José Roberto Tambasco

Campeã da Copa das Confederações neste ano e líder do ranking da Fifa, a seleção brasileira de futebol vive seu melhor momento desde a frustração de ter perdido o Mundial de 2006 para a França ainda nas quartas-de-final. A ascensão a um ano da Copa da África do Sul foi corroborada na última segunda-feira, quando a Confederação Brasileira de Futebol apresentou oficialmente um contrato de patrocínio com o Grupo Pão de Açúcar.

A companhia escolheu a bandeira Extra para ser vinculada à seleção brasileira. A meta, obviamente, é aproveitar o bom momento da equipe nacional e a euforia do pré-Copa para popularizar a rede de supermercados, que foi selecionada para representar o grupo porque possui um caráter mais nacional do que marcas como Pão de Açúcar ou Compre Bem.

?Esperamos associar fortemente a marca Extra à seleção brasileira. Todas as campanhas a partir de agora usarão a marca da seleção, e isso também guiará a criação de promoções e produtos. Estamos falando de duas marcas muito fortes, e agora vamos operar em busca de mais visibilidade para levar o conceito a mais consumidores. Toda a comunicação nos pontos de venda será baseada na seleção?, avisou José Roberto Tambasco, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

O uso da marca da seleção brasileira, contudo, não será restrito à comunicação de pontos de venda. O Extra também desenvolverá kits de produtos vinculados à equipe nacional, e estuda usar outros parceiros da CBF, como Ambev e Gillette, para fortalecer esse conceito.

Durante o bate-papo, Tambasco detalhou a estratégia do Extra para a seleção brasileira, explicou o porquê de o supermercado ter assinado por apenas um ano e falou sobre o envolvimento de marcas próprias da rede de supermercados, como Taeq e Qualitá.

Leia a íntegra da entrevista a seguir:

Máquina do Esporte ? Por que o Grupo Pão de Açúcar decidiu patrocinar a seleção brasileira?

José Roberto Tambasco ? Nós temos uma história longa de envolvimento com o esporte, e as pessoas sempre nos perguntaram por que não patrocinávamos um time. Temos, com firmeza, uma decisão de não vincular a marca a um só clube, com exceção do que fazemos no Pão de Açúcar Esporte Clube, que é um investimento de formação de jovens. Já tivemos oportunidades nos esportes olímpicos, patrocinamos atletas e outras seleções, mas a Copa do Mundo é especial.

ME ? Em 2006, o Banco Santander fez um investimento pesado em atletas da seleção brasileira. No entanto, o resultado e o desempenho da equipe nacional frustraram esse planejamento. Vocês pensam em um plano B para o caso de o resultado não ser positivo?

JRT ? O patrocínio à seleção brasileira foi fechado depois de uma análise criteriosa. O Extra está buscando visibilidade, e o momento pré-Copa é ideal para isso. Entramos nessa para ganhar, mas é normal que se perca. Não é um plano B, mas estamos preparados. Por isso, o que nos preocupa é o sentido. Na derrota ou na vitória, esperamos que o desempenho esteja ligado a valores que consideramos importantes no esporte.

ME ? Por que o Grupo Pão de Açúcar escolheu a marca Extra para patrocinar a seleção brasileira?

JRT ? Usaremos o Extra porque é, entre as redes de supermercados que integram o nosso grupo, a marca mais nacional. Assim, a identificação com o torcedor é mais fácil. O Pão de Açúcar e o Compre Bem, por exemplo, são muito mais fortes em São Paulo.

ME ? E como vai ser a comunicação desse patrocínio?

JRT ? Esperamos associar fortemente a marca Extra à seleção brasileira. Todas as campanhas a partir de agora usarão a marca da seleção, e isso também guiará a criação de promoções e produtos. Estamos falando de duas marcas muito fortes, e agora vamos operar em busca de mais visibilidade para levar o conceito a mais consumidores. Toda a comunicação nos pontos de venda será baseada na seleção.

ME ? No anúncio do patrocínio, vocês disseram que usariam Taeq e Qualitá, duas marcas do Grupo Pão de Açúcar, como estratégia para o patrocínio. Como isso será feito?

JRT ? Vamos desenvolver kits e combos de produtos que envolvam o logotipo da seleção brasileira ou da CBF. É muito possível também que façamos parcerias com outros patrocinadores da seleção em cima de licenciados.

ME ? A despeito de a Copa do Mundo de 2014 ter sido confirmada para o Brasil, vocês fecharam contrato com a CBF apenas até o fim do Mundial do ano que vem. A que se deve essa curta duração?

JRT ? Escolhemos isso até por ser a primeira vez. Fechamos por um ano, mas o melhor ano do ciclo, que é o que antecede a Copa do Mundo. Já houve conversas sobre uma prorrogação, mas a CBF nem fechou essa questão de 2014. É evidente que seria excelente costurar algo para mais tempo, mas é cedo para falar.

ME ? O contrato atual prevê, além de utilização do logotipo da seleção brasileira em promoções e da apresentação do Extra como patrocinador oficial, apenas alguns espaços de publicidade estática. A ideia de vocês é manter essa condição ou aumentar a exposição depois da Copa do Mundo de 2010?

JRT ? Se possível, vamos falar sobre um novo formato. Esse interesse existe.

ME ? Vocês incluíram o Pão de Açúcar Esporte Clube de alguma forma no planejamento do patrocínio à seleção?

JRT ? Não, o contrato não prevê essa associação.

ME ? Qual é a projeção que vocês fazem para ganhar share de mercado a partir do patrocínio à seleção brasileira?

JRT ? Esperamos ganhar share de mercado, sim, mas a seleção tem motes mais importantes. Queremos ter mais share na cabeça dos torcedores, e já fizemos pesquisas que mostram o valor de associar nossa marca ao esporte.

ME ? O patrocínio do Grupo Pão de Açúcar à seleção brasileira foi anunciado em um momento de recuperação do mercado após a crise financeira internacional. Isso reflete uma reação também da empresa? Como vocês passaram pelo momento de recessão da economia global?

JRT ? Nós não demos muita bola para a crise. Passamos por um processo de mudança na diretoria e nos processos, uma arrumação da casa, e tínhamos certeza que o nosso consumidor não seria afetado diretamente por esse momento. Tivemos um crescimento no primeiro semestre. Vivemos um momento muito bom.

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