João Augusto Simone

Patrocinadora de equipes tradicionais na Europa, a Lotto iniciou sua trajetória no Brasil há menos de um ano. Em abril de 2007, a empresa anunciou uma parceria com a Filon, distribuidora de material esportivo, e começou a operar em território nacional.

Apesar de jovem, a ligação da Lotto com o mercado brasileiro, especialmente com o futebol, pode ser considerado um sucesso. A empresa trabalha, no momento, com quatro clubes que disputam a Série A no país (Atlético Mineiro, Coritiba, Goiás e Sport Recife), além do Bahia, que está na divisão de acesso.

“O futebol é a paixão nacional, é o retrato do Brasil. Não tem como entrar no mercado se não estiver de alguma forma, atrelada ao futebol. Os times foram escolhidos a dedo, levando sempre em consideração os projetos de ações regionais da empresa”, afirma João Augusto Simone, diretor de operações da marca no Brasil.

Por questões estratégicas, a empresa não divulga os valores investidos no esporte. O faturamento também é mantido em sigilo. Simone, porém, revela que o projeto da Lotto no Brasil é ambicioso. Focada nas classes A e B, a fabricante pretende chegar à liderança entre as companhias do ramo.

“A Lotto veio para ficar. O que nós queremos, num primeiro momento, é chegar ao segundo lugar entre as marcas esportivas do país. Depois, quem sabe, ocupar a liderança. Começamos no Sul por questões operacionais, mas já estamos entrando forte em outras regiões, como o Nordeste, por exemplo. Crescemos muito nossa área de atuação”, destaca o executivo.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, João Augusto Simone faz um balanço sobre a primeira temporada da Lotto no Brasil, fala sobre o planejamento da empresa para 2008 e revela que eixo Rio-São Paulo é o “calcanhar de Aquiles” da marca.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: A Lotto iniciou suas operações no Brasil em abril de 2007. Qual o balanço dessa primeira temporada de atividade da marca no país?

João Augusto Simone: Foi realmente interessante. Conseguimos apresentar uma linha de produtos condizente com o mercado brasileiro. Fomos muito bem aceitos pelos consumidores. O mercado vendeu, girou. E o mais importante é que a Lotto não vendeu seus produtos para quem queria comprar. Vendemos para quem quisemos vender. Esse foi o posicionamento estratégico da empresa.

ME: A empresa, no momento, trabalha com 20% dos clubes participantes da Série A: Atlético Mineiro, Coritiba, Goiás e Sport. Na Série B, tem contrato firmado com o Bahia. Qual a importância dessas parcerias para a divulgação da marca?

JAS: A Lotto é uma marca esportiva voltada fortemente para o futebol. Portanto, ela tem que estar abraçada com o futebol. O futebol é a paixão nacional, é o retrato do Brasil. Não tem como entrar no mercado se não estiver de alguma forma, atrelada ao futebol. Os times foram escolhidos a dedo, levando sempre em consideração os projetos de ações regionais da empresa. Acabamos optando por aqueles que possuem um perfil semelhante ao da empresa, ligados a valores como luta e a vontade de vencer. Além disso, as oportunidades acabaram surgindo em função das datas de vencimentos dos contratos desses clubes com antigos fornecedores.

ME: Apesar disso, não atua nos dois principais centros: Rio e São Paulo. A estratégia da empresa é ficar nesses mercados?

JAS: Estamos realmente muito preocupados com isso. Estamos trabalhando seriamente no eixo Rio-São Paulo. Posso adiantar que já estamos negociando com clubes desses estados. Temos quatro boas possibilidades em São Paulo e outras quatro no Rio [risos].

ME: A Lotto, realmente, quer atuar em todas as regiões do país, expandir-se para todos os centros?

JAS: A Lotto veio para ficar. O que nós queremos, num primeiro momento, é chegar ao segundo lugar entre as marcas esportivas do país. Depois, quem sabe, ocupar a liderança. Começamos no Sul por questões operacionais, mas já estamos entrando forte em outras regiões, como o Nordeste, por exemplo. Crescemos muito nossa área de atuação.

ME: Esse é um projeto ambicioso, que demanda um aporte considerável. Quanto a empresa investe em esporte anualmente?

JAS: Nosso investimento é expressivo.Aportamos cerca de 10% do nosso faturamento em marketing para apoiar o esporte. Temos três pontos de investimento: patrocínio, material de ponto-de-venda e mídia, por meio do trabalho feito pela assessoria de imprensa. A gente trabalha muito forte nisso. É claro que todo mundo pergunta sobre valores, mas a empresa não divulga, por questões estratégicas, o conteúdo de nenhum contrato. Até porque são cláusulas confidenciais, relativas a alíquotas de investimento.

ME: E quanto a empresa gasta, anualmente, para a divulgação de sua marca na mídia?

JAS: A gente não compra mídia. Não somos uma empresa voltada para clientes convencionais e a própria associação com o futebol já é uma forma de divulgação nos meios de comunicação.

ME: Além do futebol, a Lotto trabalha com outros esportes?

JAS A Lotto tem uma participação expressiva no tênis. Também apoiamos o esporte de uma forma geral patrocinando três grandes clubes do país: o Paulistano, em São Paulo; o Minas Tênis Clube, em Minas Gerais; e o Tijuca, no Rio. Esses acordos nos dão a oportunidade de interagir de forma muito interessante com o esporte.Também temos uma linha de moda de “dia-a-dia” que, embora não seja esportiva, tem motivos esportivos e que nos dá um bom retorno.

ME: Pelo o que o sr. disse, a Lotto quer transitar apenas entre as classes A e B. Esse é o público-alvo da empresa?

JAS: Exatamente. O que nós queremos é nos manter com uma linha mais “premium”. Não estou falando de clientes, mas de produtos. Além disso, o futebol já nos insere nas camadas mais populares, leva a marca mais para baixo.

ME: Quanto a Lotto faturou nesse primeiro ano no Brasil?

JAS: Posso dizer nós cumprimos a meta. Nosso “budget” era conservador, não era ousado. Mas somos vistos com bons olhos de crescimento no mercado. Estamos satisfeitos com os resultados.

ME: E o que a empresa projeta para o ano de 2008? Quais são as metas para a segunda temporada de atuação no Brasil?

JAS: Temos que dobrar nosso pontos-de-venda, que são 400 atualmente, espalhados por todo o país. Também iremos cumprir os contratos com os cinco clubes de futebol da melhor maneira possível. E, sobretudo, fazer com que a Lotto seja reconhecida como uma marca de ponta.

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