Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 terminaram no último dia 11 de agosto, e tivemos a oportunidade de conhecer mais a fundo a história de diversos atletas brasileiros. Bia Souza, Ana Patrícia e Duda, Tarciane, Ludmila, Júlia Soares, Ana Sátila e, claro, a gigantesca Rebeca Andrade, que teve seu segundo “salto” de crescimento após o primeiro ter sido em Tóquio 2020 (2021).
Desses nomes que citei, tirando a Ana Sátila que ganhou notoriedade por conta da jornada extensa de competições, todas as outras se destacaram por um motivo em comum: a conquista de uma medalha. No caso da Rebeca, várias.
Nomes de guerreiras que conquistaram seus objetivos e merecidamente colherão os frutos disso, tanto em premiações quanto em publicidade.
A dupla de vôlei de praia Ana Patrícia e Duda e a judoca Bia Souza já estampam uma campanha de TV para a Betnacional, em um timing perfeito, aproveitando a conquista das medalhas de ouro. Tem que aproveitar e muito esse momento.
Aqui, na Alob Sports mesmo, pipocaram pedidos de aproximação com Rebeca, Ana Patrícia e Duda, além de alguns outros nomes que se destacaram.
Mas quero aproveitar a audiência da Máquina do Esporte para fazer um questionamento:
Só o ouro vale? Que seja a prata ou o bronze, a pergunta se mantém. Só quem conquistou medalha entra nesse radar das marcas?
Vamos fazer um exercício.
Fechem os olhos e imaginem as condições de trabalho e treinamento de jovens que sonham ser atletas olímpicos.
Infelizmente, o investimento dos nossos governantes em política de esporte é muito aquém do que deveria. Por isso, cada brasileiro que esteve lá em Paris merece e muito ser valorizado. Independentemente de medalha. Medalha é importante demais, mas só de estar lá, o atleta ou a atleta já superou muito mais obstáculos do que seus principais concorrentes de outros países.
E por isso o nome do texto é sobre Sophias e Moisés.
Sophia Cruz é uma menina de 12 anos que mora na Comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), e faz parte do projeto social chamado Acolher, liderado pela Claudia Amaral, uma voluntária que se vira nos 30 para manter 250 jovens que praticam diversos esportes. Sophia, no caso, é uma ginasta, que foi direcionada para treinar no Flamengo após se destacar no projeto.
De família muito humilde, ela conta com a ajuda de amigos para poder bancar os custos de viagens e alimentação.
Moisés Silva é o menino que viralizou no interior da Bahia treinando salto com vara de forma improvisada. As imagens repercutiram, e o menino teve a oportunidade de conhecer dois ícones do esporte: Thiago Braz e Fabiana Murer.
Eu posso falar com mais propriedade do Projeto Acolher, pois estive lá recentemente. Acredite você, R$ 5 mil ou R$ 10 mil mensais ajudariam demais o dia a dia desse projeto. E veja quantas vidas seriam impactadas. É uma semente sendo plantada para, quem sabe, surgirem novos nomes, e você poder contar que fez parte de tudo isso.
O Brasil tem tudo para ser uma potência olímpica, e o caminho para isso é investimento na raiz. Por exemplo, que as marcas que patrocinam a Rebeca hoje não olhem para o engajamento ou o alcance que os quase 12 milhões de seguidores proporcionam a ela, mas sim direcionem parte desse investimento para que novas Rebecas surjam e não sejam cometas que passaram e não deixaram um legado sólido.
Acho superválido o acordo publicitário com os atletas medalhistas. Trabalho com isso, inclusive. Mas o que tenho questionado é o ir além. A transformação.
É o patrocínio à Bia Souza proporcionar a formação de mais Bias Souzas.
Não tenho expectativa no poder público. Por isso, direciono minhas forças para que o mercado publicitário entenda que o impacto social e a transformação de vida é o storytelling perfeito para ser contado em Los Angeles 2028.
Transformar vidas e fortalecer o esporte brasileiro valem mais do que qualquer Grand Prix em Cannes.
Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência de marketing esportivo especializada em intermediação e ativação no esporte, que conecta atletas e personalidades esportivas a marcas, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte