No início de fevereiro, a National Football League (NFL) comemorou 113 milhões de espectadores no Super Bowl, a final do futebol americano, que é considerado o grande jogo da temporada. O evento é recordista de audiência todos os anos e tem os comerciais mais caros da televisão, uma prova da imensa popularidade da liga e da modalidade, registrada durante toda a temporada com grandes públicos nos estádios e excelentes audiências na TV.
Agora, o football só volta em agosto com jogos da pré-temporada, e o período sem partidas é quase um martírio para os fãs do mundo todo. A fome por NFL é tanta quando chega a temporada que a liga recentemente aumentou a temporada regular e os playoffs com grande sucesso, incrementando também a já impressionante receita que estava em aproximadamente US$ 18 bilhões em 2022.
Parece então óbvio que qualquer produto que a NFL colocar à disposição durante a temporada será um sucesso absoluto. Se ainda por cima contar com algumas das principais estrelas da liga, é sucesso na certa. Não é? Bom, não é bem assim quando se trata de um produto específico que a NFL parece não conseguir fazer decolar: o Pro Bowl.
Disputado uma semana antes do Super Bowl entre os melhores jogadores da liga, com exceção daqueles que estão envolvidos na grande decisão, o Pro Bowl é o equivalente ao jogo das estrelas na NFL. Ser um Pro Bowler é motivo de reconhecimento e orgulho para os atletas. Mas jogar o Pro Bowl é outra história.
Já perguntei isso para muitos dos especialistas em futebol americano com quem tive o prazer de conversar. Uma das respostas mais comuns é a falta de competitividade. Quando não é jogado no limite, o football perde mais a graça que outros esportes. E ninguém se arrisca no Pro Bowl, mesmo que seja o final da temporada.
Depois de tentar colocar o foco na festa ou nos desafios de habilidades ao longo do fim de semana, a NFL dessa vez tentou usar o flag football, uma forma de praticar o esporte sem contato. Ainda seria possível ver ali alguns passes e recepções, mas faltam elementos básicos para o apelo que tem o futebol americano.
É incrível pensar que uma liga que tem alguns dos executivos mais bem pagos do esporte americano e um dos produtos mais fortes do esporte global não é capaz de resolver esse problema. O que fica claro com o Pro Bowl é que é possível explorar um bom evento esportivo com todos os elementos usados na promoção de um show, mas não é possível criar um show e tentar vendê-lo como esporte.
Tenho minhas dúvidas se alguém realmente notará se a NFL esquecer de colocar o Pro Bowl no calendário da próxima temporada.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte