A Geração Z, nascida entre 1997 e 2009, é reconhecida por ser a primeira geração a crescer totalmente imersa na era digital. Podemos dizer que eles são os chamados nativos digitais. Sua formação foi marcada pelo surgimento das mídias sociais e dos smartphones, o que moldou significativamente suas preferências, atitudes e comportamentos.
Diferentemente das gerações anteriores, como os Baby Boomers (1946-1964), que tendem a ser grandes fãs de esportes, a Geração Z é menos interessada em assistir a eventos esportivos. Estudos mostram que 48% dessa geração consome mais conteúdo de entretenimento, em comparação com apenas 23% que se dedicam ao conteúdo esportivo. Isso contrasta com os Baby Boomers, em que 41% são espectadores assíduos de esportes.
Apesar de assistirem a menos esporte, não se pode subestimar a importância do esporte para a Geração Z. Eles preferem consumir esportes on-line, em formatos curtos ou em destaques, e tendem a seguir mais os atletas individualmente do que as equipes ou ligas.
Para atrair essa nova audiência, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem implementado mudanças estratégicas, incluindo a introdução de novos esportes urbanos e de ação, como skate, escalada e surfe em Tóquio 2020 e o breakdance em Paris 2024. Essas adições não apenas modernizam o evento, mas também refletem o interesse da Geração Z por esportes que valorizam a criatividade e a expressão pessoal.
Paris 2024, no entanto, foi, e tem ido, além. Sua abertura deixou claro que esses Jogos foram feitos não apenas para o público presente, mas para a TV e, mais, para uma geração TikTok. Uma geração que se preocupa mais em ser vista do que ver quando está em um evento.
Paris pode ser um grande divisor de águas para o esporte em geral, mostrando que megaeventos esportivos caminham para digitais, interativos e pensados visualmente nos impactos para novas gerações. Modernidade e tradição serão colocadas lado a lado sempre, e as questões que levaremos pós-Jogos Olímpicos serão: até onde essas transformações podem levar os eventos e qual será o impacto duradouro dessas adaptações em uma era em que a mudança é a única constante?
Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos e identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte