Nelson Aerts

A reunião de nomes históricos e marcantes do tênis não é uma novidade para o Brasil. O tênis, longe de ser um esporte popular no país, não costuma levar grande multidões às arenas e, também por isso, nem sempre desperta grande interesse do mercado. A cartilha que reza contra a realização de um evento como o Rio Champions, no entanto, é rasgada pela organização do evento, que aposta em um modelo comercial bem definido para começar a se estabelecer como marca no país.

Com nomes como Fernando Meligeni, Pat Cash, Jimmy Arias e Goran Ivanisevic, o novo torneio é uma franquia brasileira do circuito mundial de masters criado pelo norte-americano Jim Courier. Pela primeira vez na América do Sul, o evento promete forte badalação na capital carioca, que terá até tour patrocinado pela H.Stern.

?Nós vamos ter algumas ações de aproximação com o público, que incluem clínicas e passeios como esse. É a primeira vez que estamos fazendo isso no Brasil, e a nossa expectativa é ótima?, disse Nelson Aerts, sócio da Try Sports, empresa que está organizando o evento em parceria com a R3A Sports, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

O contrato é de três anos, e nem a crise financeira diminui o otimismo. O empresário admite que a conta deve ficar apertada, mas entende que o sucesso na entrega supera a importância do lado financeiro, que pode ganhar uma gorda compensação no futuro.

?É um início. Não está como a gente gostaria, mas entendemos que é um momento ruim do mercado. Só que eu acho que ele está bem formatado e isso vai compensar?, avaliou Aerts, que comemora patrocínios principais de Citroen e Amil e apoios menores da Editora Sextante e da Nike.

Leia a íntegra da entrevista a seguir:

Máquina do Esporte: Como vocês chegaram até o Rio Champions e como está sendo essa organização?

Nelson Aerts: A gente já faz um circuito nacional de masters no Brasil há oito anos. Esse projeto já vem andando muito bem, com o apoio do Citibank e da Mastercard. Ele possui de sete a dez etapas por ano. Há dez anos, vimos um evento nos EUA que era patrocinado pelo Citibank, e tiramos a ideia dali. Há quatro anos, o Jim Courier iniciou um outro circuito paralelo, que é esse que agora estamos trazendo ao Rio. Há dois anos, fechamos a parceria, que terá duração de três anos. E nós estamos utilizando a HSBC Arena, que é um palco novo. Essa é a primeira vez que vai ter um evento esportivo desde os Jogos Pan-Americanos.

ME: E essa é a primeira vez que esse circuito vem ao Brasil?

NA: É a primeira vez que ele vem para a América do Sul. No ano passado, eles até estiveram nas Ilhas Caymann, na América Central. Agora, depois que nós fechamos, o México também disse que vai fazer.

ME: E quanto custa trazer essas estrelas todas?

NA: O Rio Champions é um evento mundial. O cara tem de ter passado entre os cinco melhores do mundo, ou ser um jogador campeão ou vice de Grand Slams, ou uma série de outros requisitos. Tem uma premiação de US$ 150 mil (R$ 356 mil) que é dividida por todos, o que deixa o campeão ganha cerca de US$ 50 mil (R$ 118 mil). Ainda tem um pacote de cachês, que está incluindo na organização. O total é de cerca de R$ 2,2 mil.

ME: Qual é a sua expectativa para o evento?

NA: Olha, é a primeira vez que estamos fazendo isso. Nós anunciamos quem vinha muito antes da disputa, e também disponibilizamos a venda de ingressos. O Rio de Janeiro é um mercado que pode atrair muita gente, porque também tem o lado turístico. A gente tem um contrato de três anos do evento. Vamos ter a oportunidade de ver como podemos fazer, e aí vamos crescendo com ele. Mas nós temos sentido um interesse muito grande.

No Brasil, ter mais de 1,5 mil ingressos vendidos para o tênis é algo notável.

ME: E o fato de não ser o primeiro evento do tipo no país faz alguma diferença? Não há uma limitação para esse tipo de ação no mercado brasileiro?

NA: Não. O mercado brasileiro é grande e forte. Se você tem um nome no mercado, existe também o interesse em trazer isso. Você mostra a oportunidade de relacionamentos que o tênis possui, aliada a uma estratégia de lançamento antecipado… Tudo isso ajuda a você ter a oportunidade de realizar eventos assim. Existe um número muito grande de pessoas que gostam de tênis. Se você organizar bem, vai ter uma resposta adequada.

ME: Como vai ser a ativação de patrocínio no Rio Champions?

NA: Olha, nós vamos ter dois projetos sociais que vão permitir a aproximação com os tenistas. A ideia é levar as crianças para a quadra e deixá-las perto dos jogadores. Além disso, tem uma série de eventos que ajudam o pessoal a se animar, como o Ladies Day. Nesse sistema, as mulheres que vão com os maridos e querem jogar um pouco podem fazer clínicas. Elas jogam tênis, depois tomam um banho e vão no museu da H Stern que tem no Rio de Janeiro. Depois, vão almoçar perto do ginásio e encontram um ou dois jogadores. No Kids Day, as primeiras cem crianças que entrarem no estádio receberão camisetas e ficarão próximas dos jogadores.

ME: E as empresas estão participando disso tudo?

NA: Sim. Essa área do Ladies Day, por exemplo, está sendo apoiada pela H.Stern, que também vai dar uma lembrancinha para as participantes. A Citroen ainda vai expor os seus carros. Eles ainda estão vendo se vai poder colocar um test-drive ou não. Mas sabem que vão poder se aproximar do público de nicho. Já a Amil vai mostrar sua ambulância, fazer a cobertura médica. E ainda vai ter um estande demonstrando os seus produtos.

ME: Onde entra a mídia nessa história? Quem transmitirá o Rio Champions?

NA: Nós vamos ter todas as transmissões pelo BandSports, e a Band aberta vai transmitir a final no domingo, às 14h. Hoje, o Sportv ainda está conversando com o BandSports para transmitir alguns jogos. Também teremos a transmissão pelo site da Try Sports, com uma qualidade de imagem muito grande.

ME: A crise está afetando a organização de alguma forma? Financeiramente o resultado vai ser positivo?

NA: Olha, é um início. Não está como a gente gostaria, mas entendemos que é um momento ruim do mercado. Acho que faz parte. Temos a certeza de que o evento vai estar muito bem formatado, e isso, a parte de entrega, é tão importante quanto a parte financeira.

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