A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acaba de conseguir, com um atraso de 11 anos, marcar o primeiro “gol” do futebol brasileiro depois do 7 a 1. A imposição de um novo formato de competições e número de datas para os campeonatos, criando um calendário um pouco mais racional para o futebol do país, foi a primeira grande boa notícia da CBF em mais de uma década.
Primeiramente, uma coisa precisa ficar clara. Não existe uma solução única para adequar o calendário do futebol brasileiro. Mas, do jeito que estava, ele era um modelo que praticamente não era bom para ninguém.
O que a CBF acabou de fazer na manhã deste 1º de outubro de 2025 foi iniciar um processo de mudança que deveria ter acontecido no dia seguinte ao 7 a 1.
O maior mérito no calendário anunciado pela entidade foi o de não contemplar as necessidades de apenas parte dos clubes. De certa forma, o que a CBF fez foi olhar para o todo e tentar dar um pouco de remédio para tentar amenizar cada uma das muitas dores que cada entidade tem.
Para se ter uma ideia, no relatório em que apresenta as justificativas para as mudanças, a CBF mostra que existem, hoje, 882 clubes filiados a ela. Como entidade nacional, ela precisa, em tese, olhar para quase 900 clubes e decidir como tentar contemplar, ao máximo, a necessidade de cada um deles.
Nas competições nacionais, porém, apenas 14% desse contingente está presente atualmente, o que representa 124 clubes em quatro divisões nacionais, além da Copa do Brasil. É muito pouco. Ou é muita gente para pouco futebol de fato profissional no país.
A iniciativa Robin Hood da CBF
Sendo assim, no cenário maior, a redução de datas dos Estaduais, o alongamento do Brasileirão em praticamente 10 meses em vez dos oito que vinham sendo usados, e a permissão para os times da Série A entrarem só na fase derradeira da Copa do Brasil adequam as necessidades de quem está na elite do futebol nacional.
É um modelo “Robin Hood” de pensar o calendário, tirando datas dos grandes para dar aos pequenos ao mesmo tempo que se usa a força comercial das equipes de maior apelo para financiar fases iniciais de torneios e, assim, dar mais fôlego financeiro a times menores.
O que mais surpreende, em todo o contexto, é saber que a CBF só foi se mexer agora, sob nova direção, depois de uma década de abusos e maus tratos da cartolagem no pós-Ricardo Teixeira.
O mérito da entidade foi entender a necessidade econômica de clubes grandes, médios e pequenos para tentar achar soluções que pudessem agradar um pouco cada um deles.
O novo calendário não vai sanar, da noite para o dia, as diferentes realidades do futebol do país. Mas, pela primeira vez em muitos anos, a política foi deixada de lado na CBF, que olhou como o melhor negócio nem sempre está atrelado a agradar aos outros.
Podemos dizer que o Brasil acaba de fazer um gol na Alemanha. Quem sabe a virada comece a partir de agora…
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