Toda vez que conto onde trabalho, fico avaliando a reação das pessoas. É engraçado. Na maioria das vezes, o olhar curioso vem acompanhado daquela concordância de quem não faz ideia do que estou falando. Então, explico e faço a analogia com grandes organizações esportivas, comparando os diferentes esportes eletrônicos às modalidades esportivas tradicionais. E é aí que vem o “uau, não fazia ideia de que isso existia”.
Apesar dos esportes eletrônicos existirem há muitos anos (o MIBR, por exemplo, organização onde trabalho, completa 20 anos de vida nesse ano), as competições vêm ganhando realmente mais força na última década. No Brasil, estão crescendo em popularidade e tamanho de forma exponencial.
Mas a falta de conhecimento do grande público sobre o assunto geralmente leva à crença de que a carreira nesse universo se restringe a ser jogador(a) ou streamer. Ninguém imagina que, por trás dos nossos atletas, existe uma superequipe que faz a roda da organização girar. No competitivo, há analistas de dados, psicólogos(as) de alta performance, nutricionistas, fisioterapeutas, operadores de logística e “managers” de cada modalidade, entre outros profissionais. Na retaguarda, do financeiro ao comercial, passamos pelo marketing, produtores(as) de conteúdo, designers, executivos(as) de marca, recursos humanos (RH), planejamento, administrativo, advogados e por aí vai.
São muitas e muitas carreiras, em uma indústria pujante que ainda é pouco conhecida, mas não pouco relevante. A empresa que hoje quer se manter jovem e falar com esse público, tem que ter uma estratégia de games. É preciso também educar os jovens (e principalmente os pais desses jovens) e fazê-los entender que trabalhar com games é uma carreira, uma carreira para todos.
Você gosta de games? Já entendia o universo como uma oportunidade de carreira? Então, peço que me ajude a contar para todo mundo. Quanto mais as pessoas entenderem os games dessa forma, mais profissionais teremos na área, mais jovens serão treinados e mais oportunidades aparecerão.
Roberta Coelho é CEO da equipe de e-Sports MIBR e escreve mensalmente na Máquina do Esporte