Depois de quase quatro meses no mercado, o Corinthians conseguiu um patrocinador master. A Batavo acertou, na semana passada, um acordo de R$ 18 milhões com o clube do Parque São Jorge. A empresa voltou a investir no futebol depois de nove anos, com os desafios de não repetir a estratégia da Medial Saúde e aproveitar o fator Ronaldo.
Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Eric Boutaud, diretor de marketing da unidade de negócios da Batavo, explicou parte da negociação e alguns planos para a parceria. O primeiro ponto a ser esclarecido, no entanto, é a relação com Ronaldo, que foi relativizada pelo executivo.
?Não dá para desvincular dele. É claro que ele ajuda, mas nós já estávamos analisando o Corinthians. Ele é apenas um fator a mais?, disse Boutaud.
Com contrato assinado até o fim da participação do clube na Copa São Paulo de Juniores de 2010, a Batavo terá a Off Field como parceira de ativação. Juntas, as duas empresas terão de colocar em prática uma estratégia que una a marca de laticínios ao clube, fugindo da mera exposição de imagem.
No ano passado, quando esteve na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, o Corinthians viveu uma situação parecida. O investimento de R$ 16,5 milhões da Medial Saúde, o maior do país até então, aliviou as contas alvinegras durante o ano, mas não transformou-se em exemplo de proximidade e reconhecimento do público.
Em novembro, a companhia de seguros anunciou sua saída do clube em decorrência da crise financeira. A Batavo entende que é muito cedo para falar em renovação, mas trata a possibilidade de permanência como a ideal dentro do cenário atual.
?Se tudo caminhar bem durante o ano, a gente entende que pode continuar patrocinando o Corinthians no ano que vem?, avaliou Boutaud.
Leia a íntegra da entrevista a seguir:
Máquina do Esporte: Hoje a Batavo é uma marca da Perdigão. Qual das duas marcas definiu o patrocínio ao Corinthians?
Eric Boutaud: A companhia que escolhe é a Perdigão. A Batavo faz parte da empresa, mas quem decide é a própria Perdigão.
ME: E por que, dentro das opções que ela tinha, a Perdigão escolheu estampar a Batavo?
EB: A Batavo já tem um histórico de ligação com o futebol [a marca patrocinou o clube em 1999 e 2000]. A própria Perdigão já tem uma força muito grande. Então decidimos fazer a Batavo crescer, e o Corinthians vai ajudar muito nisso.
ME: O que mudou na atuação e no posicionamento da Batavo do fim da década de 1990 até agora?
EB: A companhia, internamente, mudou muito, mas tem gente que está aqui desde aquela época. A essência da Batavo é igual, e agora queremos fazer um trabalho ainda melhor, que renda mais títulos.
ME: A Off Field é a parceira de vocês para ativação de patrocínio e também intermediou o negócio. O que vocês planejam para essa área?
EB: A Off Field vai orquestrar alguma coisa com a gente ali no campo. Os jogadores vão representar a marca fora também, mas queremos manter o foco no Corinthians, e não no Ronaldo. Poderemos fazer ações de endomarketing também. A ideia é compartilhar tudo isso com o público, e mostrar que nós apoiamos o Corinthians.
ME: E qual a importância do Ronaldo para esse acordo?
EB: Não dá para desvincular dele. É claro que ele ajuda, mas nós já estávamos analisando o Corinthians. Ele é apenas um fator a mais na negociação.
ME: Por que vocês escolheram o Corinthians?
EB: A gente tem esse histórico. Nós sempre nutrimos muita simpatia pelo Corinthians, e hoje ele está sendo visto e falado mais que os outros. É um investimento muito mais fácil, com retorno garantido.
ME: Dá para ter certeza de que vocês vão construir uma relação com o clube, e não apenas passar um ano estampando a marca?
EB: Para nós esse patrocínio é muito mais do que a exposição na mídia. Nós vamos continuar atuando em outras áreas também, mas queremos criar essa relação mais próxima. Se tudo caminhar bem durante o ano a gente entende que pode continuar apoiando o Corinthians no ano que vem.