Já parou para pensar como figuras como Pelé, Michael Jackson e Bob Marley conseguem manter suas redes sociais bombando mesmo após deixarem esse plano? Como é possível que essas lendas, que há anos não estão mais entre nós, continuem gerando mais interações do que muitos artistas em atividade?
Vamos direto ao ponto: essas celebridades, mais do que simples pessoas, se tornaram marcas. E marcas, como bem sabemos, não morrem. Elas evoluem, se adaptam e continuam gerando relevância.
Uma das chaves para manter esses ícones vivos nas redes é o equilíbrio entre respeitar o legado e introduzir novidades. Perfis como o de Bob Marley, por exemplo, não se limitam a postar fotos e vídeos antigos. Eles criam contextos novos, conectando sua mensagem atemporal de paz e união com temas atuais, como movimentos sociais, cultura pop e até mesmo tendências musicais. Isso permite que a marca “Bob Marley” continue atraindo novos públicos, como as gerações que nunca viram um show dele ao vivo.
Pelé, por sua vez, segue impactando não apenas pelos vídeos históricos, mas por estar sempre relacionado ao debate esportivo atual. Cada recorde quebrado, cada jovem talento surgindo, tudo é uma nova oportunidade para conectar a relevância do Rei do Futebol ao presente e fica ainda mais relevante quando o Atleta do Século se torna um verbete do dicionário. Você que acompanha minha coluna aqui, na Máquina do Esporte, sabe que já falei desse case com mais de 30 prêmios internacionais e que é um marco incomparável na história do esporte mundial.
Mas seguramente não basta apenas estar nas redes sociais; essas marcas precisam sair do digital e se tornarem experiências vivas. Exposições interativas, álbuns póstumos, filmes e até shows de holograma são formas de conectar fãs com a essência de seus ídolos. Quem não gostaria de “sentir” a presença de Michael Jackson mais uma vez?
A família e as equipes por trás dessas figuras muitas vezes optam por lançar edições especiais de produtos, organizar eventos temáticos ou fechar parcerias com marcas relevantes. Tudo isso traz esses ícones de volta ao centro das atenções, alimentando o engajamento nas redes e mantendo as pessoas curiosas sobre o que virá a seguir.
Um truque que muitas dessas marcas utilizam é a interação com os fãs, outro tema que sempre falo por aqui. É imprescindível que o fã de esportes seja o protagonista de todas as ações, e responder comentários, curtir publicações e até repostar tributos feitos pelo público são maneiras de mostrar que, mesmo após a morte, o ídolo “está presente” e ainda mais vivo pelas “mãos” de quem jamais os esquece. Essa simbiose entre o público e a lenda torna isso um ativo de marca que recria a ilusão de proximidade e engajamento, transformando seguidores em uma comunidade ativa.
As equipes por trás dessas contas sabem que não se trata apenas de publicar por publicar. Cada postagem precisa contar uma história que fortaleça o legado. A narrativa de luta, superação e autenticidade de diversas lendas do esporte, da música ou do entretenimento continuam a inspirar, enquanto a genialidade e a arte visual de muitos deles permanecem como referências, mesmo para novos talentos.
Manter o foco na essência que os tornaram ícones é o que diferencia uma postagem comum de um conteúdo que realmente gera impacto. São publicações que, mesmo sem palavras, falam alto.
Mas e o presente e o futuro com o advento da inteligência artificial?
Com novas tecnologias de geração de conteúdo é e ainda será possível que vejamos ainda mais inovações no modo como esses ícones serão mantidos vivos. Imagine poder “conversar” com Pelé sobre um jogo recente e falar que ele é sinônimo de excelência e daquilo que é incomparável, seja quando um jovem atleta cria uma jogada genial ou um piloto de Fórmula 1 conquista diversos títulos de forma inimaginável: ambos são o “Pelé” nas suas atividades por meio de um chatbot hiper-realista.
Por enquanto, ficamos entre um possível e necessário debate ético sobre a melhor maneira de usar a inovação em homenagens verdadeiras, como a recente ação realizada pelo São Paulo usando a inteligência artificial para recriar a voz e a imagem do ex-treinador Telê Santana (tudo aprovado e assinado pela família e com o uso da voz do filho, Renê Santana, como base para a produção do conteúdo), bem como as surpresas das agências de marketing esportivo e as equipes criativas por trás dessas ações.
Mas uma coisa é certa: as lendas nunca morrem. Enquanto houver quem mantenha suas narrativas vibrantes e suas mensagens relevantes, esses e tantos outros ícones continuarão a conquistar novos seguidores e a impactar novas gerações.
E você? O que acha dessas novas formas de manter lendas vivas? Isso te aproxima ainda mais dos seus ídolos? Ou parece forçado?
Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte