Entre os dias 11 e 15 de março, o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) lançará a primeira edição do CBC Expo, uma feira de esporte que reunirá clubes e ligas para debater temas relacionados à gestão esportiva e voltados à formação de atletas. Essa iniciativa traz novamente a reflexão sobre esse mercado tão relevante para o desenvolvimento do desporto nacional, com impactos esportivos e socioeconômicos, diretos e indiretos, na sociedade. Atualmente, o CBC possui mais de mil clubes associados que contribuem para a formação de jovens talentos, em dezenas de modalidades olímpicas, os quais representam o país nas principais competições internacionais, incluindo Mundiais e Olimpíadas.
Na coluna “O Brasil esportivo é dos clubes”, publicada em outubro do ano passado aqui, na Máquina do Esporte, foi destacado o papel fundamental dos clubes na performance brasileira em Paris 2024, porém a coluna de hoje abordará a força dos clubes como mercado consumidor para as marcas que ainda não despertaram para esse potencial.
Atualmente, somente o ecossistema do CBC abrange 1.434 clubes sociais esportivos, considerando-se os filiados, vinculados e aspirantes. São Paulo lidera entre os estados com 276 clubes, seguido de Santa Catarina (149), Paraná (147), Rio de Janeiro (87), Rio Grande do Sul (78), Minas Gerais (71), Ceará (46) e Mato Grosso do Sul (46).
Muitos desses clubes associados ao CBC são reconhecidos pela história, tradição, quadro de sócios e solidez financeira, tais como Pinheiros, Minas Tênis Clube, Paulistano, Praia Clube, Clube Curitibano, Sogipa, Tijuca Tênis Clube e Recreio da Juventude, além dos clubes de futebol que também possuem sedes sociais esportivas como Flamengo, Corinthians, Vasco, São Paulo e Botafogo, entre outros.
Tomando-se como base esse cenário, uma pesquisa inicial traz números impactantes: somando-se apenas os oito clubes sociais esportivos citados acima (sem conexão com o futebol), o tamanho do mercado consumidor supera 200 mil pessoas com alto poder aquisitivo. Segundo estudos da Tendências Consultoria, publicado pela InfoMoney (2022), o Brasil possui 2,8% de classe A e 13,2% de classe B na população brasileira. Pesquisas internas de alguns clubes mencionados aqui projetam mais de 80% de seu quadro de associados pertencentes às classes AB.
Então por que as marcas não olham para esse mercado? Provavelmente porque nunca estudaram os dados de forma mais estruturada e não aprofundaram análises para traçar ações estratégicas voltadas para esses clubes sociais. Alguns sinais indicam uma mudança nesse quadro, como o crescimento na presença de farmácias, spas, lojas de roupas esportivas, lavanderias, escolas de línguas e lojas de viagens em diversas unidades dos clubes sociais. Ainda assim, considerando-se o tamanho do mercado consumidor nesses ambientes, é surpreendente como diversas empresas com produtos e serviços para as classes AB resistem às técnicas tradicionais de comunicação e marketing.
Com base nas informações do site do Pinheiros, o clube possui 39 mil sócios, sendo 87% da classe A, e é vizinho do Shopping Iguatemi, tradicional centro de compras de luxo de São Paulo (SP), cujo fluxo atinge 1,1 milhão de pessoas por mês. Dos 82 mil sócios do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte (MG), mais de 80% são da classe A, que geraram mais de 3 milhões de acessos em 2024, o que corresponde a aproximadamente 3 meses da circulação do Shopping Iguatemi, na movimentada Avenida Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista.
Fazendo-se uma analogia com grandes eventos, a maioria desses clubes sociais recebem mais consumidores por mês do que uma edição do Rio Open de Tênis, uma corrida da Fórmula 1 no Autódromo de Interlagos ou a Corrida Internacional de São Silvestre. Por ano, é como se o Paulistano, o Pinheiros ou o Minas recebessem, cada um, três vezes o público do Rock in Rio.
Esses números deveriam despertar a atenção de qualquer profissional de marketing ou agência de publicidade. E ainda deve-se acrescentar a essa provocação outros benefícios, como o tempo de permanência de um consumidor dentro do clube, a tranquilidade de um ambiente seguro e a frequência de retorno ao mesmo ambiente de contato e comunicação.
As festas populares (Juninas, Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversário dos clubes) são outro momento de concentração de consumidores dentro dos clubes sociais, em que as famílias buscam interação social e experiências positivas que ampliam as possibilidades para degustações. Mas a principal força gira em torno das atividades esportivas que abrangem desde as crianças em escolinhas de iniciação até o lazer esportivo praticado por amadores da terceira idade, passando pelos jovens, adolescentes e adultos. São milhares de consumidores para todo tipo de produto esportivo, que despertaram a atenção da Track&Field, por exemplo.
Para quem tiver interesse de conhecer um pouco mais sobre os clubes sociais esportivos do Brasil, aproveite a oportunidade da Expo CBC, retire o acesso gratuito nos links abaixo e conecte-se com esse amplo mercado consumidor do esporte.
11/03: CONVIDADO11
12/03: DAYPASS12
13/03: CONVITE13
14/03: DIALIVRE14
15/03: INGRESSO15
Alvaro Cotta é diretor de marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB)