Rachid Orra

?Enquanto não temos o nosso Guga, precisamos do apoio de outros ídolos. Nós esperamos que apareça alguém que represente para o golfe tudo o que ele representou para o tênis?. A frase de Rachid Orra, presidente eleito da Confederação Brasileira de Golfe (CBG), dá o tom do que irá nortear seus trabalhos à frente da entidade nos próximos dois anos: a descoberta de novos talentos.

O dirigente rejeita o rótulo de elitista da modalidade. Na contramão dos especialistas, diz que o golfe é até barato, mas que sua popularização esbarra na falta de divulgação e referências.

A saída, portanto, é focar a base para repetir a façanha alcançada pelo tenista catarinense e, conseqüentemente, pelo tênis no Brasil. No golfe profissional, o esforço será para o fortalecimento circuito nacional.

?É um trabalho grande, mas que será feito, sem dúvida. Só assim vamos conseguir desmitificar o golfe?, afirma Orra, que ficará à frente da CBG entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2010.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o novo comandante do golfe brasileiro fala sobre Lei de Incentivo, prioriza a criação de campos públicos, cita a Argentina como modelo a ser seguido e pede mais espaço na grande mídia.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Quando se fala em golfe no Brasil, a primeira palavra que vem à cabeça é elite. Esse é um entrave para que o esporte seja difundido em camadas mais populares?

Rachid Orra: Só é assim aqui no Brasil. No mundo inteiro, o golfe é uma modalidade muito popular. O problema é que aqui o golfe não está presente em muitos lugares, o que acaba criando a idéia de que se trata de um esporte caro, elitista, o que não é verdade. Pelo contrário, é até barato praticar. O primeiro passo nesse sentido aconteceu há alguns anos, quando foi aberto o primeiro campo público no país. Qualquer pessoa pode praticar golfe pagando uma taxa muito baixa.

ME: O número de campos públicos no país, no entanto, é mínimo. Como a nova gestão pretende sanar esse problema?

RO: É verdade, temos poucos campos públicos. Já temos um projeto com a Prefeitura de São Paulo para disponibilizar um campo na cidade. É um negócio que ainda está em fase preliminar, mas que deverá sair do papel. A maior parte desses espaços de baixo custo está em clubes ou em áreas ligadas a resorts, o que dificulta o acesso. Isso é algo que precisa ser mudado. Um bom exemplo a ser seguido é a Argentina.

ME: Rubens Barrichello, Daiane dos Santos, César Cielo e outras celebridades no esporte nacional estiveram, recentemente, em eventos de golfe. A associação com a imagem dessas personalidades também ajuda no processo de massificação do esporte?

RO: Claro. Esse é um outro caminho muito importante a ser seguido. Enquanto não temos o nosso Guga, precisamos do apoio de outros ídolos. É importante para chamar a atenção da mídia, principalmente. Nós esperamos que apareça alguém que represente para o golfe tudo o que ele representou para o tênis.

ME: O golfe, assim como o tênis, é uma modalidade com restrições para ser transmitido na TV aberta. Os canais fechados, geralmente, reservam a maior parte do espaço para exibir campeonatos internacionais. Levar o golfe nacional para a grande mídia é um objetivo para o futuro?

RO: É um problema importante a ser resolvido. Faz muita diferença aparecer na grande mídia. Nós temos programas que transmitem torneios nacionais na ESPN e no Bandsports, mas queremos mais. Temos alguns planos para isso, que serão desenvolvidos ao longo da minha gestão. Queremos divulgar a modalidade na TV com muito mais força. Precisamos aumentar esse espaço. É um trabalho grande, mas que será feito, sem dúvida. Só assim vamos conseguir desmitificar o golfe.

ME: Recentemente, a CBG teve um projeto aprovado para a captação de recursos via Lei de Incentivo para trabalhar o desenvolvimento de novos golfistas. O trabalho com as ?categorias de base? serão intensificados?

RO: Sem dúvida. A gente precisa criar condições técnicas e físicas para que os atletas possam se desenvolver. Precisamos de craques, precisamos de volume de campeonatos. Isso é fundamental para o crescimento do esporte em geral. Foi por isso que apresentamos esse projeto ao Ministério do Esporte. A idéia básica é criar condições para o surgimento de golfistas, precisamos colher pessoas com habilidade em vários estados do Brasil e, depois, promover intercâmbios com centros mais desenvolvidos.

ME: Existe algum outro projeto tramitando no Ministério do Esporte?

RO: Sim. Temos outro projeto voltado para a elaboração de um calendário nacional forte de golfe. Sem volume de torneios não vamos conseguir descobrir um ídolo. O incentivo fiscal propicia a criação de projetos desse tipo, de médio e longo prazo. Quanto mais recursos, mais fácil abrir caminho para novos praticantes. Junto com a divulgação pela mídia, esse é um passo importante para a popularização.

ME: Em dois anos, o que será possível fazer pelo golfe nacional?

RO: Nossa meta é dar prosseguimento ao trabalho já iniciado pelo Álvaro Almeida. A primeira coisa é profissionalizar cada vez mais a gestão do esporte. O golfe é uma modalidade mais complexa, precisa de profissionais cuidando dele. Além disso, vamos dar prioridade aos garotos. Vamos promover uma série de ações voltadas para o público mais jovem. Afinal, eles são o futuro do esporte. Por último, queremos transformar as competições nacionais em um circuito profissional importante. Precisamos entrar na rota do golfe internacional para, quem sabe, termos um grande ídolo e, finalmente, ver o esporte crescendo para outros públicos.

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