Qualquer jogador de futebol que sonha em vestir a amarelinha da seleção brasileira, também sonha em levantar o troféu do Mundial da Fifa. A Copa do Mundo é o evento esportivo mais importante do planeta, ao lado dos Jogos Olímpicos. No feminino, após anos de disparidade e de luta da categoria, finalmente o Mundial teve início em 1991, e uma virada de chave aconteceu em 2019. Essa história, no entanto, todo mundo conhece.
Por isso, decidi que usaria esta coluna para olhar para o lado, para uma “modalidade irmã”: o futsal.
Berço esportivo de muitos dos craques que hoje brilham nos gramados pelo mundo, o futsal é um dos esportes mais inteligentes que existem. A iniciação no futebol, no Brasil e em tantos outros países, começa quase sempre pelas quadras. Ali se aprende velocidade, raciocínio rápido, potência, resistência, força, tudo isso em uma quadra reduzida, com o som apaixonante das chuteiras apitando no chão, a energia fervendo da arquibancada, as trocas estratégicas de quarteto. Você já assistiu a alguma partida? Muita gente ainda não.
No masculino, a Copa do Mundo de Futsal existe desde 1989. Desde então, o Brasil venceu seis edições. Somos, com orgulho, o país mais vitorioso da história do futsal mundial. Mas e no feminino? Se no masculino temos Falcão, no feminino temos Amandinha. Sim, a Rainha do Futsal existe e é brasileira.
Pois agora, quase como uma repetição da história, depois de muitos anos de espera e reivindicações, o futsal feminino finalmente terá sua primeira edição da Copa do Mundo, entre 21 de novembro e 7 de dezembro deste ano, nas Filipinas.
Mas o que isso representa? Simples. Uma oportunidade gigantesca de crescimento para a categoria. É a chance de potencializar talentos, fomentar a modalidade, criar novos ídolos, gerar novos acordos comerciais e exponencializar o ecossistema do futsal feminino.
O caminho rumo à excelência, claro, ainda é longo e passa por clubes e federações, pela ampliação do espaço na imprensa, pelo apoio contínuo das marcas e pela valorização das atletas dentro e fora da quadra. Mas é um enorme passo.
Estarei lá acompanhando de perto toda a ação, e já posso até sentir a emoção de todas as meninas e mulheres que pisarão em quadra, representando suas seleções, entoando o Hino Nacional. Esta é uma grande conquista que merece ser celebrada, e não só pelos times participantes e suas jogadoras, mas por todos que acreditam no poder transformador do esporte: agências, empresas, entidades públicas e torcedores.
Que cada vez mais barreiras de gênero sejam quebradas. E que o futsal feminino, e todo o esporte praticado por mulheres, se liberte, de vez, dos estigmas do passado.
Raiana Monteiro é jornalista e atual coordenadora de conteúdo do Fifa+, a plataforma de streaming da Fifa. Na carreira, já atuou como coordenadora de comunicação de esportes olímpicos do Flamengo, diretora de relações públicas do Vasco e ainda teve passagens pelo Grupo Globo e pela agência In Press Media Guide
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