Christiano Kunzler

A Brasil Máquinas terá Rubens Barrichello como principal nome no automobilismo em 2012. A empresa fechou com o atleta em 2011, ainda para a Fórmula 1, mas aceitou a nova condição do brasileiro, que disputará a Fórmula Indy neste ano. Para a empresa, o novo patrocinado dará força para a internacionalização da BMC.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o vice-presidente da BMC, Christiano Kunzler, exemplificou a importância de Barrichello no esporte brasileiro. “Vi uma pesquisa que dizia que ele é o esportista brasileiro em atividade mais conhecido no mundo. São 19 anos de Fórmula 1; isso é muito tempo. Ele traz muita credibilidade, muita exposição para a marca”, afirmou.

O plano da BMC para este ano é sair dos R$ 700 milhões em faturamento e chegar ao R$ 1 bilhão. Conta, para isso, com a parceria com a chinesa Zoomlion e a esperança de abrir as portas para o mercado internacional. Com uma imagem mais forte fora do país, a companhia, que surgiu apenas em 2007, quer começar a exportar para o restante da América Latina.

Com a Fórmula Indy, o marca quer continuar com o trabalho que foi feito em 2011. A empresa entrou no automobilismo por meio da Stock Car, com a aposta de relacionamento com os clientes nos camarotes das corridas. “Nós montamos um pacote e levamos os clientes para as provas. É uma oportunidade de estar mais perto do seu consumidor, do seu cliente final. É um ambiente agradável, são domingos gostosos que nós passamos junto com os eles para estreitar a relação”, afirmou.

Para a Fórmula Indy, o plano permanece. O empresa já planejou uma promoção para levar clientes em Indianápolis, mas a principal ação deverá ser em São Paulo, na corrida que acontece no Anhembi. “Nós acreditamos que vamos multiplicar a exposição da empresa, vamos montar outra oportunidade de estar junto com os clientes para juntar e somar mais ao nosso negócio”, completou Kunzler.

Leia a entrevista na íntegra:  

Máquina do Esporte: Por que a BMC investe no automobilismo?

Christiano Kunzler: A BMC tem ligação com o automobilismo em função do nosso negócio. Nosso negócio são máquinas, máquinas de construção civil, máquinas da Hyundai, escavadeiras hidráulicas, máquina para bombeamento de concreto da marca Zoomlion. São máquinas que estão trabalhando no Brasil inteiro, e o Brasil está sendo construído do Oiapoque ao Chuí. E as máquinas são de performance. Então os nossos clientes gostam muito da questão do motor, da questão da performance. Eles são consumidores desses equipamentos para executar as obras de infraestrutura, seja uma estrada, seja um condomínio residencial. E ainda tem as obras da Copa do Mundo, as obras do metrô, dos estádios que estão sendo construídos. Enfim, o Brasil está sendo construído como um todo. Nosso cliente tem muita ligação com essa questão da performance, da produtividade, do conjunto motor-homem, até porque os equipamentos tem pessoas que os comandam. O equipamento que ele usa no dia a dia dele tem uma ligação também com essas máquinas de corrida que são os carros. E que remetem às mesmas formas: desempenho, performance, potência.

ME: Como o cliente entra nesses investimentos?

CK: Nós percebemos que essa seria uma oportunidade de estar junto com o nosso cliente, porque, em todas as etapas da Stock Car, nós fazemos o camarote para levá-los a um novo ambiente, que não é o do dia a dia da semana. Então ele consegue levar a família, a mulher, os filhos, e nós montamos um pacote e levamos os clientes para as provas. É uma oportunidade de estar mais perto do seu consumidor, do seu cliente final. É um ambiente agradável, são domingos gostosos que nós passamos junto com os eles para estreitar a relação.

ME: Como esses investimentos começaram?

CK: A BMC foi fundada em 2007, mas nós começamos a participar de corridas do automobilismo no ano passado. Nós começamos com o carro do Tuka Rocha, e em seguida com o Galid Osman. O retorno era uma incógnita no começo. Nós nos questionamos, já que nunca tínhamos mexido com marketing esportivo. E o investimento é elevado, não é brinquedo mexer com automobilismo, a coisa é cara. Só que nós estávamos percebendo que, a cada corrida, os clientes estavam cada vez mais aderindo às corridas, à empresa, e isso começa a passar outros valores para a sua marca, seu cliente, em termos de ser uma empresa competitiva, de estar apoiando o esporte. É um incentivo saudável. E faltam incentivos, investimentos no automobilismo em geral. O resultado, o balanço do ano, foi super positivo. Foi tão positivo que nós entramos em outros patrocínios.

ME: Como foi o contato com Rubens Barrichello?

CK: Nós patrocinamos no fim do ano a corrida do Felipe Massa, o desafio das estrelas. Lá nós conhecemos o Rubinho. Começamos a ter um contato pessoal. O Rubinho veio com a ideia de fazer o vigésimo ano dele na Fórmula 1, e nós compramos a ideia de estar junto com ele e entrar com uma cota de patrocínio no carro dele da fórmula 1. A equipe (Williams) tomou as suas decisões, mas o patrocínio era em função da pessoa do Rubinho. Nós não deixamos de apoiar a figura do Rubinho e então encaramos esse desafio de entrar junto com ele na Fórmula Indy. Ele veio para nós e falou que continuaria pilotando, que teve uma experiência fantástica nos testes que ele fez na categoria, e nos mostrou o pacote e a ideia. Nós acreditamos que vamos multiplicar a exposição da empresa, vamos montar outra oportunidade de estar junto com os clientes para juntar e somar mais ao nosso negócio, a imagem de ser uma empresa competitiva, agressiva, em alta velocidade.

