Luiz Angelotti

Enquanto o basquete brasileiro busca saídas para superar a crise, os fãs do esporte no país voltam suas atenções para a liga profissional americana. Mesmo afastada dos grandes canais da TV aberta, a competição goza de grande prestígio em solo nacional.

A prova está no valor movimentado anualmente com a venda de produtos licenciados com a marca NBA no Brasil: impressionantes US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 85 milhões). O balanço foi feito pelo publicitário Luiz Angelotti, sócio-diretor da Creative Licensig Brasil/Dalicença, empresa responsável pela comercialização dos artigos oficiais da liga no país.

“É um ótimo número. Os artigos da NBA vendem muito aqui no Brasil e são relativamente caros. Os tênis, por exemplo, podem custar R$ 200. As camisetas da NBA chegam nos pontos-de-venda com um preço aproximado de R$ 100. Os valores são altos e, multiplicados pela quantidade de produtos vendidos, acabam resultando nessa soma expressiva”, revela o executivo.

Apesar de contar com cinco brasileiro atuando em grandes times da NBA, os produtos relacionados aos ídolos da seleção não são o foco do trabalho da Creative.

“[…] o símbolo da NBA é mais conhecido aqui do que os nossos atletas, que enfrentam a concorrência até dos outros ídolos da NBA”, afirma Angelotti.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Luiz Angelotti traça um panorama do mercado de licenciamentos da NBA, fala sobre a atuação da liga nesse setor e destaca que a marca NBA tem mais força do que os nomes consagrados que atuam na competição.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: A Creative detém a exclusividade da marca NBA no Brasil?

Luiz Angelotti: Sim. Somos a única empresa autorizada a utilizar a marca da liga, o logo dos times e os jogadores para produtos de consumo. No Brasil, não há mais ninguém que trabalhe com produtos licenciados da NBA. Todo o processo de produção dos artigos é coordenado por nós e previamente aprovado pela direção da NBA.

ME: Desde quando a empresa atua no mercado brasileiro para os fãs da NBA?

LA: Nosso primeiro contrato foi assinado em 2002. Portanto, faz cinco anos que começamos a trabalhar com a NBA no Brasil.

ME: Quantos produtos licenciados com a marca NBA existem no mercado brasileiro?

LA: É díficil contabilizar. Eu precisaria fazer um cálculo detalhado. O que eu posso dizer é que trabalhamos com toda a linha de tênis e calçados. Além da Adidas, somos os únicos a produzir calçados da NBA fora dos Estados Unidos, é um contrato exclusivo firmado entre a Creative e a liga. Temos também as réplicas, os uniformes dos atletas, toda a linha de confecção, meias e acessórios, como bonés, munhequeiras, etc. A Warner detém os direitos para produzir DVD’s e a EA é responsável pelos jogos aqui no Brasil.

ME: O acordo também se estende às franquias?

LA: Exatamente. Nosso contrato permite que trabalhemos também com as marcas das equipes e dos jogadores. É pacote completo.

ME: O que atrai mais o público brasileiro: os produtos dos ídolos, como LeBron James e Allen Iverson, ou os artigos que possuem apenas a marca da NBA?

LA: Quando nós começamos a trabalhar com produtos da NBA no Brasil, iniciamos como uma grife esportiva, uma tendência, quase um “life style”. No desenvolvimento do nosso trabalho, começamos a perceber o logo da NBA era muito forte. Até hoje é o nosso carro-chefe. Em segundo lugar estão os times. Os jogadores aparecem apenas na terceira posição.

ME: Nem o grande número de atletas por lá mudou esse panorama?

LA: Apesar de termos cinco jogadores atuando na NBA atualmente, todos consagrados, o símbolo da NBA é mais conhecido aqui do que os nossos atletas, que enfrentam a concorrência até dos outros ídolos da NBA. Para o basquete nacional pode não ser uma boa jogada, mas para nós, que representamos a competição no Brasil, essa “globalização” é um ótimo negócio.

ME: A Creative detém os direitos também dos jogadores brasileiros?

LA: Sim, é claro. Do Leandrinho, do Varejão, do Nenê, e por aí vai… Quando a gente precisa utilizar a imagem de um jogador da NBA, é necessário primeiro entrar em contato com a direção da liga e pedir autorização para que a imagem seja liberada. Depois é feito um contrato entre a NBA e o jogador que vai liberar a utilização da imagem para o mercado.

ME: A NBA adota essa politica de “segmentar” geograficamente a produção dos artigos licenciados em todos os continentes?

LA: Em alguns lugares, eles dividem por blocos. A maioria, porém, é feito por nomeação de agentes, como acontece aqui. A única exceção é o mercado americano, onde a própria NBA cuida dos seus licenciados desde uma sede fixada em Nova York.

ME: Existe alguma pesquisa que mostre o quanto o mercado de licenciamento gera anualmente para a NBA?

LA: Eu não me sinto confortável para te dar números do mercado internacional. Em compensação, posso falar com tranqüilidade sobre o mercado brasileiro. A venda de produtos no varejo movimenta algo em torno de US$ 50 milhões por ano aqui no Brasil.

ME: É um valor considerável, não?

LA: É um ótimo número. Os artigos da NBA vendem muito aqui no Brasil e são relativamente caros. Os tênis, por exemplo, podem custar R$ 200. As camisetas da NBA chegam nos pontos-de-venda com um preço aproximado de R$ 100. Os valores são altos, e multiplicados pela quantidade de produtos vendidos, acabam resultando nessa soma expressiva.

ME: A pirataria é o principal inimigo dos produtos licenciados. Ela afeta também a NBA?

LA: É uma coisa engraçada. Os produtos que tentam ser similares aos oficiais da NBA, mesmo que contenham todos os elementos dos originais, não conseguem ter a mesma saída no mercado. Parece que ainda estamos um pouco blindados em relação à falsificação, o que é muito bom para os nossos negócios.

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