Pergunte a um fã de esporte quais foram os três primeiros escolhidos no draft da NBA deste ano, realizado em junho, e tem uma boa chance de essa pessoa não se lembrar de um nome ou outro. Agora, pergunte a esse mesmo fã sobre um garoto da USC, a Universidade do Sul da Califórnia, que foi a 55ª escolha do draft, feita pelo Los Angeles Lakers.
A resposta vai ser imediata: Bronny James.
É verdade que, algumas vezes, os recrutadores dos times da liga cometem erros, alguns deles históricos. Michael Jordan foi apenas a terceira escolha no draft de 1984 e se tornou um dos maiores nomes do esporte em todos os tempos. Nikola Jokic, campeão e três vezes MVP com o Denver Nuggets, só foi chamado na segunda rodada do draft de 2014, na 41ª posição.
Mas esse não parece ser o caso de Bronny James. Aos 19 anos, o armador coleciona elogios de olheiros pela capacidade defensiva, pela inteligência para o jogo de basquete e pela precisão nos arremessos de longa distância. Pela USC, James participou de 25 jogos na sua temporada como calouro, sendo seis como titular. As estatísticas não impressionaram, com médias de 4,8 pontos por partida, 2,1 assistência e 2,8 rebotes. É verdade também que foi a temporada imediatamente posterior a um susto enorme, quando Bronny teve um problema cardíaco e precisou ser operado.
Bronny é o filho mais velho de LeBron James, uma das maiores estrelas da história do basquete. LeBron já ganhou quatro títulos da NBA, é o maior pontuador da história da liga e segue jogando muito bem, mesmo perto de completar 40 anos de idade. Já tem algum tempo que o mundo do basquete fala sobre a vontade do craque de jogar com o filho.
Ao contrário de Bronny, que cresceu em mansões e como filho de uma das pessoas mais conhecidas do mundo, LeBron James teve uma infância difícil. Sem conhecer o pai, que estava na cadeia, ele mudava de casa constantemente e faltava muito na escola. Aos 10 anos, LeBron passou a morar com o técnico de futebol americano Frank Walker e a família dele. A mudança foi fundamental para dar a ele a estabilidade necessária.
Com tudo o que viveu, LeBron James sempre se mostrou uma pessoa muito ligada à família que construiu com a mulher Savannah, sua namorada desde os tempos de escola e com quem teve três filhos. Das estrelas do esporte, LeBron talvez seja o mais identificado como um pai de família responsável, ainda que tenha se tornado pai muito cedo.
A decisão do Los Angeles Lakers de juntar o craque LeBron James com o filho Bronny é uma das mais bonitas histórias do esporte atualmente. Além de ser uma celebração da família, é também um bom negócio por parte do time da Califórnia. A primeira dupla formada por pai e filho da história da NBA deve atrair muito interesse para o time nos jogos da temporada regular.
Além disso, a chegada de Bronny garante um vínculo forte do Lakers com LeBron, que também tem sua imagem ligada ao Cleveland Cavaliers e ao Miami Heat. A escolha de Bronny ainda pode fazer com que LeBron aceite valores menores do que outras estrelas recebem pelos anos finais da sua carreira, o que pode proporcionar as contratações de outros jogadores de alto nível para o time da Califórnia.
Mas o maior ganho vai ser difícil de medir. A imagem que vai ficar para sempre. Quem é que não vai se emocionar com a primeira jogada entre pai e filho com a tradicional camisa do Los Angeles Lakers?
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte