Rafael Niro

A área de atuação de agências de marketing esportivo muitas vezes não fica restrita somente ao futebol, ou a modalidades com grande exposição da mídia. O mercado de trabalho neste segmento apresenta também opções em atividades pouco conhecidas do grande público.

É o caso da corrida de aventura, que está presente no Brasil desde 1998 e raramente obtém grande exposição na mídia. O sócio-diretor da Atena Marketing Esportivo, Rafael Niro, é um exemplo de quem assumiu o desafio.

“O marketing esportivo é uma ferramenta que vai além da busca por patrocinadores. É preciso mostrar que as empresas que apóiam essas modalidades podem se relacionar e, até mesmo, gerar negócios entre elas”, explica Niro, que praticamente fez de sua agência a especialista no marketing para esportes de aventura no país.

O executivo conta ainda que a grande saída para quem quer trabalhar com ações envolvendo esses esportes é a criatividade, que ajuda a trazer mídia para o seu produto. Ele cita como exemplo a certificação de carbono neutro obtida pela equipe Selva de corrida de aventura.

Praticante de esportes desde a infância e sócio-fundador da Associação Paulista de Corrida de Aventura (APCA), Niro conta em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte os desafios de se trabalhar com marketing esportivo em modalidades com pouca notoriedade e sem exposição na mídia.

Confira a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Como é trabalhar desenvolvendo projetos para esses esportes de aventura?

Rafael Niro: É um grande desafio, já que se trata de um produto pouco conhecido, mas que tem um grande potencial de desenvolvimento aqui no Brasil. Mesmo tendo um bom produto, a pouca visibilidade dificulta muitas vezes o trabalho nesta área.

ME: Um dos principais motivos que levam empresas a investirem no esporte é o retorno de mídia e o conseqüente aumento de vendas. No caso dos esportes de aventura, há pouca exposição na mídia. Como vencer essas barreiras?

RN: O que os profissionais que trabalham na área precisam mostrar para as empresas são que as ações de relacionamento são oportunidades de novos negócios entre companhias que também apóiam a modalidade. Uma idéia é “abraçar” uma equipe e utilizá-la em ações de relacionamento, endomarketing, lançamento de produtos, etc.

ME: Que outros problemas existem para o marketing esportivo nessas modalidades?

RN: O principal problema para esses esportes é de fato que eles são pouco conhecidos da população em geral. Para trabalhar bem, é necessário ter muita criatividade.

ME: Que formas a Atena já utilizou para superar isso?

RN: Na equipe Selva de corrida de aventura, por exemplo, conseguimos o certificado de carbono neutro. Uma ação simples que trouxe muita mídia, já que é um assunto em evidência. Também trabalhamos com a Federação Paulista de Hóquei (FPH), conseguindo levar alguns apoiadores para eles nos campeonatos estaduais. Outra ação interessante foi com a minha equipe de corrida de aventura, durante o Ecomotion PRO. O nosso carro de apoio era totalmente coberto por adesivos que as pessoas personalizavam, o que nos rendeu uma exposição superior até ao de algumas a equipes de ponta, já que o meu time é intermediário.

ME: Como funciona o marketing dos esportes de aventura em outros países?

RN: O grande objetivo é fazer com que a corrida de aventura no Brasil seja profissional como é nos Estados Unidos e na Europa. Os atletas teriam salários e obrigação de rendimento para participar da equipe. Além, é claro, de participar de todas as ações exigidas pelo patrocinador.

ME: Então, o caminho é a profissionalização?

RN: É uma tendência que acontece com todos os esportes hoje. Até mesmo no futebol, que movimenta milhões, vemos isso acontecer só agora no país. Um exemplo é o São Paulo que saiu na frente e se estruturou para ser profissional. O mesmo deve acontecer com o Corinthians com a atual diretoria.

ME: Quem investe no esporte? Somente empresas que tem esse mercado como nicho?

RN: A maior parte das empresas são focadas em produtos que, de alguma forma, estão ligadas ao esporte. No entanto, aos poucos vão surgindo algumas que não têm ligação direta.

ME: E qual é o potencial de crescimento do esporte?

RN:Por ser pouco conhecida no país, a corrida de aventura esbarra em questões como o alto custo para poder competir. Mas acredito que, com trabalho bem feito e bastante criatividade, podemos desenvolver melhor o esporte.

ME: Por ser um esporte com pouco espaço na mídia, é também uma boa oportunidade para profissionais de marketing se encaixarem no mercado de trabalho?

RN: Pode ser, mas quem estiver interessado precisa entender que enfrentará muita dificuldade, exige bastante conhecimento. Mas, por outro lado, fica claro que existem oportunidades dentro do marketing esportivo que não seja só com o futebol.

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