Renato Hacker

Após cinco anos de experiências, a Speedo, fabricante de materiais esportivos voltados para a prática da natação, encontrou novo modelo de loja física. Mais compacto e econômico, porém dotado dos valores que a marca pretende manter, o estabelecimento será multiplicado, e ir ao Rio de Janeiro é um dos objetivos.

Atualmente, a companhia possui três lojas próprias em São Paulo e outras, instaladas dentro de clubes patrocinados pela marca, espalhadas pela capital paulista, em Santos e em Belo Horizonte. Mais consistentes na natação, essas regiões predominaram até aqui, mas os Jogos Olímpicos de 2016 podem mudar esse cenário.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Renato Hacker, diretor de marketing da Speedo, contou que a cidade-sede do evento esportivo deve receber mais atenção por parte da marca, em função das Olimpíadas. “Com certeza, vamos expandir a atuação para o Rio”, diz o executivo. “Esse é o grande interesse da marca”.

O depoimento foi dado à reportagem na reinauguração da loja própria localizada no Morumbi Shopping, em São Paulo. Na ocasião, participaram do evento Gustavo Borges e Marcelo Negrão, ambos patrocinados pela Speedo. Esses atletas, bem como time de jovens promissores, terão especial papel na expansão física da empresa.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Qual o modelo de negócios adotado nessa loja da Speedo? Franquia?

Renato Hacker: Esse é um modelo novo de loja própria. A Speedo tem três lojas. Essa já existia, mas foi completamente repaginada, para modernizar o conceito de guideline que estamos aplicando em produtos e no geral, no posicionamento da marca.

ME: E qual a diferença desse modelo para o das outras lojas?

RH: As outras lojas são bem maiores, que começaram como flagship no Jardins. Hoje estamos com conceito de loja um pouco mais comercial, agregando mais em produtos, em variedade, mix um pouco maior, com uma loja mais compacta. Mais modernizada, mas primando mais pelo aspecto comercial: vender o produto certo, entender o comportamento do consumidor. A gente teve cinco anos de lojas, digamos, para laboratório e pesquisa de consumo, e aí conseguimos desenhar essa loja.

ME: Estava faltando algo menor, porém em mais lugares?

RH: A gente acredita que o tamanho atende muito bem ao mix que a marca tem. A pessoa se sente à vontade e enxerga todo o range de produtos. Hoje, cabe todas as nossas linhas de maneira agradável nessa loja.

ME: Essa loja deve ser mais barata, mais fácil de replicar.

RH: Também. Não deixa de ser. Mas temos questões muito além da economia de espaço, há questões conceituais, como acabamentos de acrílico, ou seja, não deixamos de primar pelo acabamento, pelo conceito. Mas o espaço, há, sim, economia.

ME: Em relação à questão financeira, digo, deve ser mais fácil conseguir ampliar a rede de lojas com esse novo modelo, não?

RH: Sem dúvida.

ME: Quantas lojas a Speedo tem hoje?

RH: Hoje, são três. Essa foi repaginada, e estamos com intuito de replicar esse conceito de loja.

ME: Quais são os planos? Há prazos?

RH: Não existe plano, com prazos, nem quantidade. Há a certeza de que abriremos mais uma loja em São Paulo, mas ainda não se sabe aonde.

ME: Em shopping, novamente?

RH: Também não temos isso, ainda.

ME: A principal função da loja conceitual é entender o consumidor?

RH: A loja não deixa de ser um grande laboratório para lançar produtos novos. Mais de 80% dos nossos produtos são exclusivos das nossas lojas, e mesmo produtos de outros segmentos, como relógios, óculos e até ortopédicos, vamos testar cada vez mais esses produtos com o consumidor por meio das lojas.

ME: Como as lojas são usadas para ativar os patrocínios ao Marcelo Negrão e ao Gustavo Borges? Como eles entram nesse negócio?

RH: Na loja, temos um mural dos atletas, justamente uma homenagem da Speedo. Desde o desenvolvimento dos produtos até o incentivo que fazemos ao esporte, estamos muito próximos dos atletas. Usamos eles em academias que patrocinamos, em eventos. Alguns atletas, como o Gustavo e o Marcelo Negrão, são os campeões, que já conquistaram em suas modalidades. Depois vêm os atletas que hoje incentivamos, que são atletas de elite, e depois abrimos um programa para atletas do futuro. Em 2016, serão esses atletas de hoje. Um programa muito sério que estamos pegando no Brasil todo esses atletas para fazer o future team. E também o Speedo Coach, time de treinadores que se destacam.

ME: Como vocês escolhem os atletas patrocinados pela Speedo?

RH: Estudamos esses jovens para ver se eles têm estrutura familiar, e também empenho, para atingir resultados importantes. O Brasil terá Jogos Olímpicos, então temos de pensar nisso.

ME: Qual a influência das Olimpíadas nessa busca?

RH: Total. Estamos patrocinando o future team com esse estímulo.

ME: Existe a expectativa por medalhas? Há essa imposição?

RH: Não há. Levamos muito a sério o estímulo ao momento do atleta. Se a família o ajuda, se ele quer se tornar vencedor, a Speedo dá algo a mais para ele deslanchar.

ME: Como vocês estão ativando esses patrocínios? Você fazem publicidade com eles?

RH: Hoje, na verdade, existem muitas ações. Patrocinamos a CBDA, a seleção brasileira. Os atletas participam do desenvolvimento dos produtos. Eles participam muito para que consigamos entender as necessidades, quase como um selo de qualidade. Hoje, na inauguração da loja, eles simbolizam esse nova loja.

ME: Mas em relação à ativação, propriamente, o que é feito?

RH: Muita publicidade. Há muita mídia espontânea. Anúncios em revista, mídia impressa. Fazemos update semanal de eventos com esses atletas no site. Na loja há tela com todos os produtos que eles preferem e indicam. Nas provas que patrocinamos, que são muitas, também fazemos algum tipo de ativação.

ME: Em relação aos clubes, vocês patrocinam o Minas e o Pinheiros…

RH: E o Unisanta. São os três melhores clubes, praticamente.

ME: Como vocês envolvem os clubes nesses projetos?

RH: Em alguns clubes que temos patrocínio, como o Paineiras, por exemplo, os associados têm desconto. Quer dizer, é um benefício para quem é sócio dos clubes, nas lojas. Isso é algo que pode ser feito mais vezes no futuro.

ME: Até porque o público desses clubes tem bom poder aquisitivo.

RH: Exato. Também temos lojas dentro do Pinheiros, dentro do Minas, com produtos Speedo. No caso do Minas, não tem lojas em Belo Horizonte, mas temos parceria com logista do Minas para colocar nossos produtos para os associados deles.

ME: O Minas tem um projeto até 2016 de atletas de elite na natação, patrocinado pela Fiat. A Speedo está nesse negócio?

RH: Estamos. A gente entrou um pouco depois da Fiat. Eles estão há muito tempo. A Speedo entrou nessa, e a vontade é perpetuar a longevidade dessas parcerias.

ME: Vocês pretendem ficar em São Paulo e em Minas, ou há planos de expansão, em termos de lojas?

RH: Depende muito. Estamos em Santos, em Belo Horizonte, em São Paulo, e há uma tendência em ficar em São Paulo por nossa sede estar lá. Se nossa sede estivesse no Rio de Janeiro, talvez tivéssemos mais força lá. Mas temos interesse em crescer no Rio de Janeiro por meio de algumas parcerias. Temos parcerias com academias em São Paulo, e isso poderia acontecer também no Rio de Janeiro.

ME: O Rio será foco de muita coisa.

RH: Muita coisa. Com certeza, a Speedo irá expandir a atuação para o Rio de Janeiro. Esse é o grande interesse da marca.

Sair da versão mobile