula 2. Mas brasileiros nessas categorias também o fizeram em temporadas recentes, casos de Felipe Drugovich, Caio Collet e Gabriel Bortoleto.
Por que, então, o argentino tem uma oportunidade que não se apresentou para os outros?
Não é uma resposta simples e são inúmeros os fatores envolvidos, entre eles as seguidas e custosas batidas do norte-americano Logan Sargeant, que acaba de ficar a pé para dar a vez ao argentino.
Mas merece atenção entendermos como a Argentina se uniu em prol do projeto Colapinto na F1. Ele conta com patrocínios de empresas locais públicas e privadas.
Há marcas tradicionais como a cerveja Quilmes, a papeleira Celulosa Argentina e a petroleira YPF (que tem 51% de seu capital nas mãos do Estado Argentino). Além delas, Colapinto também tem em seu rol de apoiadoras a inovadora do setor de tecnologia Globant, a companhia aérea low cost Flybondi e a empresa de presentes on-line Bigbox.
O esforço do piloto argentino para prosperar em um mercado caro e competitivo como a escalada de monopostos desde o kart até a F1 contou também com um padrinho pop, o DJ e produtor musical argentino Bizarrap.
Dessa forma, assim como foi na Copa do Mundo do Catar 2022, com um time unido e motivado em prol de um objetivo comum, os argentinos chegaram lá depois de 23 anos longe da categoria rainha. Isso ilustra que é possível também para os brasileiros. Mas também mostra que é necessário galvanizar apoio de um “pool” variado de empresas, incluindo também companhias estatais.
Luis Ferrari é sócio-fundador da Ferrari Promo, agência-boutique com ênfase no mercado do esporte a motor, e possui formações em Jornalismo e Direito, extensão universitária em Marketing e pós-graduação em Jornalismo Literário, além de ser empresário de relações públicas e diretor de marketing e comunicação do Club Athletico Paulistano. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte