Na última coluna, escrevi sobre o que chamei de novo “Ciclo Virtuoso” do esporte, que seria o período entre 2024 e 2028, quando os grandes eventos esportivos internacionais serão maiores e mais atraentes do que nunca, para o Brasil e para o mundo. Dias depois, Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, anunciou, em primeira mão, não só que a Copa do Mundo da Fifa de 2030 será cossediada por Espanha, Portugal e Marrocos, mas também que seu pontapé inicial se dará na América do Sul, com partidas comemorativas dos 100 anos do primeiro Mundial acontecendo no Uruguai, Argentina e Paraguai.
Pois muito bem, me retifico: teremos pela frente um novo “Ciclo Virtuoso” de extrema relevância para o nosso mercado sim, mas agora de 2024 até, pelo menos, 2030.
Certo, mas o que vem por aí de tão legal assim, já em 2024?
Bem, além dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos mais incríveis de história em Paris 2024, o próximo ano também marcará a readequação final do calendário esportivo mundial pós-pandemia. Após o ciclo olímpico mais curto da história, com um intervalo de menos de três anos desde o encerramento dos Jogos de Tóquio em 2021, teremos também o início de fato da realização da Copa América a cada quatro anos, algo projetado pela Conmebol para acontecer a partir de 2020, mas que também acabou sendo impactado pela pandemia.
Assim, a partir de 2024, a Copa América deverá acontecer sempre de maneira simultânea à Euro, sempre em “anos olímpicos”, sincronismo que reflete também o espírito de cooperação que vem sendo construído entre a entidade máxima do futebol sul-americano e a Uefa, evitando também o desgaste que costumava acontecer no passado, quando ocorria a convocação de jogadores que acabavam abandonando os campeonatos europeus para participarem do torneio.
Enquanto a Euro 2024 será sediada exclusivamente na Alemanha (coisa rara, em tempos de megaeventos acontecendo simultaneamente em múltiplos países e, agora, continentes), a Copa América de 2024 marcará o início da fase dos supereventos nos EUA, funcionando também como uma espécie de aquecimento para a Copa do Mundo de 2026. Os EUA não somente sediarão o evento, por meio de um acordo entre Conmebol e Concacaf, como também participarão de uma edição encorpada da Copa América, que tem tudo para ser uma das mais midiáticas da história, com a atual campeã mundial e continental Argentina jogando “em casa”, considerando todo o hype de Lionel Messi e sua chegada à MLS.
Ainda em maio, a Fifa se reunirá para anunciar qual país sediará a Copa do Mundo Feminina de 2027, com o Brasil disputando com os EUA e outras duas candidaturas o direito de realizar o evento. Isso depois, claro, de receberem a Copa do Mundo Masculina de 2026 (junto de Canadá e México) e o primeiro Mundial de Clubes da Fifa em seu novo formato, com 24 clubes, que acontecerá por lá em 2025.
Essa tentativa dos EUA de “monopolizar” o futebol nos próximos anos conta agora com um surpreendente aliado de última hora, uma vez que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, declarou na última semana ser favorável à realização da final única da Conmebol Libertadores 2024 em solo norte-americano. Será? Eu, pessoalmente, acho que seria espetacular para a expansão internacional do futebol sul-americano.
Calendário 2024
Anúncio da Sede da Copa do Mundo Feminina 2027: Maio
Euro Alemanha 2024: 14/06 a 14/07
Copa América EUA 2024: 20/06 a 14/07
Jogos Olímpicos Paris 2024: 26/07 a 11/08
Jogos Paralímpicos Paris 2024: 28/08 a 08/09
Final única Conmebol Libertadores 2024: Novembro
Felipe Soalheiro é head de novos negócios da ODDZ Network e escreve mensalmente na Máquina do Esporte