Na última semana, um vídeo da NBA viralizou. Desta vez, não foi uma grande enterrada, um toco espetacular ou mais um arremesso emocionante nos últimos segundos que definiu uma virada de placar. O vídeo viralizado apresenta um evento prévio ao All-Star Game 2023, em que o comissário Adam Silver apresenta a mais nova ferramenta de inteligência artificial (IA) para as transmissões ao vivo no aplicativo da liga.
No palco do evento, Adam Silver convocou uma das pessoas que está na plateia. Em seguida, o comissário escaneou o corpo do convidado com um celular. Instantes depois, Adam abriu a transmissão de uma partida em um telão, escolheu um dos jogadores em quadra e substituiu a imagem do jogador pela escaneada da pessoa que estava na plateia. A partir daquele instante, todas as ações em quadra daquele atleta passaram a ter a imagem do convidado.
A ferramenta anunciada por Adam Silver mostra uma enorme evolução das possibilidades de inteligência artificial em uma transmissão ao vivo. Em outubro de 2019, vi uma apresentação da empresa Second Spectrum, que trabalha para grandes ligas, como NBA, Premier League e MLS. Há cerca de três anos e meio, o material apresentado já me surpreendeu muito. À ocasião, Rajiv Maheswaran, fundador da companhia, exibiu alguns exemplos muito interessantes, como possibilidades de customização das transmissões para diversos públicos distintos: inserção de animação para crianças, de estatísticas individuais e coletivas para os fãs que apreciam dados, entre outras.
De animações e estatísticas a substituição da imagem de um jogador por um torcedor, é impressionante a velocidade em que a inteligência artificial acelera e apresenta novidades espetaculares cada vez mais. Em tempos de enorme oferta simultânea de conteúdo on demand, as modalidades e ligas que querem se manter próximas, ou se aproximar, do público mais jovem terão necessariamente que embarcar no foguete que é a IA.
Com as inúmeras possibilidades de customização apresentadas pela inteligência artificial, as transmissões esportivas ao vivo se transformam de vez e tendem a agradar muito mais o público mais jovem. O modelo que estamos acostumados a acompanhar há décadas, em que o espectador apenas vê o jogo, ouve o que jornalistas e ex-atletas falam e tem pouquíssima oportunidade de interação (e apenas por meio indireto), já é pouco atrativo a quem pertence às Gerações Z e Alpha.
Praticamente nascidos com smartphones nas mãos, os mais jovens produzem o seu próprio conteúdo. Além disso, estão acostumados a personalizar qualquer navegação por plataformas digitais e a consumir conteúdo quando e bem entendem. Com toda a tecnologia e capacidade de inovação e customização, a inteligência artificial é, sem dúvida, o melhor dos caminhos para ligas e modalidades que desejam rejuvenescer as transmissões esportivas ao vivo e se (re)aproximar do público jovem.
André Stepan é jornalista, pós-graduado em marketing esportivo, especialista em comunicação e conteúdo digital, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte