O que era paixão virou assunto estratégico. Com um novo status, o esporte voltou a ser notícia na vida de Antonio Carlos Braga, conhecido como Braguinha, fundador da Icatu Seguros.
Braguinha sempre foi um entusiasta do esporte. É assíduo frequentador de competições – esteve em todas as Copas do Mundo de futebol desde 1950 e mantém um camarote em Roland Garros, por exemplo –, e ao longo da vida investiu em diferentes modalidades no segmento.
Como empresário, Braguinha foi dono da seguradora Atlântica Boavista, fundou o banco Icatu e chegou a ser o maior acionista minoritário do Bradesco.
Outra criação de Braguinha é a seguradora Icatu, empresa que transformou a paixão dele por esporte em parte fundamental na estratégia. A companhia tem portfólio de investimentos na vela e no hipismo, e neste ano fechou um patrocínio ao basquete masculino do Minas Tênis Clube.
Quem comanda a estratégia de marketing e produto da empresa é Aura Rebelo. Durante o evento de apresentação do patrocínio ao Minas Tênis, a executiva explicou o porquê de a companhia ter fechado o negócio. Além disso, deslindou os planos da marca para o esporte no curto e no médio prazo.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: Por que a Icatu decidiu investir no basquete do Minas Tênis Clube?
Aura Rebelo: Nós quisemos investir em Minas Gerais. A ideia era aproximar a marca de Minas Gerais, e o Minas Tênis é um caminho muito interessante para isso. Escolhemos o basquete porque é um esporte que tem muito a ver com o nosso negócio. Nós vendemos vida, previdência e planejamento financeiro. Fazendo um paralelo com o esporte, precisávamos buscar algo que fosse jovem, mas que falasse com públicos de diferentes faixas etárias e que tivesse um sentido de equipe muito presente.
Também temos um passado relacionado ao esporte. Nosso fundador é o Antonio Carlos Braga, conhecido como Braguinha, e ele tem muita história no esporte. Por isso, quisemos fazer algo com foco no longo prazo e assinamos com o Minas Tênis Clube um contrato de quatro anos. Já temos um vínculo antigo com a vela, patrocinamos provas de hipismo e agora estamos estudando uma investida no golfe.
ME: Que tipo de investimento a companhia pensa em fazer no golfe?
AR: Pensamos em dois ou três atletas jovens, aproveitando o perfil do esporte e o fato de ter se tornado olímpico. Mas vamos falar disso apenas mais para frente.
ME: O que a Icatu busca no Minas Tênis Clube? Exposição, construção de marca ou geração direta de negócios?
AR: Como marca, temos dois grandes objetivos: incentivar o esporte e trabalhar institucionalmente a Icatu. Por isso, queremos aproveitar o Minas Tênis Clube como uma plataforma para a aproximação de clientes, parceiros e possíveis consumidores.
ME: Com comunicação ou com a criação de produtos e serviços especiais?
AR: A parceria da Icatu com o Minas vai muito além do basquete. Teremos uma série de produtos e serviços específicos para o clube. Além disso, queremos usar as mídias internas para falar com clientes. Podemos colocar nossa comunicação em placas, painéis, revistas e outras plataformas que o clube oferece.
Pretendemos investir fortemente em eventos. Temos uma proposta interessante para os associados. Trabalhamos produtos de longo prazo, e queremos aproveitar o perfil do clube, que tem filiados de todas as faixas etárias.
ME: A senhora disse que a Icatu estava interessada em investir em Minas Gerais Por quê?
AR: Abrimos uma filial em Minas Gerais recentemente, em Caeté, e estávamos precisando trabalhar de forma mais presente a associação com o povo daqui. Minas Gerais tem sido o nosso xodó.
ME: E por que assinar um contrato tão duradouro? Quais são as vantagens que a empresa enxerga nesse prazo?
AR: Quando falamos em projetos para a marca, pensamos sempre no longo prazo. Estamos na vela há cinco anos, e isso serve como exemplo para o basquete. Não queremos entrar e sair logo depois. Em vez disso, pensamos em evoluir juntamente com o esporte.
ME: Qual é o plano da Icatu para ativação e relacionamento nos jogos do Minas Tênis Clube?
AR: A ideia é trazer nossos clientes para os jogos do Minas. Queremos que eles vivenciem essa experiência, conheçam o clube e aumentem o contato com a marca. Mas sabemos que isso é algo que terá efeito em médio e longo prazo.
ME: Haverá alguma campanha de mídia atrelada ao patrocínio? Qual é o valor investido na associação?
AR: O que nós podemos falar é que nós pegamos todo o dinheiro de publicidade e colocamos no time, mas não falamos em valores.
ME: Com esse negócio, é possível dizer ao menos o quanto o esporte cresceu nos planos da empresa?
AR: O que podemos dizer é que o esporte mais do que dobrou em participação no nosso orçamento anual. Praticamente triplicou.
ME: A Icatu tem algum projeto específico para atletas do Minas Tênis Clube?
AR: Assinamos alguns contratos de imagem com atletas. Temos acordos específicos com três ou quatro jogadores, que foram escolhidos pelo próprio clube. Queremos que esses atletas se aproximem da marca e participem de eventos que vamos fazer.
Na semana passada, por exemplo, tivemos um evento da empresa em Caeté. Levamos dois atletas do Minas Tênis, e as pessoas adoraram. Também queremos usar muito o Max, que é a mascote. Ele vai personificar o projeto.
ME: Já é possível prever quais serão os próximos passos nessa parceria? A Icatu já consegue dizer em que pontos o projeto precisa ser aprimorado ou turbinado?
AR: Os próximos passos dependem muito da evolução do próprio basquete. Apostamos muito na aceitação e no aumento do reconhecimento, mas só os primeiros jogos é que vão mostrar quais são exatamente os gaps no projeto.