Julio Casares

A diretoria de marketing do São Paulo decidiu jogar na retranca em relação aos planos do setor para o período após a disputa do Mundial de Clubes da Fifa, entre 11 e 18 de dezembro próximos.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Julio Casares, diretor de marketing do clube paulista, evitou falar sobre os planos pós-Mundial. Segundo o executivo, o São Paulo respeita o trabalho técnico de todos os clubes. Com isso, o pensamento nas ações de marketing caso o clube conquiste o inédito título de campeão mundial reconhecido pela Fifa ficará para a viagem de volta do Japão.

Para o torneio, o clube já traçou a estratégia de trabalho. Além de lançar uma camisa especial para a competição (exigência feita pela Fifa), o São Paulo tentará aproximar os torcedores brasileiros residentes no Japão fazendo encontros com os dekasseguis e usando a imagem de ex-atletas do clube, como Raí e Toninho Cerezo.

Leia a seguir a entrevista com Casares:

Máquina do Esporte: O São Paulo decidiu colocar o nome dos jogadores na camisa de treino também em japonês. Qual o objetivo com a ação?

Julio Casares: O objetivo é conquistar o público local. O São Paulo já tem uma grande torcida de brasileiros no Japão. Mas essa será mais uma forma de ser simpático com o público e com a imprensa local. Além disso, pelo fato de o São Paulo ter sido campeão lá duas vezes, ter jogado por lá jogadores que são ídolos nossos também como o Toninho Cerezo… O São Paulo tem uma identificação com o torcedor japonês.

ME: O clube vai usar as imagens do Cerezo e do Zico em programas de marketing lá no Japão para se aproximar mais da torcida? O Marco Aurélio Cunha (superintendente de futebol) havia sugerido isso após a Libertadores.

JC: Não há nada formalmente organizado. As coisas devem acontecer de forma natural. Estaremos juntos, então naturalmente isso deve acontecer. O entrave é que todo tipo de promoção deve ser feita com a Fifa. A coisa é muito rígida. Eles [Fifa] determinam o tamanho do escudo, da marca patrocínio. Mas com a naturalidade do brasileiro, as coisas vão acontecer dentro do que é possível fazer. A parte logística não inclui nenhuma coisa do gênero.

ME: Será montado algum posto de venda de produtos oficiais no Japão?

JC: No Japão a única parte de venda será feita pelos nossos representantes. É uma questão mercadológica da Alpargatas [dona da marca Topper]. Mas o São Paulo ganha royalties sobre tudo o que vender.

ME: Existe alguma expectativa sobre o aumento no número de camisas vendidas com essa venda também no exterior?

JC: A Alpargatas já faz um relatório de venda de camisas não só no Brasil, então temos uma média. [A parte internacional] não é muito expressiva. Mas nesse pico de dezembro [quando tem o Natal] será maior, já que vamos ter um modelo da camisa que jogou a final. Essa camisa do Mundial é única. Depois ela vai sumir das lojas. Assim como deverá ter quando lançar a da Reebok, em janeiro. Serão dois momentos importantes de venda. A da camisa do mundial e a da nova coleção. Mas a gente consegue virar o ano com uma boa expectativa de faturamento.

ME: O São Paulo havia dito que lançaria um DVD com imagens exclusivas da Libertados, mas até agora não o fez. No clube, comenta-se que a diretoria de marketing está esperando o Mundial para as vendas serem melhores. Existe mesmo a pretensão de lançar o produto se o São Paulo for campeão?

JC: O São Paulo está tomando muito cuidado. A gente espera parcerias para fazer esse tipo de produto, mas primeiro tem de pensar no resultado, estar focado na competição. Se o objetivo for alcançado, os produtos serão lançados. A área de comunicação junto com marketing terá de pensar nisso. Não pode ir contra as questões culturais. A gente sabe que tem de tomar cuidado com isso. Já tomamos essa precaução na Libertadores, quando qualquer tema alusivo à bandeira do Japão foi proibido nos estádios. Passada a Libertadores, falamos em projeto Japão. Ação de marketing é permanente, mas a gente não quer antecipar nada.

ME: A participação do torneio no Japão pode representar a volta do São Paulo ao processo de internacionalização da marca?

JC: Acho que sim. Sou crítico do processo como é feito hoje. É comum fazer intercâmbio, que começa a ter problema já com os calendários diferentes [europeu e brasileiro]. Queremos fazer um intercâmbio do ponto de vista de trocas efetivas de experiência. Planejamento e cronograma prático. Essa é uma área que tem de prosseguir muito. O São Paulo tem de conhecer situações muito bem sucedidas. Queremos alterar o projeto de licenciamento da marca. Esse é um trabalho que entendo como intercâmbio. É algo que funciona bem lá. Vamos mexer com isso a partir de janeiro, fazer um intercâmbio mercadológico. A idéia é montar um plano de ação para conhecer o que é feito na Espanha.

ME: O senhor acabou de voltar de Zurique, onde teve um encontro com a Fifa. Para quê serviu esse encontro?

JC: Foi tudo muito bom. Pudemos discutir algumas coisas importantes, principalmente em termos de logística. O mais importante para nós foi que a Fifa mencionou o encontro que houve no Morumbi [no último dia 11 de novembro] como referência para os demais. Mostraram filmagem do evento. Na Fifa o São Paulo tem uma respeitabilidade muito grande. Isso ficou mostrado claramente. Outra coisa boa foi conseguir trazer a bola que será usada no Mundial para o time treinar. É aquela com o chip, que foi usada no Mundial Sub-17.

ME: Em termos de marketing, foram discutidas as possibilidades de se trabalhar melhor a imagem do clube no Japão?

JC: A gente está condicionado a uma série de condições impostas pela Fifa. A parte de promoção está toda vinculada a ela, então sobra pouco para a gente fazer. Mas vamos realizar pontos de encontros para os dekasseguis, por exemplo.

ME: Já existe alguma coisa preparada para fazer de ação em São Paulo? Alguma ação concreta de marketing?

JC: Na verdade o Mundial é um torneio em que todo mundo vai ficar ligado na TV. Nossa torcida vai ser parecida com a da final da Libertadores. Vamos nos concentrar. Depois, com o resultado, sim, podemos fazer algumas coisas. Mas não tem nada ainda programado. Nenhuma festa antecipada é boa. Nem mesmo planejar faz bem. Tem um vôo de volta de dois dias que dará para planejar. Aguardar e verificar o que pode ser feito. Claro que já lançamos a camisa, que tem um apelo forte. As novas camisas já estão sendo divulgadas lá. Isso mexe com o ânimo do torcedor.

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