Às vésperas de comemorar 14 anos de existência, o Instituto Ayrton Senna se prepara para ter um grande espaço na mídia mais uma vez. Pela primeira vez em duas cidades, a prova Ayrton Senna Racing Day é o grande chamariz da entidade, que consegue arrecadar verba e ainda garante um bom espaço na mídia.
Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Margareth Goldenberg, diretora executiva do Instituto, explica a importância dessas atitudes para o contexto da organização.
A resposta passa pela sustentabilidade da entidade. Sem fins lucrativos, a ?herança? de um dos maiores ícones do esporte brasileiro para a sociedade depende exclusivamente da exploração da imagem de um ídolo.
?O Ayrton Senna Racing Day é uma estratégia de captação de recursos. É um trabalho constante em torno do Ayrton. A saúde da marca é fundamental para a nossa sustentabilidade?, disse a executiva.
Essa relação que a entidade precisa ter com o público qualifica o interesse dos organizadores do evento. Com quatro edições disputadas no autódromo de Interlagos, a prova atrela uma possível expansão à manutenção do charme da iniciativa.
A conseqüência dessa posição é a limitação do número de participantes (que não deve passar de cinco mil), o que reduz a possibilidade de captação de recursos. A contrapartida é o resultado de exposição. Com cobertura massiva da imprensa (ESPN Brasil, Rádio Eldorado e Folha de S. Paulo são parceiras de mídia), a prova coloca o Instituto Ayrton Senna no centro das atenções, movimentando a renda em torno das obras sociais do grupo.
O evento em São Paulo acontece no dia 16 de novembro, no autódromo de Interlagos, e contará com cinco mil pessoas. A prova em Brasília é em 19 de outubro, também no circuito da cidade, e a estimativa é de cerca de 2500 corredores.
Leia a seguir a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: Porque o Instituto Ayrton Senna aposta nas corridas de rua?
Margareth Goldenberg: É um evento que reúne um público interessante para a gente. Funcionários de empresas que participam de maratonas em busca de qualidade de vida entram no Ayrton Senna Racing Day também pela boa ação, já que as inscrições vão todas para as obras do Instituto.
ME: E o que a prova traz de diferente em relação a outros eventos do tipo?
MG: A Latin Sports [agência de marketing esportivo] organiza e realiza a prova em um espaço diferenciado que é o autódromo, que já faz uma ligação com a imagem do Ayrton. Aí ainda ambienta com a troca do revezamento sendo feita nos boxes. Além de tudo tem esse aspecto social da inscrição ser repassada por completo para os projetos.
ME: Neste ano vocês vão fazer também uma edição e Brasília? Porque a escolha da capital do país e porque as duas provas não ocorrem na mesma data?
MG: Bom, escolhemos Brasília por uma questão até de limitação. O charme da Ayrton Senna Racing Day é ser realizada em autódromos. Aí temos de analisar o interesse dos corredores de rua com a conveniência de um autódromo em bom estado, e a gente sabe que nem todas as cidades são assim. Lá casamos as duas forças. E aí temos de fazer em dias diferentes por uma questão de logística e também pelo marketing. Não temos estrutura para organizar eventos simultâneos, e, ao mesmo tempo, não vamos fazer um concorrer com o outro.
ME: Qual a importância dessa competição para a estrutura do Instituto Ayrton Senna?
MG: Além do aspecto financeiro, o Ayrton Senna Racing Day é uma estratégia de captação de recursos. É um trabalho constante em torno da imagem do Ayrton. Ele se foi há 14 anos e o Instituto é uma ONG que sobrevive da imagem dele. E a família passa 100% dos royalties de cerca de 150 produtos para os projetos educacionais. A saúde da marca é fundamnetal para a nossa sustentabilidade. Esse é o trabalho que a gente tem feito com bom resultado. Nós acompanhamos a qualidade da imagem dele com a população, e ela está tão forte quanto há 14 anos atrás. Ele não está ganhando corridas e continua bem visto.
ME: Essa é a explicação para o interesse da organização em ter celebridades participando de alguma forma da prova?
MG: Sim. Nós sempre levamos de cinco a oito celebridades, pelo menos, para a entrega de troféus. Isso agrega valor aos premiados. A Ana Maria Braga [apresentadora de TV] já foi, a Daniela Cicarelli [modelo e apresentadora de TV] também. É muito importante trazer a atenção da imprensa e não só a esportiva, porque aí ganhamos destaque com um público que também é interessante, que lê coluna social, por exemplo.
ME: E como funciona a parte financeira do evento? É possível mensurar o lucro de uma ação dessas?
MG: Nós começamos com uma vantagem que é não ter custos com local, já que os autódromos são cedidos para nós. Assim, o que a gente tem de custo é a remuneração da Latin Sports. O Bradesco Capitalização fechou as duas provas, é o patrocinador-master. A Schincariol fornece toda a água usada para a priva. A Gol é apoio para todas os custos de passagens da organização e também vai premiar vencedores. Assim, a gente consegue um valor importante. Só em São Paulo, no ano passado, conseguimos cerca de R$ 300 mil reais, somando sobras de patrocínio e valor das inscrições. A gente estima que cada criança do projeto custe R$ 100 por ano para nós, então é um valor razoável. Só que é difícil medir, porque, como eu disse, o maior ganho é institucional.