José Neves Filho

Três anos após receber Palmeiras e Botafogo em seu campeonato, a Série B do Campeonato Brasileiro caminha para ser, pela primeira vez, um torneio que vai gerar lucro para seus participantes.

Com o acordo de R$ 25 milhões firmado com a Globo no início deste ano, a Futebol Brasil Associados (FBA), gestora do campeonato, celebra a possibilidade de fazer o torneio por pontos corridos, garantindo a condição de os clubes traçarem um planejamento esportivo e comercial.

Essa é a opinião de José Neves Filho, presidente da FBA. Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o dirigente explica a dificuldade de se vender o campeonato e acredita que as ?presenças ilustres? dos times tradicionais da elite farão, a partir de 2008, que a Série B nacional pode ser tão forte, em prestígio e dinheiro, quanto a Série A.

?Em 2008, se tirar a letra A e a B, com certeza não vai ser possível saber quem será o A e quem será o B?, prevê o dirigente.

Leia a seguir a entrevista com José Neves Filho:

Máquina do Esporte: A Série B será inteira viabilizada pelo dinheiro da televisão?

José Neves Filho: Com o contrato que a gente assinou com a Globo, sim. Com esse contrato a gente já viabiliza no sistema ida e volta, turno e returno, garantindo ao clube passagem, hospedagem, alimentação e traslado. Além disso, só com ele nós já viabilizamos uma pequena cota mensal para cada clube em sete meses [no valor de R$ 50 mil]. Além disso, com esse contrato outros patrocinadores estão aparecendo para colocar placas, balões, merchandisings. Então essa cota pode aumentar. Mas não ainda há nada fechado.

ME: O torneio por pontos corridos ajuda de que forma os clubes?

JNF: Quem tiver regularidade, investimento, vai conseguir ganhar. Mas tem que investir, trabalhar, planejar… E agora todo mundo pode se planejar. Todos sabem que o último jogo é dia 26 de novembro. Antes, a gente começava a vender [patrocínio] quando saia a tabela da fase final. Agora não. Pode-se vender hoje sabendo qual é o jogo do dia 26. Além disso, como caem quatro clubes e sobem quatro, o torneio será competitivo para todos. No final, no mínimo tem oito disputando para subir e oito para não cair. O Brasileiro da Série A no ano passado, com 22 clubes, só teve um jogo considerado amistoso na última rodada [Paysandu x Flamengo]. Se tivessem 20, não teria nenhum. Mas os pontos corridos permitem que o grande sucesso seja comercialmente. O clube se planeja, o patrocinador se planeja. O que ele comprou em abril está lá em novembro.

ME: Quantas cotas de patrocínio do campeonato estão à venda?

JNF: Estamos vendendo hoje as placas de publicidade estática. Prevemos um pacote para as 38 rodadas. Duas placas saem por 500 mil reais. Ou seja, cada placa custa 1,3 mil reais por jogo. Mas isso pode ser negociado dependendo do parceiro. Existe também uma cota para um patrocinador máster para dar o nome da Copa. A idéia é fazer o Campeonato Brasileiro da Série B e o nome da empresa. Estamos buscando patrocinador. Se fizermos um acordo desse com certeza seria um grande reforço no caixa dos clubes para o ano

ME: Quem está fazendo a captação do patrocínio para o campeonato?

JNF: Não existe uma exclusividade. A única que há é um acordo com a Sportpromotion, que tenta vender as placas. A gente tem se movimentado. Não há ninguém com exclusividade para isso.

ME: Por que não fazer a venda por conta própria? Ou então com um único parceiro?

JNF: Tinha que ter logística. Por isso não tenho isso ainda. Por isso damos para outras empresas do ramo. No momento não tenho como contar com isso em todo o Brasil. Série B está em todas as regiões do país, então não tem estrutura para fazer essa venda.

ME: Qual a previsão de lucro para esta temporada?

JNF: Ainda não há previsão. A gente primeiro quer suprir os clubes, tanto no custeio e depois na questão das cotas. Depois pensamos na FBA.

ME: Como se dará a divisão de cota excedente do campeonato?

JNF: Será feita igualmente entre os clubes. Não é feito igual à Série A. Por isso mesmo aqui não tem briga.

ME: Quem transmitirá o torneio?

JNF: Globo ou RedeTV! aos sábados e domingos. E terça e sexta-feira no Sportv e no pay-per-view.

ME: A RedeTV! adquiriu os direitos também?

JNF: Adquiriu o repasse que já consta no contrato com a Globo. Por isso mesmo a gente negocia esses contratos de patrocínio.

ME: Para os próximos anos, qual é o projeto de crescimento da entidade?

JNF: Temos um projeto de crescimento comercial. Arrecadar mais para os clubes para que eles possam ficar superavitários.

ME: O fato de ter apenas 20 clubes ajuda nesse crescimento? Hoje já se pode dizer que a Série B é tão forte quanto a A, pelo menos no aspecto técnico..

JNF: Com certeza que, em 2008, se tirar a letra A e a B, não será possível saber quem será o A e quem será o B.

ME: A tendência poderia ser a fusão do Clube dos 13 [gestor comercial da Série A] com a FBA?

JNF: Você vê hoje que o Clube dos 13 está em situação delicada porque tem sete clubes fora da Série A, sendo dois [Bahia e Vitória] na Série C. Mas essa fusão é difícil. A curto prazo não é possível acontecer. Eles tem contrato com a Globo e os valores são muito distantes. Isso pode acontecer no futuro. Mas hoje mesmo entre eles há muitos problemas. Mas isso só vai acontecer quando a gente estiver fortalecido. Nos próximos anos deveremos receber alguns medalhões. Vai haver uma mistura permanente. E aí comercialmente vai ficar um grande negócio.

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