Gerson Bordignon

Dentro do rol de estatais que investem maçicamente no esporte como plataforma de divulgação, a Caixa Econômica Federal é uma que já pensa em 2008. Porém, mesmo com as Olimpíadas de Pequim, a empresa não deve repetir o mesmo volume de verba destinada ao desporto como aconteceu neste ano.

“Nós não teremos o Pan, mas em contrapartida teremos as Olimpíadas. Como nós não somos patrocinadores do evento e ele não acontecerá no Brasil, será algo diferenciado. Por mais que você patrocine uma cota, por exemplo, será algo diferente do que aconteceu com o Pan”, afirma Gerson Bordignon, gerente nacional de relacionamento da Caixa Econômica Federal.

Mesmo com a expectativa de um investimento global menor, a estatal poderá ampliar seu leque de patrocinados. Atualmente, a Caixa destina cerca de R$ 9 milhões ao atletismo, R$ 2 milhões à ginástica, além de apoiar a Confederação Paraolímpica Brasileira (CPB).

“Nós não mudamos a nossa política e por enquanto vamos continuar investindo no atletismo, ginástica e paraolímpicos. Nós somos muito assediados por outras modalidades, como triatlon e o ciclismo, por exemplo, mas por enquanto a nossa intenção é continuar como estamos”, diz o executivo.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Gerson Bordignon fala que a Caixa continuará com a sua política de não investir diretamente em atletas, mas prepara um projeto para revelação de novos talentos, além de comentar sobre o porquê de não ter tantos investimentos privados em confederações esportivas. “Eu acho que falta visão”.

Leia a seguir a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Quais são os planos da Caixa Econômica Federal para patrocínios esportivos no próximo ano?

Gerson Bordignon: Nós vamos continuar com a mesma política, mas estamos estudando e discutindo com as confederações a ampliação de alguns programas. Vamos investir mais nas divisões de base, com a busca e descoberta de novos talentos no esporte.

ME: A Caixa pretende expandir seus investimentos para outras modalidades?

GB: Nós ainda estamos discutindo a questão de novos esportes. Estamos estudando algumas propostas. Atualmente, muitas modalidades ainda estão sem apoio, mas é aquela história, a gente prefere fazer bem o que está fazendo para não diluir tanto e acabar perdendo o foco das ações.

ME: Dentre essas propostas que a Caixa está estudando, existe alguma modalidade que tenha mais chances de ser patrocinada a partir do próximo ano?

GB: Nós não mudamos a nossa política e por enquanto vamos continuar investindo no atletismo, ginástica e paraolímpicos. Nós somos muito assediados por outras modalidades, como triatlon e o ciclismo, por exemplo, mas por enquanto a nossa intenção é continuar como estamos.

ME: E em relação ao patrocínio diretamente aos atletas. A Caixa poderá iniciar esse trabalho no próximo ano?

GB: Nós não fazemos patrocínios individuais, apenas por meio das confederações. Um dos programas que temos é o de atletas de alto nível. Quando esse atleta atinge o alto nível, ele tem uma ajuda de custos por meio do nosso investimento na confederação. Apenas isso.

ME: Por que a Caixa não patrocina diretamente os atletas? Não seria mais fácil?

GB: Não, pois eu teria uma logística de operação muito grande para controlar o atleta, o que ele está fazendo, se ele está usando a marca ou não, entre outros pontos. Essa gestão nós deixamos a cargo da confederação. É mais fácil deixar com a confederação do que ter 50 ou 200 atletas para ver o que eles estão fazendo. Eu precisaria de uma equipe muito grande e vou gastar o dinheiro do patrocínio nessa gestão, o que não é a nossa política.

ME: Quais serão os investimentos em patrocínio esportivo para o próximo ano?

GB: Nós investimentos nesse ano R$ 30 milhões. Para o próximo ano devemos ampliar um pouquinho mais. Esse número não conta o que gastamos com o Pan, que vai bem além deste número.

ME: Então, de uma forma geral, os investimentos em esporte no próximo ano serão menores?

GB: Nós não teremos o Pan, mas em contrapartida teremos as Olimpíadas. Como nós não somos patrocinadores do evento ou ele não acontecerá no Brasil, será algo diferenciado. Por mais que você patrocine uma cota, por exemplo, será algo diferenciado do que aconteceu com o Pan.

ME: Por que as estatais investem muito mais nas confederações do que empresas privadas?

GB: Eu acho que falta visão. Quando você faz um patrocínio, a estatal pensa no longo prazo. Temos o caso da Petrobras, por exemplo, que está no Flamengo há mais de 20 anos. A Caixa está com o atletismo desde 2001, depois agregamos os paraolímpicos, em 2004, e no ano passado investimos também na ginástica. Você faz um casamento, um negócio de longo prazo e, com isso, acaba ajudando a desenvolver o esporte.

ME: Então, apesar de lucrativo, o investimento no esporte não possui um retorno rápido?

GB: Você começa pequeno, vai sentindo, vai testando e ampliando os programas, até para melhorar a gestão da confederação. Se você entra em um patrocínio e quer o retorno imediato, que é o que me parece ser a postura da iniciativa privada, você não desenvolve o esporte e, eventualmente, não qualifica o patrocínio.

Sair da versão mobile