Cada vez que surge uma nova tecnologia, aparece também a questão da concorrência entre o velho e o novo. Quando a TV surgiu, diziam que o rádio iria morrer. E somos testemunhas de que o rádio continua muito vivo por aqui. Agora, com a chegada do streaming, temos o novo burburinho de que a TV por assinatura vai morrer. Então pergunto: será mesmo?
Minha opinião é de que as mídias, todas elas, são complementares. Complementares porque não necessariamente atingem o mesmo público. Ou seja, quanto maior o número de plataformas, maior é a possibilidade de se atingir um público mais amplo.
O fã de basquete de mais idade vai preferir continuar assistindo aos jogos da NBA pelos canais Sportv e ESPN em uma TV de tela grande na sala da sua casa. Já o mais jovem possivelmente vai preferir assistir através da tela de um celular ou tablet pelo Star+, pelo YouTube da TNT Sports ou ainda pelo canal do Gaules na Twitch.
Os campeonatos Paulista e Carioca também adotaram essa forma de distribuição multiplataforma, buscando mais uma vez ampliar o público que assiste aos jogos, e os recordes de audiência quebrados nas mais diversas plataformas são a prova de que a estratégia funciona.
O valor das mensalidades da TV por assinatura sempre foi questionado. Muitos dizem que é ele o principal culpado pelo aumento absurdo no número de acessos piratas ao conteúdo. Outra justificativa também muito utilizada é a falta de opções para uma maior customização dos pacotes. A velha história do “eu só assisto 10 ou 15 canais, por que tenho que pagar por 150?”.
Então aqui vai uma provocação.
Você, assinante de uma ou mais plataformas de streaming, já parou para fazer a conta de quanto gasta com conteúdo mensalmente? Já reparou que em cada uma das plataformas você assiste a alguns poucos títulos que ali estão disponibilizados?
Na última vez que parei para fazer uma conta rápida, para que pudesse ter acesso ao mesmo conteúdo que tenho na minha TV por assinatura por meio das várias plataformas de streaming, eu acabaria gastando mais do que pago hoje na mensalidade da TV. E, em cada plataforma, eu assistiria a alguns poucos títulos, alguns eventos ao vivo e continuaria pagando por uma biblioteca enorme de conteúdo, sem necessariamente consumir nem 10% de tudo o que está à minha disposição.
Apesar de as palavras do momento serem OTT e streaming, o modo de se ter acesso ao conteúdo é exatamente o mesmo: um pacote por meio de uma assinatura, que pode ser mais cara ou mais barata, dependendo do seu apetite por conteúdo. O streaming tem, sim, as suas vantagens, claro. Não me entendam mal, por favor, não estou defendendo uma ou outra mídia, mas que o modelo de negócio é o mesmo, isso é inegável.
E volto ao meu tema inicial: tem para todo mundo e para todos os gostos.
Quem quer continuar assistindo na TV, usando o modelo tradicional de ligar a TV, ligar a caixinha da TV por assinatura e navegar pelos canais, continuará tendo acesso ao conteúdo. Já quem prefere consumir o mesmo conteúdo por meio do streaming, seja em um celular, um tablet ou até em uma TV conectada, também tem essas opções.
O importante é que o conteúdo esteja disponível de uma forma que cada um possa consumir do seu jeito, seja no streaming, na TV por assinatura, na TV aberta ou até no rádio, por que não?
Neste mês, tratei mais do lado do consumidor nesta “briga” do streaming contra a TV por assinatura. No mês que vem, voltarei a falar sobre o tema, mas aí analisando um pouco mais o lado das plataformas.
Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte