O primeiro All-Star Game da NBA foi disputado em 1951. A ideia era copiar o que o beisebol já fazia desde 1933 para tentar recuperar o prestígio do basquete, que andava abalado por causa de um escândalo de apostas que envolveu jogadores de equipes universitárias. E o último pode ter sido disputado em 2024.
Ao longo das décadas que separam o primeiro e o mais recente Jogo das Estrelas, a partida ganhou todo um fim de semana de atrações, em especial os concursos de enterradas e de arremessos de três pontos, e colecionou momentos memoráveis. Além de tradição, virou uma parte importante do calendário da liga, com as últimas oportunidades de trocas de jogadores na temporada.
A ideia continua sendo boa. Faz sentido reunir os melhores jogadores para um grande evento. É interessante pensar em como estrelas que jogam em times diferentes podem atuar juntas. Mas a verdade é que o resultado não tem sido nada satisfatório para os fãs. A única coisa que ainda conta é a escolha para o evento como reconhecimento, algo que os americanos usam para avaliar a carreira de um atleta.
Mas será que vale a pena manter um evento no calendário se ele começa a impactar negativamente a imagem da liga? É um efeito parecido com o que o Pro Bowl tem na NFL. A vitória do Leste sobre o Oeste pelo placar recorde de 211 x 186 deixou clara a falta de disposição dos jogadores para o trabalho defensivo. Foi uma chuva de críticas de fãs e comentaristas. E sem competitividade, o que sobra?
São pelo menos três os fatores para que a percepção sobre o Jogo das Estrelas da NBA tenha mudado tanto nos últimos anos. Um deles é a motivação dos atletas, que está cada vez mais ligada ao dinheiro, que eles recebem nos grandes contratos com os times e também nos acordos publicitários. Os outros dois estão diretamente ligados ao jogo. Preparação física e entrosamento estão entre as coisas que mais evoluíram no basquete recentemente. Além dos atletas não se arriscarem no All-Star Game para evitar o risco de lesões, não dá pra esperar entrosamento de quem não joga junto e quase não consegue treinar antes da partida.
Em um futuro muito próximo, será interessante ver o que farão os executivos, especialmente os da NBA, uma liga que se destaca pelas ações inovadoras. A solução não é fácil, mas não dá para deixar como está.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte