Marketing e esporte: A conexão que vai além do campo

Diego Ribas vestiu a camisa do Werder Bremen, da Alemanha, entre 2006 e 2009 - Reprodução

A competitividade no esporte, especialmente no futebol, é intensa. Vivi essa pressão por resultados ao longo da minha carreira e continuo conectado a esse universo. Sei bem como é cobrado o desempenho, mas também entendo que o esporte é, acima de tudo, um espetáculo de entretenimento. E surge então a questão: como equilibrar a busca por resultados com a leveza de proporcionar experiências aos fãs?

Esse tema é constante nas discussões entre dirigentes, treinadores e jogadores. Passei por experiências diferentes: no Brasil, temos uma cultura que prioriza o resultado acima de tudo. Já na Alemanha, no Werder Bremen, conheci um outro cenário, em que o entretenimento é tratado como parte estratégica do esporte. Era comum participarmos de tardes de autógrafos, encontros com torcedores no estádio e eventos pela cidade. Esses compromissos eram mantidos, independentemente dos resultados em campo, pois eram considerados essenciais para a conexão com os torcedores.

Aqui no Brasil, esse tipo de proximidade é muitas vezes criticado. Existe a ideia de que o foco deveria estar apenas em “jogar bola”, sem espaço para “festinhas” ou ações de marketing. Mas sabemos que o marketing também move o esporte, sustentando tanto a parte financeira quanto a conexão e a intimidade com os torcedores.

Essa proximidade gera um ambiente mais saudável, em que o torcedor se sente parte do time, criando uma paciência maior com os momentos difíceis. Mas entendo a dificuldade que os jogadores enfrentam em participar de eventos após um resultado ruim. Se há um compromisso na segunda-feira e o time perde no domingo, muitos acham complicado cumprir com esse compromisso, mesmo que haja marcas envolvidas. No entanto, o futebol precisa dessa coragem e desse compromisso dos profissionais para superar essa mentalidade imediatista.

Na Alemanha, mesmo após uma derrota, participar de um evento era encarado com respeito e apoio. Não havia insultos; ao contrário, os torcedores valorizavam a presença dos jogadores. No Brasil, um jogador que participa de uma tarde de autógrafos após uma derrota está sujeito a críticas e ofensas, o que bloqueia esse tipo de ação e afasta os profissionais dos fãs.

Essa cultura de cobrança por resultados imediatos leva a uma proteção excessiva de dirigentes, treinadores e jogadores, o que prejudica a conexão com o público. É preciso coragem e estratégia para superar isso, mudando a cultura e entendendo que o futebol, além de um esporte de alto rendimento, é também entretenimento. Essa mudança de postura não só atrairia mais marcas como também fortaleceria a relação entre os profissionais e os torcedores, criando um ambiente mais saudável e próximo para todos.

Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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