Considerado um dos mais tradicionais esportes olímpicos, o boxe esteve presente em praticamente todas as edições dos Jogos de Verão realizadas desde 1904, em Saint Louis, nos Estados Unidos. A única exceção foi Estocolmo 1912, devido a uma lei sueca que bania a prática da luta em seu território.
Esporte que já rendeu nove medalhas ao Brasil na história, sendo dois ouros, duas pratas e cinco bronzes, o boxe corria o risco de ficar de fora da próxima edição dos Jogos Olímpicos, que ocorrerá em Los Angeles, em 2028.
A exclusão viria justamente no país que é o maior vencedor da modalidade, com 119 medalhas no total. Em seguida vem Cuba, com 80.
Porém, não será desta vez que o boxe, que rendeu uma medalha de bronze para o Brasil em Paris 2024, com Bia Ferreira, será excluído dos Jogos Olímpicos.
Em um comunicado feito na última segunda-feira (17), o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, anunciou que o conselho executivo da entidade recomendou a manutenção do esporte em Los Angeles 2028.
A permanência da modalidade no programa olímpico ocorre após o COI conferir reconhecimento provisório à World Boxing, entidade que ficará responsável por comandar o boxe internacionalmente.
O presidente da World Boxing, Boris van der Vorst, comemorou a decisão do COI.
“Não tenho dúvida de que [o reconhecimento da entidade] será recebido de forma muito positiva por todos os ligados ao boxe. Garanto ao COI que, se o boxe for restaurado ao programa de Los Angeles 2028, a World Boxing está totalmente comprometida em ser um parceiro confiável que aderirá e defenderá os valores da Carta Olímpica”, afirmou.
Entenda o problema que quase resultou na exclusão
O drama envolvendo a permanência do boxe no programa olímpico teve início antes dos Jogos de Tóquio 2020 (que foram realizados em 2021, devido à pandemia de Covid-19).
Em 2019, o COI suspendeu a Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês) por conta de problemas de governança. Quatro anos mais tarde, a entidade perdeu em definitivo o reconhecimento da entidade olímpica.
Devido a esse impasse, a organização dos torneios de boxe ficou a encargo do próprio COI nos últimos dois Jogos Olímpicos. Porém, essa situação improvisada tinha prazo para acabar.
O comitê anunciou que o boxe só seria mantido em Los Angeles 2028 se o esporte indicasse uma nova federação mundial para representá-lo.
O reconhecimento da World Boxing como a entidade internacional da modalidade, ocorrido em fevereiro deste ano, foi o fato decisivo para a manutenção do boxe no programa olímpico.
Para poderem garantir vaga nos próximos Jogos, os países terão de estar filiados à World Boxing no momento em que participarem dos torneios classificatórios.
A entidade foi criada em 2023 e conta, atualmente, com 84 países filiados, entre eles o Brasil. No continente americano, uma exceção chama a atenção: Cuba, segundo maior medalhista do boxe, ainda não aparece na relação dos membros da World Boxing.
O diretor de esportes do COI, Kit McConnell, disse esperar que, com o reconhecimento da entidade, haja uma “aceleração” da adesão das federações nacionais.