Fernando Mauro

Criada para ser um contraponto à política adotada pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), a Nossa Liga de Basquetebol (NLB) enfrenta uma de suas piores crises nestes dois anos de funcionamento. A liga conta com apenas um patrocinador (Wilson), sua parceria de outros tempos com a ESPN não está garantida e seu próximo campeonato masculino não conseguiu atingir o número mínimo de participantes.

Esse é o cenário que Fernando Mauro terá como desafio mudar nas próximas duas temporadas. O pró-reitor do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e responsável pelo time de basquete da cidade foi eleito, na última terça-feira, o novo presidente da NLB.

“A minha indicação para o cargo me honrou muito e espero contribuir, mesmo que for pouco, para que os clubes tenham uma situação melhor, além de impulsionar o basquete brasileiro”, afirmou Mauro.

Para isso, o primeiro desafio será reconquistar a credibilidade do basquete e da própria liga. Dentro desse processo, o novo presidente da NLB espera conseguir diminuir o nível de adimplência que a entidade vive e tornar a liga novamente forte, assim como era a intenção quando este projeto foi criado.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Fernando Mauro afirma que a NLB deve esquecer as brigas com a CBB, defende uma redução dos campeonatos da liga, além de reafirmar a presença de Oscar, Hortência e Paula como grandes nomes da entidade, apesar de nenhum ocupar mais o cargo máximo da Nossa Liga.

Leia a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Como você se tornou o novo presidente da NLB?

Fernando Mauro: Eu era o vice-presidente durante a gestão do Oscar [Schmidt], então eu já conheço a situação da liga e dos próprios clubes. A minha indicação para o cargo me honrou muito e espero contribuir, mesmo que for pouco, para que os clubes tenham uma situação melhor, além de impulsionar o basquete brasileiro. Estou aqui para isso.

ME: Você acredita que terá dificuldades à frente da liga?

FM: Eu já fui vice-presidente da Federação Paulista de Basquete, então tenho um bom trânsito dentro da federação. Acho que o importante para a Nossa Liga se espelhar no exemplo do basquete paulista, sem desmerecer as outras federações, mas o basquete em São Paulo é o mais organizado do país. Quero trazer também os representantes do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo para trabalharem juntos. Essa união das forças políticas será fundamental para reerguer o basquete. Precisamos de parceiros, não brigas.

ME: Quais seriam essas brigas?

FM: A NLB quis muito que a CBB [Confederação Brasileira de Basquete] reconhece-a, mas ela nunca vai querer reconhecer. Então precisamos esquecer isso. A Nossa Liga é dos clubes, então precisamos que todos se reúnam novamente. Temos que apresentar a proposta da liga, mas sem ter que falar mal de ninguém. Quem gostar da proposta que venha conosco.

ME: Mas como atrair novos clubes, se a situação atual da NLB não é da melhores?

FM: Infelizmente a situação financeira é muito difícil. Se tivéssemos um patrocinador, poderíamos ficar mais fortalecidos. Temos muitos associados que não estão pagando por dificuldades.

ME: Qual é a porcentagem de inadimplência atualmente na liga?

FM: Dos 40 inscritos que temos atualmente, a grande maioria está inadimplente. A contribuição mensal é de R$ 500, mas poucos conseguem pagar. Eu sei que os times de Limeira e Paraná, por exemplo, pagam em dia. Acredito que uns 18 estão em dia. Isso é muito pouco para sobrevier. Temos gastos com o marketing, com o chefe dos árbitros, com o [José] Medalha [diretor-executivo da NLB]… A nossa estrutura é modesta, mas temos que tentar equacionar.

ME: Arrumar patrocinadores então seria a solução?

FM: Nós precisamos de uma televisão. A ESPN estava com a gente ano passado, agora está acenando com a possibilidade de continuar. Vamos tentar conversar de novo e ver as possibilidades na grade de programação. A televisão é que atrai o patrocinador.

ME: O formato dos campeonatos da NLB também não está dificultando a viabilidade econômica da liga?

FM: Eu acho que com oito equipes dá para se fazer um campeonato. Ano passado aconteceu isso e os clubes não sofreram muito, apesar da distância percorrida. O modelo usado no campeonato feminino nesta temporada seria o ideal, pois não é tão custoso. Atualmente, temos gastos muito altos com salários, encargos e viagens. Mas se conseguirmos enxugar a disputa, o campeonato masculino decola.

ME: O sr. defende então que o campeonato nacional seja mais regional?

FM: Eu acredito que precisamos de um campeonato mais enxuto e com sedes próximas. Não podemos ser poetas. Temos que crescer devagar. A primeira edição teve 14 clubes no masculino e oito no feminino. Foi muito desgastante. Temos que rever o modelo usado.

ME: Além de patrocínios, o que mais o basquete brasileiro precisa para voltar aos altos patamares estabelecidos no passado?

FM: Precisamos de credibilidade para o basquete ressurgir. Estamos muito desvalorizados, os jogadores já não querem nem ir à seleção brasileira. No passado era muito diferente, com aquele time de Oscar e Marcel. Eles tinham um retorno de mídia, o esporte visto de outra forma. Precisamos resgatar isso.

ME: Essa falta de credibilidade teria sido a razão para que as ex-jogadoras Hortência e Paula, que também foram fundadoras da NLB, não se candidatassem à presidência da liga nesta última eleição?

FM: Eu acho que não. A Paula está engajada com seus trabalhos no município, a Hortência tem os negócios dela. Mas elas vão estar por trás de tudo. O nome dos três [Hortência, Paula e Oscar] foi sempre importante e isso nunca vai mudar. Eles sempre vão continuar dando força ao projeto.

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