Hospitalidade vai muito além de conforto e conveniência

Camarote na reta dos boxes, bem em cima de onde ficam as escuderias, é objeto de desejo dos fãs da Fórmula 1 - Roberta Coelho / Arquivo Pessoal

O conceito de hospitalidade mudou bastante nos últimos anos. Hoje, não se trata apenas de oferecer conforto, mas de criar momentos únicos, experiências feitas sob medida e cenários que merecem ser lembrados, seja na memória ou no feed do Instagram. Essa tendência já conquistou várias áreas do entretenimento e reflete um comportamento global: as pessoas estão dispostas a pagar mais por experiências que realmente façam a diferença.

Ninguém quer apenas “estar” em um evento; o que todo mundo busca é sentir que faz parte de algo especial. Esse desejo por exclusividade tem transformado o entretenimento e agora está ganhando força nos eventos esportivos. É um mercado em que os fãs estão dispostos a pagar por conforto e acesso privilegiado, enquanto as marcas patrocinadoras investem em criar momentos memoráveis para seus convidados. Essa ideia de hospitalidade premium não se resume a luxo; ela conecta pessoas, cria oportunidades de negócio e rende ótimas histórias.

Um exemplo perfeito disso é o universo da Fórmula 1, que tive a chance de vivenciar recentemente. No último dia 3 de novembro, estive no Grande Prêmio São Paulo, no Autódromo de Interlagos, como convidada de um camarote exclusivo na reta dos boxes, bem em cima das escuderias. A experiência foi incrível: dava para sentir a vibração dos motores, acompanhar as trocas de pneus de pertinho e explorar o paddock, onde a tecnologia e os bastidores da corrida estavam ao alcance dos olhos. Tudo foi pensado para criar uma experiência inesquecível.

E não para por aí. A Fórmula 1 leva a hospitalidade tão a sério que contrata a empresa austríaca DO&CO para cuidar do bufê em qualquer lugar do mundo. É o mesmo chef, a mesma equipe de garçons, os mesmos copos, talheres e até as bebidas que viajam o mundo todo lado a lado com a categoria. Assim, eles garantem que todos os convidados sejam tratados com o mesmo padrão especial, seja em São Paulo, em Mônaco ou no Japão.

E não é só na Fórmula 1 que a hospitalidade esportiva está em alta. Os números mostram que esse mercado está em plena expansão. Segundo a Coherent Market Insights, o setor, avaliado em US$ 17,45 bilhões em 2023, deve chegar a impressionantes US$ 79,10 bilhões até 2031. Os Estados Unidos lideram com 45% do mercado, seguidos pela Europa, com 30%. Já a América Latina, apesar de representar apenas 3% do mercado global, é um mercado promissor, com grande potencial para quem quiser investir e acompanhar essa tendência.

No fim das contas, hospitalidade vai muito além de conforto e conveniência. É sobre criar histórias que as pessoas vão querer lembrar e compartilhar. E, convenhamos, não é exatamente isso que todos estamos buscando?

Roberta Coelho é CEO da equipe de e-Sports MIBR e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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