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GeTV joga no melhor do YouTube: Interatividade e proximidade com o público

Para a Globo, estar no YouTube é uma necessidade estratégica; para as empresas, é a chance de transformar presença em experiência, audiência em comunidade e transmissão em relacionamento

Equipe da GeTV durante coletiva de imprensa - Reprodução

Equipe da GeTV durante coletiva de apresentação do projeto para a imprensa - Reprodução / YouTube (@getv)

O esporte brasileiro acaba de ganhar um novo espaço de transmissão. A GeTV, canal esportivo do Grupo Globo no YouTube, representa a entrada definitiva da emissora no território digital, em um movimento que reconhece a mudança no comportamento de consumo do público. O projeto não nasce para replicar a TV, mas para falar a linguagem da internet: mais leve, próxima, interativa e adaptada à lógica das redes.

A grade inicial já demonstra ambição. Além do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil e da Conmebol Libertadores, a GeTV exibirá partidas da seleção brasileira, tanto no masculino quanto no feminino, e eventos internacionais de peso como NFL, Liga das Nações de Vôlei e World Surf League (WSL). É um portfólio que coloca o canal em pé de igualdade com as principais plataformas de transmissão esportiva do país, mas com uma diferença estratégica: o alcance global e a dinâmica do YouTube.

Mais do que a programação, o grande diferencial do projeto é o formato. A GeTV nasce com a missão de falar a linguagem digital. Isso significa transmissões mais descontraídas, humor e espontaneidade, interação em tempo real e uma proximidade que rompe com a formalidade da TV. Esse modelo já mostrou sua força em iniciativas como a CazéTV, que transformou a forma de consumir grandes competições, conquistou recordes de audiência e provou que havia espaço para um novo jeito de transmitir esporte.

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Mas o que torna esse formato tão atraente para os jovens? Primeiro, a proximidade com a linguagem digital: eles cresceram em ambientes como YouTube, Twitch e TikTok, onde o conteúdo é ágil, leve e autêntico. Em segundo lugar, a participação ativa: o torcedor não quer apenas assistir, mas interagir, comentar, votar em enquetes e influenciar o que acontece em tempo real.

Some-se a isso o humor e a espontaneidade, que geram cortes virais compartilhados em massa, ampliando o alcance muito além da transmissão ao vivo. E, talvez o ponto mais importante, a quebra da hierarquia tradicional: enquanto a TV fala “de cima para baixo”, o digital coloca narradores e comentaristas no mesmo nível da torcida, construindo uma relação horizontal de comunidade.

Essa transformação não impacta apenas o público, mas também abre novas possibilidades para as marcas. Nas transmissões digitais, a presença da marca deixa de ser estática para se tornar interativa. Ela pode patrocinar votações, aparecer em enquetes, criar ativações gamificadas no chat, ou até lançar promoções relâmpago em momentos-chave do jogo. E também pode ocupar o espaço do conteúdo além do jogo, com cortes, análises, bastidores e entrevistas que viralizam nas redes sociais e estendem a experiência.

Outro ponto fundamental é o acesso a dados em tempo real. Enquanto na TV a medição de impacto é genérica, no digital é possível acompanhar engajamento, cliques, compartilhamentos e até conversões diretas. Isso dá clareza sobre o retorno do investimento e permite campanhas cada vez mais segmentadas e personalizadas.

Mais do que conquistar audiência, a GeTV sinaliza um entendimento estratégico sobre a complementaridade entre plataformas. A televisão aberta e os canais pagos continuam poderosos em eventos premium, mas o público está fragmentado. O YouTube não é concorrente da TV, e sim aliado: amplia alcance, oferece novas linguagens e garante diálogo direto com uma geração que cresceu conectada.

O lançamento da GeTV reforça um ponto essencial: o esporte não cabe mais em um único canal. A televisão segue relevante, mas o digital abriu novas portas, novas formas de engajamento e um papel ativo para os torcedores — e também para as marcas.

Para a Globo, estar no YouTube é uma necessidade estratégica. Para as empresas, é a chance de transformar presença em experiência, audiência em comunidade e transmissão em relacionamento.

Liana Bazanela é cofundadora da Hoc Sports

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