Na última semana, a Puma anunciou acordo para o fornecimento do uniforme do Goiás, que neste ano disputa pela primeira vez a Copa Libertadores da América. O acerto com o clube goiano marcou a entrada da fabricante alemã em seu terceiro time no Brasil. Parceira do Grêmio em 2005, a empresa também tem em seu cartel o Cruzeiro.
A estratégia da Puma de inserção no mercado nacional segue um pouco a atuação da marca globalmente. Na Copa do Mundo na Alemanha, por exemplo, nenhuma outra marca estará em mais camisas do campeonato do que a Puma. Ao todo são 12 seleções patrocinadas, sendo o principal expoente a seleção da Itália, sem contar com grandes times (o que significaria grandes contratos) como Brasil, Argentina e Alemanha.
Nessa estratégia de “comer pelas beiradas”, a fabricante volta a investir pesado no Brasil, com o objetivo de fincar o pé no mercado nacional de futebol, prevendo um crescimento de 30% no mercado esportivo do país em 2006.
Para alcançar isso, a marca obteve o reforço de peso de Pelé, que lançou uma linha de roupas com seu nome pela Puma. Com o “Rei do Futebol” ao seu lado, a Puma prepara a divisão de atuação no Brasil, que será subdividida em moda e esporte, como revela André Silva, gerente de estilo da Puma, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
Leia a seguir a entrevista com o executivo:
Máquina do Esporte: A Copa do Mundo na Alemanha ajuda a Puma, que é uma empresa alemã, na sua estratégia de reaparecimento com força no mercado do futebol? Como a empresa está se preparando para isso?
André Silva: A Puma assumiu, desde seu retorno efetivo ao mercado “sportlifestyle”, um posicionamento muito subliminar e leve diante ao mercado de futebol. Tecnologia e materiais esportivos de alto impacto estão sendo desenvolvidos com mais afinco e recebendo uma dosagem maior de conceito de moda e visual para nos diferenciar das outras marcas. A marca possui além de carisma, uma forte tradição no futebol, que agora começamos a retomar o caminho, mas com muita sutileza. Isso faz com que a coleção Pelé (que é uma coleção de moda) seja uma volta destes tempos áureos.
ME: A contratação de Pelé tem como objetivo o mercado mundial ou é uma ação voltada para o mercado brasileiro? Qual a expectativa de crescimento de vendas da empresa com a contratação do ex-jogador?
AS: Na realidade o caso com Pelé não é uma contratação, mas uma parceria conjunta. O tema Pelé faz parte de uma fatia da coleção Puma que é chamada “From the Puma Archive”, onde grandes nomes do esporte são homenageados, por ter tido uma vivência, pertencido à história da companhia no passado. Assim chega a vez de Pelé ser uma referência por ter ganhado a Copa de 70 com chuteiras Puma.
ME: Qual a expectativa de faturamento da empresa com a venda de artigos da
grife Pelé?
AS: Existe sim um numero provisório, mas restrito à divulgação. Esperamos que venda muito, pois a coleção está incrível.
ME: A grife de Pelé será vendida apenas no Brasil ou em todo o mundo?
AS: A coleção será mundialmente vendida.
ME: Qual o investimento global que a empresa fará na campanha de marketing para 2006?
AS: Acreditamos que imagem é tudo, apresentar-se bem é fundamental. O investimento corresponderá a 15% de nosso orçamento.
ME: Na Copa do Mundo de 2002, o uniforme da seleção de Camarões causou polêmica ao não ser permitido o uso de mangas regatas. A Puma pretende fazer alguma inovação com relação aos materiais esportivos na Copa de 2006?
AS: Polêmica, tecnologia e inovações são ingredientes da nossa coleção. Para 2006, além de muitas inovações, a mais bacana a ser mencionada é V1.06. É um tecido desenvolvido em parceria com Manchester Metropolitan University. É um material criado para os uniformes com peso revolucionário e ainda não permite que o jogador adversário consiga segurar ou agarrar o oponente, o tecido destas peças escorrega entre as mãos.
ME: Como a empresa fará para participar da acirrada concorrência entre Adidas e Nike no universo do futebol em todo o mundo? A intenção é vestir o maior número possíveis de seleções, mesmo aquelas com menor chance de chegar à fase decisiva do torneio?
AS: A empresa não assumirá uma postura de competição com as demais marcas. Estamos investindo nas coleções e no marketing para obter resultados. A Puma veste seleções que se familiarizam com o estilo de vida da empresa. Alguns times da Copa Africana são exemplos disto. Somos a marca com maior participação na Copa 2006 ao vestir no total 11 seleções [após a entrevista a empresa ainda acertou o patrocínio à seleção de Angola, totalizando 12 equipes das 32 da Copa].
ME: No Brasil, a Puma fornece material esportivo para o Grêmio e participou também das concorrências no São Paulo, Corinthians e Palmeiras. Por que a decisão de a empresa investir em clubes de ponta no Brasil? É o início de um processo de expansão no país?
AS: No Brasil fornecemos apenas material esportivo para o Grêmio e nunca existiu, por nossa parte, a participação na concorrência do Corinthians e do Palmeiras [a concorrência no Corinthians foi confirmada à Máquina do Esporte por pessoas envolvidas nas negociações]. Estamos crescendo sim e no próximo anos investiremos com mais carinho no esporte.
ME: Qual o crescimento que a Puma espera obter em 2006 no Brasil? Qual será
o maior impulsionador dos negócios da empresa?
AS: Iremos crescer mais no ano que vem, é um resultado do processo da empresa que se dividirá em esporte e moda.
ME: Existe algum trabalho específico visando o combate à pirataria da marca Puma no Brasil?
AS: Estamos passando por este caminho como as demais marcas bem sucedidas. Estamos investindo bastante para agregar diferenciais de controle nas peças, como etiquetas, lacres e tecnologias, além de medidas judiciais.