Parecia um sonho distante. E era, realmente. Depois que o Al-Hilal anunciou não contar mais com Neymar, surgiram especulações sobre Barcelona, Inter Miami, Flamengo… e o Santos enxergou uma oportunidade, ainda que mínima, de repatriar o “Menino Ney”. Poucos acreditavam, mas o Santos mantinha a esperança.
Não sei detalhes nem tenho informações sobre a negociação e os acordos que fizeram Neymar desembarcar na Vila Belmiro (hoje Viva Vila Sorte) no último dia de janeiro. Fala-se até de uma proposta do pai de Neymar para a compra a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Santos. Mas o fato é que Neymar chegou ao Brasil sorrindo, voltou aos gramados feliz, fez explodir as redes sociais e o programa Sócio Rei, e já marcou até gol olímpico.
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O craque voltou para vestir a icônica camisa 10 do Santos, sonhando reviver os seus momentos de “Menino da Vila” e fazendo o torcedor santista sonhar também com dias melhores.
E, como era de se esperar, Neymar fez as vendas de camisas voarem, forçando a Umbro a ativar o botão de emergência para atender a uma enorme demanda. A empresa já anunciou, inclusive, que lançará uma camisa azul, marcante em 2012, como parte das homenagem ao retorno do camisa 10.
Enfim, a marca vendeu muitas camisas, ainda venderá muitas outras, mas vamos ficar só nas camisas?

Procurei na internet notícias e informações, mas todas, absolutamente todas, só falam das vendas de camisas. Só camisas. Mais nada.
Não vou ser injusto. Claro que isso é uma provocação. Até porque entendo que o Santos não teve tempo de respirar, de pensar ou montar qualquer estratégia focada em outros produtos com a avalanche Neymar. Mas, lembrando de outros momentos recentes da chegada de astros internacionais ao país (David Luiz, Thiago Silva e Phillipe Coutinho, entre outros), não se pode perder uma oportunidade dessas. Ainda mais sendo quem é.
Neymar merece um plano parrudo do clube e dos parceiros para o lançamento de mais produtos, como itens colecionáveis, por exemplo, pensados para fãs de todas as idades, que o conectem com seus milhões de admiradores. É preciso aproximar o craque do público.
Torcedor acha camisa, acha boné, quer a camisa nova que é lançada a cada seis meses, encontra a tábua de churrasco, a caneca e o chinelo na loja oficial. Mas o fã, não. O fã quer ter em casa algo que simbolize emoção, que traduza a admiração e a relação que ele nutre pelo seu herói, quer ter algo mais especial, mais exclusivo, até único muitas vezes.

Sempre fui muito crítico (e por isso fundamos a Memorabília do Esporte) de que o mercado brasileiro não enxerga ou tem preguiça de entender o potencial do fã, trilhando, assim, o caminho mais fácil e simples de espalhar produtos pouco interessantes ou ruins nas lojas oficiais e no e-commerce. De novo: fã e torcedor são coisas muito diferentes.
Não é querer vender o meu peixe (com o perdão do trocadilho), mas pensar em séries de cards, miniaturas, medalhas, quadros, coleções e séries limitadas, autografadas, certificadas, peças originais, enfim, itens que tragam conexões autênticas de Neymar com seus fãs, é fundamental. Novamente: falando de fãs, não de torcedores.
Neymar é o maior ídolo brasileiro dos últimos 10 anos. Gostem ou não. Sua volta ao Brasil, a pouco mais de um ano para a Copa do Mundo, é a chance de aproximar o camisa 10 dos brasileiros, de recuperar essa sintonia. A distância dos últimos anos só fez mal à relação com a torcida, e aproveitar essa oportunidade é mais do que necessário. É obrigatório.
Nota: Santos e Neymar atuam juntos na coleta e cessão de itens únicos para o leilão anual do Instituto Neymar Jr (INJR). Foi assim com a camisa e as chuteiras usadas pelo craque em seu primeiro jogo neste retorno, contra o Botafogo-SP, e com o seu armário no vestiário da Vila Viva Sorte, entre outros. Os valores arrecadados ajudam a financiar os projetos sociais do INJR.
Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom) e cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte)