Carlos Col

Dois mil e seis será lembrado para a Stock Car como o ano de sua consolidação como principal categoria do automobilismo brasileiro. Nunca as etapas foram tão transmitidas ao vivo pela TV Globo [audiência média de 10 a 15 pontos] e ganharam destaque nos principais noticiários esportivos do país. Além disso, a Stock registrou um retorno de mídia de cerca de R$ 160 milhões, melhor marca da sua história.

Apesar desses bons números, a Stock Car ainda tem espaço para crescer muito mais. Quem vislumbra esse cenário é Carlos Col, presidente-diretor da Vicar Promoções, responsável pela categoria. O primeiro passo para a busca de novos mercados foram as parcerias com a empresa CIE e com o publicitário Nizan Guanaes. Com esse apoio, a Stock pretende angariar novos patrocinadores [o primeiro foi a Nextel, que fechou um contrato master], diversificar suas ações e, com isso, ganhar espaço em outras mídias especializadas além da esportiva.

“Realizaremos muitas ações para estarmos ainda mais presente na mídia, não só na especializada, mas na de negócios e social. Queremos agregar esse público também”, afirma Col.

Dentro desse processo de expansão e conquista de novos mercados, a TV Globo é tida como forte aliada no processo de divulgação da categoria. Tanto que, a partir da próxima temporada, o número de etapas transmitidas ao vivo, sempre aos domingos de manhã, subirá de seis para oito.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Carlos Col diz que a Stock Car pode migrar para outros países latinos, inclusive no México, afirma que a Nascar deve ser uma aliada e não uma concorrente, além de criticar os atuais autódromos brasileiros, que impedem um aumento no número de espectadores nas corridas da categoria.

Confira a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Quais os principais progressos comerciais nesta temporada em relação ao ano anterior?

Carlos Col: Nesta temporada nós tivemos um aumento no número de transmissões ao vivo pela TV. Além disso, fizemos uma parceria com o CIE com o Nizan Guanaes, visando uma mudança na nossa plataforma de negócios. Essa associação está movimentando um projeto novo de comunicação que começou a ser implantado nos últimos 40 dias, objetivando a divulgação e comercialização do campeonato.

ME: Quais foram as principais ações de marketing colocadas em prática nesta temporada?

CC: Uma característica importante da Stock Car é o grande espaço para ação de marketing e de relacionamento, que são feitos pelos nossos parceiros. Vários têm tirado proveito dessas ações.

ME: Quantas empresas investem direta e indiretamente na Stock Car? Quanto a Stock Car arrecada por ano?

CC: Oito diretamente e cerca de 80 indiretamente. Número total de investimento, entre patrocinadores das equipes e da organização é de R$ 100 milhões. A nossa expectativa é que esse número aumente ainda mais na próxima temporada, com um número maior de etapas na TV. Além dos R$ 100 milhões dos investidores, se você somar com o retorno de mídia, o tamanho geral do business está avaliado em R$ 260 milhões. Em 2005 esse número era inferior a R$ 200 milhões.

ME: Como o publicitário Nizan Guanaes ajudará no desenvolvimento da Stock Car? Qual a importância do acordo com uma agência de publicidade?

CC: A importância é muito grande. Eles têm uma grande expertise. Eles fizeram um grande planejamento para 2007. A primeira grande mudança é o aumento do número de transmissões ao vivo. De seis para oito etapas. Somado a isso, realizaremos muitas ações para estarmos ainda mais presente na mídia, não só na especializada, mas na de negócios e social. Queremos agregar esse público também.

ME: Como foi desenhada a parceria com a Rede Globo?

CC: A parceria com a Globo começou em 2000, quando eu visitei o Luis Fernando Lima [diretor de esporte da Rede Globo]. Trocamos idéia sobre a possibilidade de a Stock Car passar a ser transmitida. Ele então traçou algumas metas, como transformar a categoria em multimarcas. Além de ter um número maior de marcas de carros no grid, também tivemos uma renovação dos pilotos.

ME: A presença de Cacá Bueno [filho de Galvão Bueno] foi importante para isso?

CC: Para a Globo não. Ele tem uma importância para a categoria, pois é um ídolo. Mas ele não tem qualquer relação com a nossa parceria com a Globo. É uma parceria empresarial.

ME: A emissora irá falar o nome da Nextel na próxima temporada?

CC: A Globo tem a política dela de tratar o assunto. Nós respeitamos e a Nextel também respeitou. A Globo fazer menção ajuda, mas não é fundamental. A Nextel está muito feliz com a parceria e sabe que será muito útil para o desenvolvimento da Stock Car nas próximas temporadas.

ME: A Stock Car pretende aumentar o número de etapas no próximo ano?

CC: Vamos permanecer com o mesmo número de etapas [12] em 2007. Aumentaremos para 14 em 2008.

ME: A prova argentina está confirmada para o próximo ano? Existe plano para no futuro a categoria ser disputada em outros países, além da Argentina?

CC: A prova da Argentina está prevista no calendário do próximo ano, mas a sua realização depende do cumprimento de algumas solicitações que fizemos. Além disso, já existem sondagens para que a Stock Car corra em outros paises, como Guatemala, Costa Rica e México.

ME: Com essa expansão, pode existir algum tipo de disputa entre a Stock Car e a Nascar?

CC: Não há uma possibilidade de disputa. Existe uma possibilidade de sinergia entre as duas categorias. Queremos estreitar ainda mais nosso relacionamento com a Nascar e realizar parcerias. É um desejo mútuo, mas não tem nada formalizado.

ME: Qual a média de público da Stock Car neste ano?

CC: Em torno de 30 mil pessoas. No ano passado, tivemos uma média de 33 mil.

ME: Como aumentar para a próxima temporada?

CC: Esbarrando em limitações físicas. Temos autódromos no Brasil com capacidade boa, como no Rio de Janeiro, mas a maioria não comporta um público maior. Então, para atrairmos mais pessoas, teríamos que realizar obras em diversos autódromos, o que ficaria inviável. A intenção é manter a nossa atual média de público.

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