Ernesto Yang

Não são apenas as empresas de grande porte que estão assanhadas com a perspectiva de mercado que o Brasil vislumbra para os próximos anos, moldada por um aquecimento da economia nacional e turbinada pela presença da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. O cenário positivo também animou companhias pequenas, como a Vollo, do segmento de material esportivo.

Criada em 2007, a empresa tem um projeto de crescimento na casa dos três dígitos até 2016. Para isso, faz planos de investir em patrocínios no esporte nacional, com focos em ONGs criadas por jogadores e até em clubes de futebol.

“Nesse semestre, temos uma previsão de investir R$ 8 milhões em novos produtos, marketing, patrocínio e lançamento da nova linha”, contou Ernesto Yang, idealizador da marca, em entrevista à Máquina do Esporte.

A proposta da Vollo é se diferenciar por dois aspectos: o preço e a busca por modalidades pouco difundidas no Brasil. Com linhas para esportes como futebol americano, beisebol e badminton, a ideia da marca é aproveitar o crescimento que esses esportes terão até os Jogos Olímpicos de 2016.

Confira a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Qual é a previsão de crescimento da Vollo para o mercado brasileiro nos próximos anos? Como o fato de o país receber Copa do Mundo e Jogos Olímpicos influencia o planejamento de vocês?

Ernesto Yang: O projeto é de crescimento é para três dígitos, no mínimo, nos próximos anos. A gente tem investido muito na marca, com a intenção de apostar em patrocínios e ações de marketing. Vamos investir mais em função de Copa e Olimpíadas. Dentro disso, decidimos nos concentrar em esportes olímpicos, projetando um crescimento dessas modalidades esportivas.

ME: Mas vocês também criaram uma linha de futebol…

EY: Estamos entrando com uma linha de futebol porque analisamos o mercado e vimos que ainda há muito espaço para marcas. Hoje em dia, o mercado tem muita carência de um produto com qualidade e bom preço. É esse o público que a gente quer atingir. Bola, por exemplo, só existe top de linha ou aquela simplesinha. Não tem uma bola boa com um preço mais acessível. Devido a isso, decidimos introduzir essa nova modalidade para poder competir nesse mercado. Aliás, nossa prioridade será o futebol feminino.

ME: Você falou sobre a intenção de investir mais em patrocínios. Que tipo de patrocínio? Existe alguma conversa adiantada nesse aspecto?

EY: Já existem negociações em andamento em relação a patrocínios. Temos feito algumas ações no intuito de fazer ação pontual no futebol, sobretudo para incentivar novos praticantes, porque é uma forma de responsabilidade social. Nesse semestre, temos uma previsão de investir R$ 8 milhões em novos produtos, marketing, patrocínio e lançamento da nova linha.

ME: No caso do futebol, esses patrocínios não podem entrar em conflito com as empresas que fornecem material esportivo e são concorrentes de vocês?

EY: Não, porque não vamos buscar times que tenham parceria com uma marca tão expressiva assim. Apesar de termos uma linha de futebol, nossos produtos são totalmente diferentes. Tem espaço para todo mundo.

ME: A que se deve a aposta da Vollo em modalidades que ainda não estão consolidadas no Brasil, como beisebol e badminton?

EY: Por serem esportes olímpicos, o beisebol e o badminton têm crescido. Algumas escolas têm até introduzido o badminton no currículo. Com as Olimpíadas, eles têm a chance de ser mais conhecidos no Brasil. Isso ajudará a fortalecer a nossa marca.

ME: A previsão de crescimento já foi citada no início da conversa. Mas qual é a previsão de investimento da Vollo para o mercado brasileiro nos próximos anos?

EY: Ainda não temos isso fechado. Até porque tudo depende do retorno de curto prazo.

ME: Que tipo de retorno vocês esperam com a associação da marca ao esporte?

EY: O que estamos buscando é posicionamento e retorno de marca. Por isso, o que queremos de patrocínio é mais um incentivo a novos praticantes do esporte, principalmente nos esportes em que nós temos linha. Faremos isso através de associações, para ajudar a desenvolver o número de amantes das modalidades.

ME: Existe alguma região específica em que vocês vão se concentrar ou o plano é para todo o país?

EY: É um plano de abrangência nacional, até porque a marca é comercializada no Brasil inteiro. Estamos no mercado há quatro anos, com distribuidores em todo o país. Temos mais de dois mil pontos de venda, e a marca já está consolidada.

ME: Qual é o diferencial de imagem que a Vollo pretende ter em um mercado com players de tão grande porte?

EY: Qualidade do produto e o preço. E também transmitir que a empresa se preocupa muito com responsabilidade social. Uma das intenções que nós temos é patrocinar ONGs criadas por atletas.

ME: O Brasil é o único grande foco para a empresa atualmente?

EY: Nós também temos um projeto para comercializar nossos produtos nos Estados Unidos. Em breve, vamos inaugurar um escritório para vender lá. Nós temos linhas de fitness e cronômetros, e esse segmento de cronômetros é o que nós queremos explorar no início por lá.

ME: O projeto de comunicação vai seguir a mesma linha do que é feito no Brasil?

EY: Não, até porque lá nós estamos começando e dando ênfase aos cronômetros.

ME: Por que vocês escolheram os cronômetros para começar no mercado de lá?

EY: Fizemos uma pesquisa de mercado, e o conceito de mercado é completamente diferente lá. Os esportes que nós trabalhamos são bem mais populares, e eles procuram outro tipo de produto. Como aqui nós estamos querendo tornar o esporte mais popular, fazemos coisas mais baratas para massificar o mercado. Aqui existe muito espaço porque os esportes não são tão conhecidos.

ME: O planejamento da Vollo para o mercado brasileiro fala sobre investimentos focados no crescimento proporcionado por Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Os planos são apenas para esses eventos ou existe alguma ideia de ação mais longeva?

EY: É uma visão equivocada achar que as empresas que estão investindo por causa dos megaeventos vão sair depois. O que vai sobrar de campo e de incentivo é para um investimento de longo prazo. Não queremos trabalhar dez anos e encerrar depois do Rio-2016.

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