Sai ano e entra ano e continuamos vendo as mesmas cenas de invasões de campo, briga entre atletas e apedrejamento das instalações. Recentemente tivemos o desprazer de ver a cena de um invasor de campo, com uma criança de colo, agredindo atletas e seguranças. É preciso se fazer algo urgente!
Os novos modelos de estádios e arenas, que proporcionam condições mais modernas, assentos individuais e com aproximação do público ao gramado melhoraram muito a experiência do torcedor, mas também levantaram o questionamento sobre a segurança e comportamento dos torcedores e atletas.
Em primeiro lugar é preciso ofertar todas as condições de segurança e conforto aos espectadores. Sei, por experiência própria, que os gastos de operação de uma simples partida a um clássico oneram muito os cofres do clube, principalmente o item segurança. Mas, os serviços essenciais não podem ser ignorados ou subestimados.
Ainda temos muitos clubes que tem sua maior fonte de receita nos ingressos vendidos. Mas, mesmo com todas as dificuldades financeiras é preciso ter a responsabilidade de oferecer um bom serviço, e não só colocar o torcedor para dentro do estádio.
Várias ações podem ser implementadas para melhorar as condições de realização de um evento esportivo, como contratar equipe e líderes especializados e treinados em operações de eventos esportivos, apoio das forças públicas com efetivos ou inteligência, além de analisar e estudar incidentes anteriores, próprios ou acontecidos em outras praças. Esses estudos podem ajudar a determinar qual solução e estratégia funcionará melhor para cada tipo de situação.
E não podemos deixar de conhecer e ter informações dos torcedores e seus “termômetros de emoções”. Um exemplo da importância desse conhecimento, foi o reconhecimento do invasor, que citei no início da coluna, que foi rapidamente punido por parte do clube, além dos possíveis processos civis e criminais que terá que responder.
As leis existentes precisam sem aplicadas para ajudar todo processo. O Estatuto do Torcedor, as esferas cíveis e criminais precisam estar atuantes. Também é preciso analisar o comportamento daqueles que fazem o espetáculo: atletas, comissões técnicas e dirigentes. Se eles não forem os primeiros a dar exemplo de fair play, torna a situação muito difícil para quem está administrando a partida. Do mesmo jeito que os torcedores absorvem o espírito de garra, alegria e emoção do jogo, eles também absorvem toda a revolta do técnico, raiva do atleta e o espírito de guerra.
Resumindo, a partida vira um barril de pólvora. Operar um jogo assim é de uma tensão absurda.
Uma sugestão que pode ajudar é comprometimento de federações e clubes em oferecer regularmente palestras educativas e encontros com profissionais (psicólogos e orientadores) aos seus atletas, comissões e dirigentes. Eles precisam estar conscientes que suas atitudes podem causar situações trágicas e irreversíveis.
Algo precisa ser feito urgentemente, pois, cada vez mais, os torcedores tendem a decidir que assistir aos jogos não é mais tão divertido, e sim um sacrifício, o que os leva a ficar em casa e assistir aos jogos na televisão. Não é mais o momento de discutir o “raiz” ou o “Nutella”, mas pensar em soluções e práticas para tonar o jogo um entretenimento seguro.
Kleber Borges é presidente da Associação Latino-Americana dos Gestores de Instalações Desportivas (Alagid) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte