Eles andam em grupo. Quase sempre, um deles é o centro das atenções, rodeado por várias outras pessoas com câmeras, estabilizadores, telefones celulares, microfones portáteis. Celular em punho, saem filmando sem dó os passos de quem fala para o aparelho. Os influenciadores estão por toda parte em Paris 2024. Produzindo conteúdo por onde passam, relacionados ou não aos Jogos Olímpicos.
Paris se transformou em uma espécie de ponto de virada de chave para o Movimento Olímpico no que diz respeito à relação com a produção de conteúdo digital. Se, até o Rio 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) era extremamente rígido em relação a quem podia produzir conteúdo dentro das arenas de competição, o cenário oito anos depois é de uma tremenda mudança.
Em busca de novos públicos, especialmente entre os mais jovens, o COI passou a adotar a máxima: “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. O primeiro indício veio em Tóquio 2020 (2021). Nos Jogos marcados ainda pela pandemia e o isolamento das áreas de competição, as redes sociais viraram um ponto de encontro do fã com o atleta.
Foram os Jogos de Douglas, do vôlei, que se transformou em fenômeno nacional ao usar sua conta no Instagram para contar o que só os atletas podem ver em uma Vila Olímpica.
Agora, mais maduro e com o mundo ainda mais conectado, o COI decidiu abrir espaço para que os produtores de conteúdo independentes venham se esbaldar por Paris, além, é claro, de fazer com que os próprios atletas se transformem em porta-vozes do Espírito Olímpico.
Não é só com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), não!
Comitês Olímpicos dos mais diversos têm os seus influenciadores de estimação. Eles ganham ingressos para eventos, visitam áreas restrita a detentores de direitos e, de vez em sempre, geram conteúdo dos mais diversos tipos para o público consumir.
Os Jogos de Paris vão se notabilizando por serem as Olimpíadas da Influência. Atletas, patrocinadores, espectadores e influenciadores estão por aqui fazendo conteúdo a todo instante, trazendo um pouco da empolgação com os Jogos e renovando a chama olímpica.
É só olhar nas proximidades de zonas turísticas e nas arenas de competição como os grupos de pessoas que passeiam geralmente possuem um líder, que fala para as câmeras, conectando Paris com qualquer canto do mundo.
Para além de novos esportes, como foram surfe, skate e breaking, o movimento olímpico precisava desenvolver uma nova forma de se conectar com o público. E as redes sociais, nesse sentido, são o meio mais simples, barato e autêntico para gerar conexões.
Em tempo. Já postou seu vídeo de hoje sobre algum causo em Paris? #Ficaadica.
Erich Beting é fundador e CEO da Máquina do Esporte, além de consultor, professor e palestrante sobre marketing esportivo