No último fim de semana, a Nascar promoveu em Los Angeles o “Clash”, evento de pré-temporada sem pontos válidos para o campeonato, mas com a nada desprezível bolsa de US$ 1,9 milhão em prêmios.
Foi a estreia oficial dos “NextGen”, os novos carros da temporada 2022. Mas o grande charme do evento foi seu palco.
A maior categoria dos Estados Unidos armou uma pista de um quarto de milha (400 metros) dentro do LA Coliseum, estádio inaugurado em 1923, palco dos Jogos Olímpicos de 1932 e 1984.
Foram inúmeras baterias eliminatórias e uma prova final com 23 carros, vencida por Joey Logano diante de um público estimado em 50 mil pessoas.
Os carros da Nascar têm potência na casa dos 670 HP e peso mínimo acima dos 1.500 kg. Ou seja: são máquinas enormes, potentes e muito pesadas.
Se esses carros brutais são capazes de promover um espetáculo dentro de um estádio com um século de idade, sonhar com corridas de automóvel dentro de um estádio não é algo fora de cogitação.
Recentemente, imagens do Estádio do Pacaembu asfaltado pipocaram nas mídias sociais e blogs como um sacrilégio ao antigo gramado. Privatizado e com a promessa de um uso inovador, o ex-estádio municipal bem que poderia receber um evento promocional das grandes categorias nacionais.
O mesmo vale para inúmeras “arenas” erguidas a custo bilionário para a Copa do Mundo de 2014 e desde então ilustres candidatas ao epíteto de elefantes brancos.
Levantamentos qualitativos de mercado tradicionalmente apontam o esporte a motor entre as cinco modalidades favoritas dos brasileiros.
Mas um gargalo inerente à sua expansão por todo o território nacional é a exigência de autódromos ou a burocracia e custos para implantação e homologação de circuitos de rua.
Como consequência, nos últimos anos, o automobilismo brasileiro restringiu seus eventos de primeira linha a um punhado de praças. Não é exagero afirmar que os campeonatos nacionais são, a rigor, Sul-Brasileiros com corridas em São Paulo e Goiânia.
Apenas quatro ou cinco das 27 Unidades Federativas do país recebem as corridas e isso prejudica as estratégias promocionais e ativações das marcas patrocinadoras.
É fato que a Stock Car em 2022 endereçou parcialmente esse problema e marcou corridas para o Aeroporto do Galeão, além de servir como pivô da anunciada reforma do Autódromo de Brasília.
Mas ainda faltam eventos no Norte, no Nordeste e em Minas Gerais. E logo, com a destruição do Autódromo de Pinhais em curso, Curitiba também ficará órfã do esporte a motor.
Que tal cogitar correr nos estádios? Em grande estilo, a Nascar ensinou que é possível.
Luís Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre o esporte a motor