O futuro do time olímpico americano

Não é comum ver um atleta na capa da revista People, mas Simone Biles quebrou todas as barreiras nos últimos anos - Sergio Patrick / Máquina do Esporte

A revista People é uma das sobreviventes de um mercado que já foi gigante nos EUA. Assim como você vê na foto, no caixa do supermercado, ainda é comum dar de cara com as mais recentes histórias das celebridades do cinema, da televisão e da música. O que não é comum é ver um atleta na capa. Mas Simone Biles quebrou todas as barreiras nos últimos anos. Além de ser uma ginasta quase perfeita, ela também é reconhecida como alguém que teve coragem de se mostrar vulnerável publicamente e ajudar muita gente que sofre com problemas de saúde mental.

Nenhum atleta chamou a atenção dos americanos como Biles durante os Jogos Olímpicos de Paris. Só chegaram perto a nadadora Katie Ledecky, que se tornou a mulher com maior número de ouros olímpicos na história, o velocista Noah Lyles, que ganhou os 100 metros rasos no atletismo, e as estrelas do basquete LeBron James e Stephen Curry. Todos eles serão veteranos em Los Angeles 2028. Alguns não devem voltar ao time olímpico, outros podem voltar, mas as chances de medalhas de ouro talvez já não sejam as mesmas.

O curto ciclo olímpico entre os Jogos de Tóquio 2020, disputados em 2021 por causa da pandemia de Covid-19, e Paris 2024 foi o primeiro depois que os atletas universitários passaram a ser pagos pelo uso da imagem. A mudança deve fazer com que um número maior de atletas se dedique ao esporte por mais tempo, o que pode ter um impacto positivo já em Los Angeles 2028. Depois do empate em ouros com a China e a supremacia em Paris somente no total de medalhas, os americanos agora começam a preparar a delegação para defender essa liderança em casa.

Os Jogos de Paris também ficaram marcados nos EUA pela força dos influenciadores, que ganharam a atenção de milhares de americanos durante a Olimpíada. O que fez mais sucesso é também o mais improvável, o rapper Snoop Dogg, não necessariamente conhecido por um estilo de vida saudável. Mas ele é uma figura tão divertida que a audiência adorou cada momento em que ele surgiu na tela da NBC, a emissora que transmitiu os Jogos, ou nas redes sociais. Os americanos gostaram tanto de ver Snoop Dogg que ele até apareceu na Cerimônia de Encerramento de Paris 2024.

Os atletas também tiveram sua influenciadora de sucesso: a jogadora de rugby Ilona Maher, bronze com o time americano, que ganhou milhões de seguidores nas redes ao mostrar de forma descontraída a sua rotina em Paris durante a disputa e, depois, quando se tornou uma torcedora dos atletas americanos. O caminho está aberto para que outros atletas façam o mesmo e se beneficiem dessa oportunidade em Los Angeles.

Nas transmissões, a NBC celebrou um forte aumento na audiência em relação aos Jogos de Tóquio. Para se ter uma ideia, a Cerimônia de Abertura teve um aumento de 82%, e o último sábado da Olimpíada, que teve ouros do time masculino de basquete e feminino de futebol, passou dos 30 milhões de espectadores, três vezes mais do que o mesmo dia em Tóquio. A final do basquete foi a maior audiência na modalidade desde Atlanta 1996 e a do futebol desde Atenas 2004.

O fuso horário foi um dos fatores mais importantes para esse crescimento, já que, com as competições no Japão, muitas transmissões nos EUA ocorreram durante a madrugada. Se o horário de Paris já foi favorável, o de Los Angeles vai ser ainda melhor para o público americano.

A partir de 14 de julho de 2028, os Jogos Olímpicos de Los Angeles chegarão com novidades esportivas como flag football, lacrosse, beisebol/softbol, squash e críquete. Além disso, as provas de natação serão disputadas pela primeira vez em um estádio, o Sofi Stadium, depois do sucesso da seletiva americana para Paris em Indianápolis.

Tem muita coisa para acontecer até lá, mas alguns nomes de jovens atletas já aparecem com força na lista dos possíveis ídolos americanos para os Jogos de 2028: os ginastas Fred Richard e Hezly Rivera, o skatista Gavin Bottker e o velocista Quincy Wilson. A diferença pode ter sido mínima com relação à China em Paris, mas a máquina de produzir talentos do esporte americano segue a todo vapor, especialmente com uma Olimpíada em casa pela frente.

Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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