Anderson Dias

Depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004, o campeão Anderson Dias decidiu fazer do futebol para cegos uma atividade remunerada. O jogador fundou, no início deste ano, o Urece Esporte e Cultura para Cegos, associação esportiva do Rio de Janeiro com o objetivo de desenvolver o futsal de cinco para deficientes visuais.

Depois de 13 anos jogando pelo Instituto Benjamin Constant (instituição que atende a deficientes visuais no Rio de Janeiro), Anderson e alguns de seus companheiros de equipe decidiram que era hora de formar uma associação própria, que tivesse suas atenções voltadas para o esporte.

O principal motivo para a criação da Urece é a maneira como o Benjamin Constant lida com o esporte. Dedicado aos deficientes visuais, o instituto usa o esporte como uma de suas ferramentas. Os atletas, no entanto, desejavam que fosse dada mais importância a esta atividade.

Ainda sem experiência no meio do marketing esportivo, os atletas têm trabalhado com iniciativas simples para fazer o projeto decolar. Enquanto não conseguem receita para ter sua própria estrutura, os atletas usam o espaço do Benjamin Constant, que continua auxiliando no trabalho.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Anderson Dias explica como tem feito para transformar o paradesporto em profissão. Ainda à procura de patrocinadores, a promoção “Torcedor de primeira” é a esperança do pontapé inicial para eles.

Leia a seguir a entrevista com Anderson Dias:

Máquina do Esporte: Por que a criação de uma associação voltada para o paradesporto?

Anderson Dias: A gente começou a crescer e criou uma associação que visa buscar patrocínios para participar de todos os campeonatos, além de capacitar os profissionais que trabalham com a gente. Mas o principal objetivo é remunerar os atletas e profissionalizar tudo, remunerando também técnicos, fisioterapeutas e todos os outros profissionais.

ME: A maioria dos jogadores da Urece começou no paradesporto pelo Instituto Benjamin Constant. O instituto acabou ficando “pequeno” para seus objetivos?

AD: No Benjamin Constant havia problemas. Escolhia-se alguns campeonatos [para jogar] e outros eram deixados de lado. No ano passado, se não tivéssemos organizado um bingo, não teríamos mandado a equipe de goalball feminino para o campeonato brasileiro, em que elas foram vice-campeãs.

ME: Atualmente, ainda sem estrutura, todos os atletas da Urece seguem treinando no Benjamin Constant. Como é esse relacionamento?

AD: A gente quer fazer um trabalho integrado ao Benjamin Constant, utilizando o espaço deles e tendo ex-alunos do instituto nas nossas equipes. A nova direção está tentando mudar, mas não dá para conseguir as verbas necessárias sem uma política voltada para o esporte.

ME: O objetivo de tornar o paradesporto numa profissão, fazendo atletas e técnicos viverem disso, esbarra na necessidade de recursos. Qual a perspectiva de vocês na busca por patrocínios?

AD: A gente está começando agora, mas sabe que, se lutar, consegue patrocínio. Aqui no Rio temos grandes atletas, medalhistas paraolímpicos e que estão sempre nas seleções. Além disso, a contrapartida para os patrocinadores não seria apenas a divulgação de suas marcas em camisas e materiais de divulgação. A Urece também oferecerá palestras motivacionais e apresentações dos esportes para as empresas.

ME: A busca por patrocinadores pode não ter resultados rápidos. De que maneira a Urece pretende contornar possíveis problemas?

AD: Nós temos o projeto “Torcedor de primeira”. Nele, as pessoas podem ajudar a Urece com contribuições a partir de dez reais. A pessoa receberá em casa o boleto bancário todo mês, o que também facilita. Quem contribuir receberá materiais informativos da associação e, além disso, irá participar de eventuais promoções com patrocinadores.

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