Philippe Le Floc’h

A Liga dos Campeões da Europa é hoje uma competição global como a Copa do Mundo. Com jogadores das mais diversas parte do mundo em atuação pelas grandes equipes da Europa, a liga adquiriu o status de principal torneio entre clubes do planeta.

Tamanha importância faz com que hoje a Uefa, organizadora da competição, consiga um status de importância mundial para o futebol muito similar à da Fifa. Só para se ter uma idéia, o valor pago por um patrocinador da Liga à Uefa já chega aos quase US$ 50 milhões (cerca de R$ 90 milhões) anuais, o que faz de sua cota de patrocínio a mais valiosa do futebol.

Neste final de semana, o Rio de Janeiro recebe a primeira ação global de marketing da Uefa relacionada à Liga dos Campeões. Depois de passar por São Paulo, a taça da liga será exposta no Jockey Clube do Rio. A expectativa é de que cerca de 10 mil pessoas estejam na Cidade Maravilhosa para poder tocar o tão cobiçado troféu, que já passou pela Ásia e ainda toma o rumo de Argentina, Chile e México antes de desembarcar em Moscou para a decisão de sua edição 2007/2008.

A promoção, em parceria com a Heineken (um dos seis patrocinadores da Uefa), revela a ambiciosa meta da entidade que governa o futebol europeu: fazer de suas competições as mais desejadas do mundo para, então, gerar ainda mais receita aos clubes e desenvolver ainda mais o esporte no continente.

Esse é o raciocínio apresentado por Philippe Le Floc’h, diretor de marketing e mídia da Uefa. O executivo concedeu entrevista exclusiva à Máquina do Esporte no último dia 15, em São Paulo, quando participou do lançamento da ação com a Heineken.

Apesar de defender a globalização das competições organizadas pela Uefa, Le Floc’h descarta realizar partidas fora do continente e diz que, hoje, o objetivo é sempre ter parceiros comerciais que tenham interesse em estratégias mundiais de comunicação. Para ele, é isso que assegura a penetração mundial dos torneios europeus.

Veja a seguir a entrevista com Philippe Le Floc’h:

Máquina do Esporte: A Liga dos Campeões da Europa é hoje o maior campeonato de clubes do mundo. Por que a Uefa decidiu realizar o tour do troféu? É uma forma de reforçar a importância da entidade no futebol?

Philippe Le Floc’h: O tour não foi criado com o objetivo de mostrar a nossa importância para o mundo, mas sim para agradecer a nossos fãs em todo o mundo. Como você mencionou, a Liga dos Campeões é uma competição européia, mas com alcance mundial. Temos os melhores clubes do mundo que tem ios melhores jogadores vindos de todas as partes do globo: da Ásia, África, América do Sul, América do Norte… E para nossos fãs que não podem ir até a Europa para ver esses jogadores, mas nos segue pela televisão, nos dá todo o suporte, nós damos a oportunidade de ele ver o mais precioso troféu. E o maior ícone da competição é a taça. O propósito do tour é permitir que esses torcedores, dos mais diferentes fusos horários do mundo, possam ver de perto o objeto mais cobiçado do campeonato, já que ele só consegue ver os jogos e os jogadores pela televisão.

ME: Mas é claro que, com essa ação, existe também um impacto para a imagem da Uefa, não?

PLF: Sim, existe um impacto. Mas isso é porque existe a melhor competição de clubes no mundo e nós somos os organizadores dele. Então colocamos o máximo de qualidade para que os clubes possam competir no mais alto nível. E o troféu é para trazer esse sentimento ao torcedor que só pode torcer pela televisão, ele poder tocar na taça.

ME: Há a possibilidade de a ação ser expandida e, em outros anos, envolver também algum jogador?

PLF: Talvez. Nós precisamos estudar isso. Mas a idéia é sempre trazer alguns jogadores. Aqui no Brasil nós estamos com o Bebeto, e infelizmente o Leonardo não conseguiu vir, porque teve de ficar em Paris com o Ronaldo [NR: o ex-meia e atual dirigente do Milan teve de ceder a Bebeto o posto de embaixador do tour após a contusão do atacante milanês]. Nós fizemos no ano passado isso na Ásia e foi muito bem sucedido.

ME: A liga inglesa cogitou levar jogos do campeonato nacional para outros países, numa estratégia parecida com a das ligas americanas. A Uefa planeja algo desse tipo? Fazer um jogo da Liga dos Campeões na Ásia, por exemplo?

PLF: Não. Temos hoje um alcance global, mas sabemos da competência que a Conmebol tem para organizar a Copa Libertadores, ou a Confederação Asiática tem para fazer a Liga dos Campeões da Ásia. Nosso trabalho é para o desenvolvimento do futebol europeu e é dessa forma que vamos trabalhar. Ajudando o crescimento do futebol na Europa.

ME: Quantos países hoje assistem à Liga dos Campeões?

PLF: Nós temos hoje cerca de 90 a 100 parceiros que nos ajudam a vender os direitos em todo o mundo e que nos ajuda a ter um alcance de cerca de 230 países.

ME: A Liga dos Campeões já é mais vista do que a Copa do Mundo?

PLF: É praticamente a mesma coisa. Mas a coisa boa é a seguinte: em qualquer lugar do mundo que você estiver hoje, com um mínimo de aparato tecnológico você consegue assistir à Liga dos Campeões. Seja pela televisão, pela internet ou pelo telefone. E na sua língua pátria. Seja na Ásia, na África, você consegue assistir aos jogos.

ME: E isso gera um bom retorno também a seus patrocinadores…

PLF: Hoje nós temos seis patrocinadores [Heineken, Sony, MasterCard, Vodafone, PlayStation e Ford], o que faz da Liga dos Campeões a competição global mais ?limpa? que há. E com isso conseguimos ter uma ótima entrega comercial para eles dentro de campo e fora também. Além disso são parceiros que pensam globalmente. Para nós não interessa ter um patrocinador que só tem interesse no mercado local. É preciso que a marca tenha uma estratégia mundial. O tour da taça aqui no Brasil é feito em parceria com a Heineken, por exemplo. Nós temos interesse de permitir a nossos patrocinadores que se façam ações para ajudar a promover suas marcas e também a Liga dos Campeões. Quando isso acontece, todos ficam satisfeitos. É importante frisar também que a Uefa trabalha para assegurar o desenvolvimento do futebol. Então tudo o que fazemos é para desenvolver o futebol das categorias de base, os clubes, as entidades nacionais, a educação das crianças. Esse é nosso objetivo final, já que tudo isso reverte no final para a melhoria do futebol.

ME: E houve alguma mudança na maneira de atuar desde que Michel Platini assumiu a presidência da Uefa?

PLF: A maior mudança é porque agora ele é um presidente executivo, que está sempre no escritório e a nosso alcance. Sua plataforma de eleição foi ajudar a família do futebol a se desenvolver ainda mais. E nosso trabalho é, na área de marketing e de venda de direitos de transmissão, fazer isso. Sabendo que sempre o futebol vem antes.

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