A marca da CSU já é conhecida pelo menos por torcedores santistas. Após acertar patrocínio com o Santos no início deste ano, a empresa inseriu o logotipo no interior do número, nas costas dos uniformes, como faz a TIM em rivais, como Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Mas, agora, pretende aumentar a participação no mercado esportivo.
A companhia desenvolveu programa de cartão de crédito para oferecer a times de futebol brasileiros, no qual, além de gerar receita imediata, o comportamento desses fãs é mapeado. Com informações sobre o consumo da torcida em mãos, dirigentes poderão valorizar patrocínios. E o critério para a escolha dos times é a própria torcida.
“Nós somos remunerados pelo sucesso, então um dos critérios é o potencial comercial”, afirma Danilo Vasconcelos, diretor da MarketSystem, divisão de negócios da CSU. “Em função disso, para o clube se beneficiar, temos como critério tamanho de torcida”, completa, desconsiderando fatores como a divisão na qual o time está.
Em entrevista à Máquina do Esporte, o executivo detalhou o projeto e explicou quais serão os próximos passos a ser tomados. A CSU ainda precisa definir qual será o banco parceiro na empreitada, algo que influencia diretamente em qual será a bandeira dos cartões de crédito. As equipes, segundo ele, completam o tripé.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: O que vocês estão lançando?
Danilo Vasconcelos: Estamos chamando a solução de fans engagement, ou engajamento de torcedores. É um programa de fidelidade temático, com acúmulo e resgate de pontos, de longo prazo, que dá pontos para o torcedor em função de uma série de interações.
ME: Quais?
DV: Uma delas é o uso do cartão de crédito. Isso é um diferencial, e outras, como comprar ingressos e interação em mídias sociais. O comportamento em mídias sociais também vai poder pontuar, bem como compra de produtos. É um programa que envolve todos os pontos de interação com clube.
ME: Qual bandeira vocês vão usar? Visa? MasterCard?
DV: Vamos ter parceria com um banco, e dependendo desse banco vamos definir a bandeira. Estamos definindo ainda qual será o banco emissor, e em função disso vamos definir bandeira só depois. Essa parte será definida após escolher o banco.
ME: Quanto tempo isso deve levar?
DV: Estamos próximos, e isso deve acontecer em duas semanas.
ME: Vocês terão de fechar parcerias com clubes, certo?
DV: Clubes, nesse caso, são clientes. Estamos conversando com alguns clubes, em função de ter solução interessante, plataforma multibandeira e tecnologia. Conseguimos organizar essa solução, então estamos falando com alguns nesse momento.
ME: Qual o critério para escolher os clubes?
DV: Um dos critérios, até porque o modelo de prestação de serviço da CSU é flexível, e nós somos remunerados pelo sucesso, é o potencial comercial. Então, comercialmente, tudo está sendo bem aceito pelos clubes. Em função disso, para o clube se beneficiar, temos como critério tamanho de torcida. Não é coisa diretamente ligada à divisão.
ME: A indefinição do banco pode atrapalhar de alguma maneira?
DV: Precisamos do banco para sustentar o projeto, mas já podemos conversar com clubes.
ME: Vocês precisarão de mais algum agente atuando para lançar o negócio?
DV: Não, e esse é um dos nossos discursos junto aos clubes. Diferentemente do que vemos por aí, de empresas que tentam lançar projetos similares, temos tudo dentro de casa. Há sinergia das nossas unidades. Temos a MarketSystem, que sou responsável, a CardSystem, que ajuda a negociar com banco, então temos um valor agregado que poucas empresas conseguem ter. Um centro de atendimento, para fazer atendimento a cartão de credito, entre outros. Então conseguimos fazer tudo isso dentro de casa.
ME: E qual a função do banco exatamente?
DV: O banco entra para dar o crédito.
ME: Um cartão de crédito da CSU irá conflitar com outros já existentes nos clubes?
DV: Tecnicamente, não tem problema. Aí dependerá do clube. Outra coisa interessante é que as pessoas têm muitos cartões. É cultural ter mais de um cartão. Várias bandeira, emissores, é normal. Então não tem problema.
ME: Qual será o diferencial do cartão de vocês?
DV: É um projeto diferenciado. Além da integração com programas de cartões de crédito, e de não ter praticamente nenhum outro no futebol, é diferenciado porque pontua de diversas formas, incluindo rede social, comportamento, algo que traz modernidade. Dependendo do que se faz no Facebook ou no Twitter, dá pra pontuar, e o que respalda no fim das contas é o que chamamos de estratégia de premiação.
ME: E haverá algum ônus para os clubes?
DV: Tudo é viável do ponto de vista financeiro para o clube. Temos ferramentas, tecnologias e conhecimento para fazer gestão extremamente eficiente nesse processo.
ME: Quais serão os prêmios?
DV: Os prêmios serão benefícios e privilégios do clube, coisas que ninguém pode comprar, como assistir a treino com exclusividade, uma estratégia que é extremamente atrativa para quem gosta de futebol e que pode custar zero. Produtos e serviços, milhares de prêmios. Há pelo menos cinco mil prêmios em catálogo, como experiências, e até saídas mais modernas, como leilão, compra coletiva. É extremamente amplo. Esse é nosso diferencial.
ME: E como funcionará o mapeamento dos torcedores?
DV: Como nós somos uma empresa de database marketing, temos por trás uma estratégia de longo prazo. Um diferenciador, que é captar pontos de contato e conseguir traçar efetivamente o perfil do torcedor, aumentar relevância, vender e entregar coisas relevantes, de tal forma que clube tenha um grande ativo.
ME: Que tipo de ativo?
DV: O clube vai ter um ativo que ajuda a negociar com patrocinador. Passa a ter não só a questão da marca como time, mas a base de torcedores conhecida, que olha o que ele fala. Não só pra ele próprio clube gerar mais receitas, mas para levar mais valor para o patrocínio.
ME: Vocês estão prontos para encarar a natureza do esporte brasileiro, às vezes levada por paixão e política?
DV: Tenho acompanhado, talvez menos o jogo em si e mais os bastidores do que vêm acontecendo, e tenho ficado otimista em relação ao que tenho visto. Participei de evento há algumas semanas de governança corporativa no mercado do futebol. Tinha dirigentes de quatro ou cinco grandes equipes, e fiquei impressionado com a forma como palestrantes foram técnicos, falando de como têm evoluído. Temos ido visitar clubes, e a gestão está de fato se profissionalizando. Ainda há, eventualmente, algumas questões, mas vejo uma crescente que nos anima a levar adiante esse tipo de projeto.