Quando vamos a qualquer evento esportivo, criamos uma expectativa sobre a experiência que encontraremos. Normalmente, a ansiedade de chegar ao local está associada ao jogo ou a um atleta, sejam eles de preferência pessoal ou pela simples grandeza da performance esportiva.
Nas últimas colunas, fiz reflexões sobre a importância das ativações e como as marcas patrocinadoras do esporte no Brasil assimilaram os aprendizados dos grandes eventos no país: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016.
Foi com esse objetivo que, após alguns convites gentis do amigo Ivan Martinho, presidente da World Surf League (WSL) na América Latina e, assim como eu, também colunista da Máquina do Esporte, consegui organizar minha agenda para conhecer e prestigiar o Vivo Rio Pro, etapa do Circuito Mundial de Surfe, em Saquarema (RJ), atualmente o maior evento da modalidade no mundo, realizado no final de junho. Aproveitando a oportunidade do convite, mobilizei a família (esposa e duas filhas) para passarmos um fim de semana diferente. Influenciado por notícias e comentários de amigos sobre edições passadas, fiz a mala com roupas de praia e uma boa dose de expectativa.
A programação de uma etapa da WSL inclui uma janela de 11 dias dentro da qual são necessários de três a quatro dias com boas ondas para que a agenda esportiva da competição seja concluída com conforto para os mais de 30 atletas. E foi essa característica incontrolável da meteorologia que tornou os primeiros dias do Vivo Rio Pro um “lay day”, que significa dia sem competição. Logo na chegada à praia, fomos informados de que o dia havia sido cancelado, ou seja, o mar não apresentou ondas adequadas para que os melhores atletas do mundo pudessem competir.
No primeiro contato visual com o evento, assim que pisamos na areia da Praia de Itaúna, fomos impactados por uma estrutura gigantesca montada para entreter o público, os fãs e os curiosos, com uma atmosfera vibrante, divertida e amigável. Mesmo em um dia com a competição cancelada, foi possível perceber a cultura do surfe no comportamento dos milhares de fãs espalhados pela praia, agraciados com a presença do campeão olímpico e mundial Italo Ferreira, que se esforçava para apresentar malabarismos com sua prancha em pequenas ondas.
Obviamente, o grau de experiência e engajamento do público em dias “on” (quando as provas ocorrem) e em dias “off” (quando não há competição), na gíria do público, é diferente. Todavia, durante as mais de seis horas em que permanecemos no evento, tivemos a oportunidade de presenciar uma oferta de atividades que preencheram o tempo de todos os convidados e torcedores. Um cronograma que realizou um tour nos bastidores a cada 60 minutos e que presenteou convidados que foram conduzidos pelo próprio Ivan Martinho, explicando cada detalhe da operação; a Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira (FAB) sobrevoou os céus com espetáculos e acrobacias dos aviões despejando cores no ar que simulavam pinturas como se fossem uma arte em um quadro infinito; estandes de patrocinadores ofereceram diversas atividades interativas, brincadeiras e simulações em pranchas mecânicas para participação dos fãs; e diversas marcas também distribuíram brindes para o público, enquanto uma miniarquibancada recebeu alguns atletas da WSL para sessões de fotos e autógrafos.
Além disso, no fundo da vila produzida sobre a areia, um palco montado para shows reforçou o espírito praiano com músicas durante a programação do dia. E uma praça de alimentação atendeu as pessoas com cardápios distintos e variedade de produtos e comidas.
O espaço de hospitalidade, por sua vez, contou com uma área vip espaçosa com acomodação para famílias, adultos, crianças e pessoas com necessidades especiais. Os banheiros montados com higienização e limpeza permanente deram tranquilidade e conforto a quem precisou utilizá-los. E os patrocinadores tiveram acesso exclusivo a todos os espaços, incluindo uma sala vip construída acima do espaço dos atletas e ao lado dos jurados, possibilitando uma visão privilegiada do mar.
Por fim, a programação noturna oferecida pela WSL e seus patrocinadores, como a Corona, transformou casas à beira da praia em espaços de relacionamento e experiências de marca com festas sob a luz das estrelas, da lua e, para os mais resistentes, do sol da manhã seguinte.
Nunca imaginei que pudesse vivenciar uma experiência tão divertida e marcante em um evento esportivo que não aconteceu. Aos profissionais e gestores de marketing esportivo, recomendo reservarem alguns dias de junho de 2025 para conhecerem a etapa da WSL em Saquarema. Ao amigo Ivan Martinho, meus agradecimentos pela oportunidade de aprender como encantar o cliente mesmo em situações imprevisíveis. O Vivo Rio Pro é um sucesso, mesmo quando os ventos não despertam as ondas do mar.
Alvaro Cotta é diretor de marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte