A minha ideia pra essa coluna era falar sobre a minha experiência cobrindo o US Open. Depois de 23 anos, voltei a acompanhar um Grand Slam de tênis profissionalmente. Achei que seria legal contar pra vocês sobre isso. Mas aí apareceu a Taylor Swift.
Eu ia explicar como consegui entrar no complexo de Roland Garros, em Paris, no ano de 2000, com um gravador gigante e um microfone porque convenci o segurança de que, assim como tinha gente que era apaixonada por fotografia, eu era apaixonado por som. Em 2023, no US Open, resolvi tudo com o meu celular e não precisei convencer ninguém de nada para fazer o meu trabalho.
Mas aí a Taylor Swift resolveu ir a um jogo do Kansas City Chiefs e virou o assunto do mês no esporte americano. A maior artista pop do momento está em uma relação com o craque Travis Kelce. E a NFL conseguiu o que parecia impossível: ficar ainda mais popular.
Eu queria lembrar como a experiência em Roland Garros há mais de 20 anos tinha sido focada no jogo de tênis e na tradição, enquanto o US Open de 2023 teve muito mais música, tecnologia e ativações, com marcas presentes em todos os cantos do complexo.
Mas Taylor Swift, em apenas um jogo da NFL, aumentou as vendas das camisas de Kelce em 400% e fez com que o já popular tight end dos Chiefs ganhasse quase 400 mil seguidores no Instagram.
Outra coisa que eu queria contar sobre a minha experiência em Grand Slams com 23 anos de diferença é a minha sorte de ter visto Gustavo Kuerten campeão de Roland Garros em 2000 e João Fonseca campeão do US Open Júnior em 2023. Acho que realmente dou sorte.
Mas a Taylor Swift conseguiu um aumento de 63% na audiência feminina entre 18 e 49 anos. Há anos, a NFL vinha tentando atrair esse público que ainda não tem com Shows do Intervalo do Super Bowl voltados pra essa fatia da audiência.
Enfim, fiz essa brincadeira porque queria falar dos dois assuntos. O US Open foi uma experiência incrível que me deu a certeza de que os americanos ainda conseguem fazer eventos divertidos como poucos.
Mas a Taylor Swift não podia ser ignorada. Ela tem um poder incrível de atrair e engajar o público jovem, principalmente o feminino. E o esporte pode sempre se beneficiar disso para atrair novos públicos, desde que essas conexões sejam orgânicas. Resta saber quanto desse interesse irá se consolidar e permanecer. Aí é trabalho para a NFL.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte