Os constantes atrasos nas obras das instalações que serão usadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro e, consequentemente, o aumento no orçamento, podem manchar a organização da competição. Para evitar que isso aconteça, as contas deverão ser abertas ao público em breve.
Isso é o que diz o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e Comitê de Organização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (Co-Rio), Carlos Arthur Nuzman.
“Nós até vamos fazer uma apresentação sobre esse assunto, pois temos que deixar claro que durante a candidatura foi realizado todo um processo. Os Jogos seguem por uma outra concepção, que são conceitos e modelagens diferentes. Você não pode comparar coisas distintas, por isso iremos apresentar esses detalhamentos em breve”, afirma Nuzman.
O dirigente diz ainda que os atrasos nas obras não irão prejudicar o andamento do Pan e que ainda servem como experiência para futuros eventos desse porte que o país queira organizar, como uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada.
“As pessoas têm que entender que esta não é uma questão meramente física, de se terminar as obras. Temos também o fator tempo, o fator legal. Nós estamos aprendendo”, diz o presidente do COB e do Co-Rio.
Nesta entrevista à Máquina do Esporte, Nuzman fala ainda sobre a diferenciação entre os fornecedores de material esportivo para algumas modalidades na delegação brasileira, dá mais detalhes sobre o atraso nas obras das instalações utilizadas no Pan e o acréscimo no valor gasto pelas três esferas governamentais no evento.
Leia a seguir a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: Como o senhor avalia as estratégias de divulgação do Pan até aqui?
Carlos Arthur Nuzman: Acho que a repercussão da divulgação é muito grande. Nós observamos que ela ultrapassa tudo o que nós poderíamos esperar. A mídia está fazendo um trabalho extraordinário na divulgação. Sua participação é digna de um dos destaques dos Jogos.
ME: O que o COB e o Co-Rio ainda farão para divulgar o Pan?
CAN: O intuito do COB e do Co-Rio é sempre o de divulgar os Jogos ainda mais. Até julho, nós iremos promover algumas ações neste sentido.
ME: O senhor pode nos adiantar qual o tipo de trabalho será feito?
CAN: Deixa isso avançar um pouco mais. Não vai adiantar muito eu falar o que estamos pensando. O importante nisso tudo é o momento em que estas iniciativas forem surgindo. A partir daí vocês terão a idéia de como estão sendo processadas.
ME: A Olympikus é a patrocinadora oficial do COB. Todas as modalidades terão de utilizar os uniformes da empresa?
CAN: Não, existe uma diferenciação. Inclusive essa foi uma decisão até importante. Têm uniformes de alguns esportes que não são fabricados em série por fábricas de material esportivo, casos do hipismo e judô, por exemplo.
ME: E o futebol? A Confederação Brasileira de Futebol já conta com o contrato da Nike…
CAN: O caso do futebol é diferente porque ele tem um acordo anterior ao nosso, e isso é respeitado. Mas este caso não traz nenhum tipo de problema. Em outras edições dos Jogos também foi feito desta forma.
ME: Qual o motivo para esse acréscimo nos gastos na organização dos Jogos?
CAN: Nós até vamos fazer uma apresentação sobre esse assunto, pois temos que deixar claro que durante a candidatura foi realizado todo um processo. Os Jogos seguem por uma outra concepção, que são conceitos e modelagens diferentes. Você não pode comparar coisas distintas, por isso iremos apresentar esses detalhamentos em breve.
ME: O senhor acredita que houve falta de planejamento na concepção do Pan?
CAN: De maneira nenhuma, ao contrário. Temos que agradecer ao prefeito César Maia, ao governador Sérgio Cabral, ao presidente Lula, aos ministros Orlando Silva Jr. e Agnelo Queiroz, pois todos entenderam que esse era um momento de ouro para o país. O Brasil hoje entrega ao mundo uma cidade olímpica, a maior da América Latina, e entrega aos atletas brasileiros algo que jamais nós tivemos: instalações para esportes que antes nem eram praticados, não existiam espaços para os treinamentos.
ME: Até que ponto os atrasos nas obras prejudicam a organização do evento?
CAN: Não atrapalham em nada. As pessoas têm que entender que esta não é uma questão meramente física, de se terminar as obras. Temos também o fator tempo, o fator legal. Nós estamos aprendendo.
ME: Mas a idéia inicial não era realizar uma série de eventos-teste antes dos Jogos?
CAN: Sim, mas a questão é que nem sempre se fazem testes em todas as modalidades. Tudo tem que se adequar às condições encontradas.
ME: E qual a principal preocupação quanto aos atrasos, já que estamos a menos de quatro meses da cerimônia de abertura…
CAN: A preocupação sempre será no contexto geral. Não vamos definir um ponto específico de preocupação. Mesmo assim, não podemos fugir a todos os elementos de uma organização, que são importantes. Todos eles serão objetos de atenção e não iremos relaxar. Não podemos achar que ninguém está olhando e que a coisa funcionou. Isso faz parte de quem está dirigindo e sempre estarei atento neste sentido.
ME: Qual a importância do Pan para o esporte olímpico brasileiro?
CAN: Total. O Pan é um divisor de águas na história do esporte brasileiro, na história do país. Vou te dar um exemplo. Presidi a CBV e organizei todos os campeonatos mundiais. Agora veja a quantidade de atletas que são motivados pelas conquistas e ídolos que têm por perto. Da mesma forma, o Pan vai trazer muito aos jovens que nunca puderam imaginar participar de um evento deste nível.