ME: O que o Barrichello oferece á BMC de diferente do outros patrocínios no automobilismo?

CK: Na realidade, o que ele oferece a mais é que ele é uma figura internacional. Vi uma pesquisa que dizia que ele é o esportista brasileiro em atividade mais conhecido no mundo. São 19 anos de Fórmula 1; isso é muito tempo. Ele traz muita credibilidade, muita exposição para a marca. O fato de ele estar junto fez com que muita gente passasse a conhecer a BMC em função da marca Rubinho, da credibilidade dele. O negócio da nossa empresa é vender equipamentos, nós vivemos de vender máquinas de construção. Então quando nós trazemos um peso pesado como o Rubinho, nós esperamos vender mais. O que ele está trazendo é uma exposição muito maior. Os meios de comunicação estão sempre em volta do que ele está fazendo, ou do que ele vai fazer. A ideia é a mesma: vender mais máquinas, ter pilotos de alta performance e divulgar mais a marca BMC, agora de forma internacional.

ME: E o que a Fórmula Indy oferece para a empresa de diferente na hora de fazer ativações nas corridas? Tem diferença do que seria feito na Fórmula 1?

CK: Tem uma diferença que, como as provas são nos Estados Unidos, fica mais próximo para assistir às provas e levar os clientes até essas provas. Nós estamos montando um grupo de clientes que estão participando de uma promoção que nós estamos fazendo: quem compra um equipamento está credenciado para ver uma corrida da Fórmula Indy, na corrida de Indianápolis. A possibilidade de ir mais rápido para os Estados Unidos é muito melhor do que ir até a Europa. Além disso, a Fórmula Indy é mais aberta a receber os patrocinadores. A Fórmula 1 tem aquela coisa de bloqueio em tudo quanto é lugar. O acesso ao piloto e o acesso aos boxes são muito melhores na Fórmula Indy do que na Fórmula 1. Então o contato do cliente com essa experiência de corrida vai ser muito maior.

ME: E qual é o plano para aproveitar a corrida da Indy em São Paulo?

CK: Nós vamos ter camarote nessa prova, na corrida do Anhembi. Nós queremos encher esse camarote. A ideia é levar os nossos clientes para essa prova. São clientes que estão conosco, que são fieis à marca. O mesmo trabalho que nós fazemos na Stock Car, nós vamos fazer no Anhembi.

ME: A ativação em São Paulo vai ser diferente do que vocês fazem no restante do circuito?

CK: Não. A ideia é levar os clientes para um lugar especial, um ambiente especial, agradável, onde eles possam assistir com tranquilidade à corrida. É o mesmo padrão que nós fazemos na Stock Car.

ME: E quais são os próximos passos da BMC no automobilismo? A empresa já pensa nisso?

CK: É difícil. Eu não imaginava que um dia eu estaria patrocinando um carro na Stock Car. Agora nós patrocinamos dois. E muito menos imaginava ter um carro na Fórmula Indy. E hoje nós temos um. É difícil dizer sobre o dia do amanhã, mas as possibilidades estão abertas. O Rubinho ainda fala que quer fazer o vigésimo ano na Fórmula 1 e se o balanço for positivo neste ano, como nós esperamos, por que não? Nós estávamos com ele no ano passado, e a equipe dele tomou essa decisão. Nada impede que nós façamos um pulo e irmos para a Fórmula 1 também.

ME: O alcance da Fórmula 1 e da Fórmula Indy é global. A BMC já pensa nesse mercado fora do Brasil?

CK: A BMC passa por um processo de virar uma empresa internacional. Nós fizemos uma joint venture com a Hyundai, em que nós somos sócios da fábrica da Hyundai que está sendo feita em Itatiaia. E essa fábrica vai ser uma planta para abastecer o mercado nacional e vai ser uma planta exportadora para toda a América Latina. Então está em linha esse processo de internacionalizar a empresa.

ME: A Zoomlion é uma marca chinesa que opera no Brasil há pouco tempo. Essa invasão de marcas chinesas tem uma influência direta no trabalho da BMC?

CK: Quando se fala de mercado, a China é um mundo a parte. Só para ter uma ideia, o mercado mundial consome algo em torno de 700 mil equipamentos, e 50% disso é só na China. A chegada dos chineses é muito agressiva. Eles estão vindo para Brasil, estão plantando fábricas, mas e eu vejo isso de forma natural. A competição é boa. Tinham apenas dois players no Brasil, concorrentes da Zoomlion, e hoje já temos mais pelo menos três marcas deferentes, somando cinco, seis fabricantes no Brasil. Então a competição é importante, eu vejo com bons olhos. A Zoomlion tem uma fatia importante no mercado brasileiro e, se Deus quiser, no ano que vem nós já estaremos com uma fábrica produzindo equipamentos no Brasil e exportando.

ME: Quanto a BMC vendeu em 2011 e qual é a perspectiva para este ano?

CK: A BMC fechou o ano passado com um faturamento perto dos R$ 700 milhões, e a busca é para chegar ao primeiro bilhão neste ano. É uma tarefa bem difícil e árdua, mas com a ajuda desses dois pesos pesados, a BMC com certeza atinge esse patamar em 2013.  

Sair da versão mobile